Durkheim, Weber e a Ruptura com o Senso Comum na Sociologia
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Durkheim e Weber: Perspetivas sobre o Estudo dos Fenómenos Sociais
Émile Durkheim: O Fato Social
Durkheim entendia que os fatos sociais forneciam a matéria-prima da sociologia.
Características do Fato Social Segundo Durkheim
As características principais do facto social, segundo Durkheim, eram:
- Exterioridade: As condutas individuais são determinadas pelos fatos sociais que envolvem os indivíduos.
- Coercividade ou Coercibilidade: As maneiras de agir, pensar e sentir são impostas pela sociedade, não dependendo da vontade individual, sendo imutáveis no tempo e no espaço (não se pode fugir à regra).
- Relatividade: Variam de sociedade para sociedade ou ao longo do tempo dentro da sociedade.
O Estudo do Suicídio
Durkheim realizou o estudo sociológico sobre o suicídio, concluindo que este é mais frequente nas pessoas solteiras do que nas casadas, nos protestantes do que nos católicos, nas sociedades modernas do que nas sociedades tradicionais e em tempos de crise política e económica. Chegou à conclusão que existem forças sociais externas ao indivíduo que influenciam as taxas de suicídio (grau de integração dos indivíduos na sociedade).
Max Weber: A Ação Social
Weber colocou-se num plano distinto do de Durkheim, alargando a perspetiva sociológica ao introduzir o conceito de ação social. Ao passo que Durkheim privilegiava as regularidades duradouras que se verificam nos fenómenos sociais, Weber afirmou o caráter singular e único desses fenómenos. Empenhou-se em compreender e interpretar o sentido da ação social através das suas configurações históricas. O indivíduo pode alterar mentalidades e, portanto, o rumo da sociedade com a sua conduta intencional.
Conhecimento Científico vs. Senso Comum
A Natureza do Senso Comum
O conhecimento prático, ou subjetivo, é designado como conhecimento do senso comum (caracterizado pelas tradições, provérbios, costumes, etc.). O senso comum é, então, o conhecimento vulgar e prático com que no quotidiano orientamos as nossas ações e damos sentido à nossa vida.
A Evolução do Conhecimento Científico
A evolução do conhecimento científico, nomeadamente o que se refere às ciências naturais e exatas, veio pôr em causa muitas crenças do senso comum. Sabemos hoje que a Terra gira em volta do Sol, e não o inverso, e que os relâmpagos são fenómenos relacionados com descargas elétricas e não com a fúria dos deuses.
O conhecimento científico, através da criação e do desenvolvimento de métodos de observação rigorosos e controlados, permitiu esclarecer as causas de diversos fenómenos naturais e, inclusivamente, prever e controlar alguns deles.
Obstáculos à Ciência Sociológica
Se considerarmos que o conhecimento de senso comum se baseia no aparente, no subjetivo e em explicações simplistas, facilmente se percebe que qualquer cientista social ou sociólogo deve ultrapassar estas noções redutoras e procurar ver para além do óbvio. Para que o sociólogo possa observar e questionar a realidade social numa perspetiva científica, não pode deixar de romper com o conhecimento do senso comum. O sociólogo deve manter uma atitude de vigilância constante e relativizar o seu conhecimento prático sobre a realidade durante a produção do conhecimento científico.
Familiaridade com o Social
São vários os obstáculos que o senso comum coloca ao trabalho científico. Quanto mais próxima está a sociologia da realidade que pretende analisar, maior é o risco de enviesamento da pesquisa e mais difícil é o processo comum, porque mais forte é a ilusão de transparência do social. A familiaridade com o social dificulta o seu questionamento e, logo, a sua análise científica, na medida em que a realidade se nos apresenta de forma ilusoriamente transparente e óbvia.