Economia Brasileira: De Jânio e Jango ao Milagre (1961-1973)
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Os Governos Jânio Quadros e João Goulart (1961-1964)
Jânio Quadros assumiu com as promessas de "varrer" a inflação e a corrupção (legados deixados por JK).
Medidas Econômicas de Jânio Quadros
Buscando solução para os problemas macroeconômicos deixados por JK, Jânio lançou medidas, como:
- Forte desvalorização cambial e unificação do mercado de câmbio.
- Contenção de gastos públicos.
- Política monetária contracionista.
- Redução de subsídio à importação de petróleo e trigo.
As medidas foram bem recebidas pelos credores do Brasil e pelo FMI, garantindo significativo reescalonamento da dívida externa brasileira que venceria entre 1961 e 1965, bem como a obtenção de novos empréstimos nos Estados Unidos e Europa. Tudo indicava que, se não possuía um conjunto de metas de desenvolvimento econômico à la JK, Quadros tinha, ainda que difusa, uma estratégia global para os seus cinco anos de mandato. Esta previa para o ano de 1961 o esforço de estabilização doméstica e a recuperação do crédito externo, ao qual se seguiria a retomada, em novas bases, do crescimento, contando com a contribuição decisiva dos capitais estrangeiros, oficiais e privados.
Jânio renunciou após apenas 7 meses de governo (31/01/1961 a 25/08/1961).
A Posse de João Goulart e o Parlamentarismo
Com a renúncia de Jânio, **João Goulart** (Jango) assumiu, porém, o regime foi alterado para o parlamentarismo, diminuindo seus poderes. Isso permitiu que Goulart tomasse posse como presidente da República, como forma de tranquilizar os setores mais conservadores, temerosos quanto à forma que poderia assumir a política econômica sob João Goulart — tido como populista e excessivamente favorável aos trabalhadores.
Crise Externa e Política Externa Independente
Não foi conseguida a renegociação de prazos para o pagamento da dívida externa. A pouca receptividade do governo dos Estados Unidos ao pleito brasileiro deve ser creditada, também, a seu descontentamento com a chamada **Política Externa Independente**, praticada pelo Brasil. Iniciada ainda no governo Jânio Quadros, essa política manifestou-se, entre outras coisas, na aproximação do Brasil com Cuba e outros países socialistas, no apoio ao anticolonialismo na África e à discussão, na ONU, sobre o ingresso da República Popular da China naquela organização.
O ano de 1961, apesar do leve aumento nas exportações, foi marcado por dificuldades: o PIB cresceu 8,6%, mas a inflação atingiu 47,8% (aproximadamente 17% a mais que em 1960).
O Plano Trienal (Celso Furtado)
O **Plano Trienal** (elaborado pela equipe de Celso Furtado) foi lançado em um contexto de queda do PIB para 6,6% e agravamento da inflação, que atingia 100% anualizado.
O Plano Trienal tinha como objetivo gerir o crescimento com reformas sociais e combater a inflação. Seus objetivos específicos incluíam:
- Crescimento do PIB.
- Redução da inflação.
- Crescimento real dos salários.
- Reforma agrária.
- Renegociação da dívida externa.
Havia ênfase na industrialização, pela substituição da importação, para enfrentar a crise econômica.
Em março de 1963, uma missão em Washington para tentar renegociar as dívidas foi negada, e o Brasil perdeu 40% do capital externo. Diante do fracasso, J.G. abrandou os planos propostos, restituiu os subsídios ao trigo e petróleo e reajustou o salário mínimo em 56%.
O lance final da tragédia veio com o **Golpe Militar de 1964**.
Reforma, Endividamento Externo e o "Milagre" Econômico (1964-1973)
O período de 1964 a 1973 teve duas fases distintas:
- Primeira Fase (1964-1967): Ajuste e Estabilização
Caracterizada pelo ajuste conjuntural e estrutural da economia, visando combater a inflação, o desequilíbrio externo e a estagnação econômica. Neste período, foi implementado o **PAEG** (Plano de Ação Econômica do Governo), um plano para estabilizar preços. O PIB cresceu razoavelmente (4,2%).
- Segunda Fase (1968-1973): O Milagre Brasileiro
Caracterizada por uma política monetária expansionista e por um vigoroso crescimento da atividade econômica (média de 11,1%), acompanhado de gradual redução da inflação e do desequilíbrio externo. Estas condições justificam o nome **"Milagre Brasileiro"** dado a este período.