Economia, Sociedade e Cultura na Espanha do Século XVI
Classificado em História
Escrito em em português com um tamanho de 4,8 KB
Demografia e Impacto da Inquisição
Durante o século XVI, a Espanha experimentou um crescimento populacional, apesar da emigração para a América. No século XV, Castela tinha 5 milhões de habitantes, Aragão 800.000 e Navarra 120.000. A maioria da população era rural. A população hispânica diminuiu no final do século XV devido à expulsão dos judeus, à saída dos mouros de Granada, à emigração para a América, a epidemias e à fome.
O aumento da população durante o século XVI foi afetado por:
- A Peste: Epidemias ocorreram em 1507, 1527-1530, 1565-1566 e 1569-1602. Foram menos intensas do que no século XVII, exceto a última (cerca de 600.000 mortos).
- A Fome: Não como causa direta da morte, mas como fator que enfraquecia a população, tornando-a vulnerável a doenças.
- As Guerras: Apesar do potencial letal das armas, eram frequentes e dificultavam o crescimento econômico.
O crescimento econômico ocorreu devido ao aumento populacional e, principalmente, à exportação para a América. Terras foram convertidas em áreas de cultivo de cereais, vinhas e olivais. O setor naval experimentou um boom quantitativo, mas não qualitativo. O comércio foi impulsionado, mas o poder da Mesta impediu melhorias na agricultura.
O afluxo de ouro e prata da América na segunda metade do século provocou a Revolução dos Preços. A abundância de dinheiro sem melhorias na produção resultou em produtos mais caros e de qualidade inferior aos europeus. Grande parte desse dinheiro foi para comerciantes estrangeiros.
Outros fatores que impactaram a economia foram:
- Falta de investimento em ativos produtivos (melhorias técnicas na agricultura e artesanato).
- Gastos com bens de luxo, geralmente importados.
- Dívidas da coroa para a manutenção do Império.
Renascimento Cultural
O Renascimento Cultural Espanhol pode ser dividido em três etapas:
- Abertura com os Reis Católicos e Cisneros.
- Transição com Carlos I e início do reinado de Filipe II.
- Fechamento cultural com Filipe II.
Em 1480, os Reis Católicos liberalizaram a impressão de livros, resultando em um grande influxo de obras estrangeiras. O Erasmismo tornou-se a ideologia dominante, apoiada pela monarquia. Com Carlos I, a abertura às tendências europeias facilitou a chegada do humanismo. Cisneros fundou a Universidade de Alcalá e apoiou o humanismo. Houve um aumento no número de universidades, mas sem melhoria na qualidade.
O Humanismo, movimento estético, filosófico e religioso, afirmava o valor das características humanas:
- Retorno ao mundo clássico e ao latim.
- Individualismo e nova visão religiosa: o homem como centro.
- Natureza como reflexo de Deus. Interesse em ciências naturais e observação humana.
- Experimentalismo e explicação dos fenômenos. Renovação em filologia, política, historiografia e pesquisa.
Na Península Ibérica, destacam-se Francisco de Vitoria e seus discípulos, Domingo de Soto e Melchior Cano, além de Francisco Suárez e o Padre Mariana. O renascimento literário é representado por Boscán e Garcilaso de la Vega, Fray Luis de León, São João da Cruz, Santa Teresa de Jesus e o romance picaresco.
A Inquisição e suas Consequências
A partir de 1527, a Inquisição perseguiu grupos acusados de heresia. Filipe II fechou o país às influências europeias, restringindo a circulação de livros e o contato com estrangeiros. A Inquisição, criada para testar a sinceridade das conversões de judeus e mouros, tornou-se um instrumento político da monarquia. Atuou contra a heresia, o Erasmismo, o luteranismo, a feitiçaria e outros assuntos relacionados à fé e à moral.
A Inquisição prejudicou a cultura, criando um ambiente de medo e censura. O Index Librorum Prohibitorum limitou o acesso à ciência e ao pensamento europeu. A Inquisição foi abolida em 1813, restaurada por Fernando VII e finalmente extinta em 1834.
Socialismo Marxista
As doutrinas de Marx definem a luta política como uma luta de classes entre a burguesia e o proletariado. A apropriação do excedente pelo capitalista é a base dos lucros, levando à exploração dos trabalhadores e à concentração de riqueza. A consciência de classe do proletariado leva à luta de classes. A propriedade capitalista deve ser destruída pela tomada do poder político, seja pela força (revolução) ou pela via política.
Após a tomada do poder, seria implementada a ditadura do proletariado para transformar a sociedade em uma sociedade sem classes (socialista). A participação na vida política e sindical visa obter melhorias para os trabalhadores.