Educação Infantil: Currículo, Métodos e Pedagogias
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RD 1630/2006: Currículo para o Segundo Ciclo da Ed. Infantil
O Real Decreto 1630/2006, de 29 de Dezembro, estabelece os currículos para o segundo ciclo da Educação Infantil.
Preâmbulo do RD: Características do Segundo Ciclo
Resumo das características gerais do segundo ciclo de pré-escola.
Art. 1º: Princípios Gerais
Princípios gerais.
Art. 2º: Objetivo
Objetivo.
Art. 3º: Objetivo
Objetivo.
Art. 4º: Áreas
Áreas.
Art. 5º: Conteúdo Educativo e Currículo
O conteúdo educativo e o currículo.
Art. 6º: Currículos para o Segundo Ciclo
Os currículos para o segundo ciclo da criança.
Áreas Curriculares da Educação Infantil
ÁREAS DOS DOIS CICLOS DA ETAPA DA INFÂNCIA: Conhecimento de si e autonomia pessoal; Linguagem e conhecimento do ambiente: Comunicação e Representação.
Blocos de Conteúdo por Área
Conhecimento de Si e Autonomia Pessoal
Bloco 1: A imagem corporal e o eu: (Inclui: imagem corporal, o sentido, o conhecimento de si mesmo e sentimentos e emoções)
Bloco 2: Jogo e movimento: (Inclui: controle do corpo, coordenação motora, orientação temporal e espacial, e jogo e atividade.)
Bloco 3: Atividade e cotidiano.
Bloco 4: Cuidados pessoais e de saúde.
Conhecimento do Ambiente
Bloco 1: O ambiente físico: elementos, relações e ação (Inclui: ambiente físico: elementos, relações, número, medição e medida)
Bloco 2: Proximidade com a natureza: (Inclui os seres vivos: animais e plantas, os elementos da natureza e da paisagem).
Bloco 3: Cultura e vida social. (Inclui os primeiros grupos sociais: família e escola, localidade e cultura).
Linguagens: Comunicação e Representação
Bloco 1: Linguagem verbal: audição, fala e conversação. (Inclui iniciativa e interesse em participar na comunicação oral e formas socialmente construídas); abordagem à linguagem escrita (incluindo o desenvolvimento da aprendizagem de leitura e escrita dos recursos da linguagem escrita); e uma abordagem à literatura.
Bloco 2: As tecnologias da linguagem audiovisual e da informação e comunicação.
Bloco 3: Linguagens artísticas (incluindo a expressão artística e expressão musical).
Bloco 4: Linguagem Corporal.
Educação Formal e Não Formal
A educação formal é o que é ensinado no ensino obrigatório ou não. Abrange cada uma das etapas, do jardim de infância até a faculdade. A educação não formal abrange todas as atividades com conteúdos educativos organizados fora do sistema escolar.
Elementos Curriculares Essenciais
O que ensinar? Objetivos (competências que se pretende que a criança desenvolva) e conteúdos que podem ser adquiridos para desenvolver as capacidades.
Quando ensinar? Sequência de objetivos e conteúdos. Ordenada e sequenciada (conteúdo) com base no seu desenvolvimento evolutivo.
Como ensinar? Metodologia.
O quê, como e quando avaliar? Avaliação.
Níveis de Concretização Curricular
Um currículo deve ser dinâmico e adaptável a qualquer situação e momento. O currículo deve orientar a prática educativa.
O Design Curricular é o projeto que regulamenta atividades educacionais e fornece informações específicas sobre as intenções educativas e a sua aplicação concreta. O currículo assume a forma de ação educativa.
O Desenvolvimento Curricular é a implementação deste projeto com as necessárias adaptações, modificações e enriquecimento, o que implica que um projeto abrangente deve ser adaptado à realidade de cada grupo e de cada aluno. Assim, a avaliação é parte do desenvolvimento curricular como um mecanismo de adaptação contínua.
O modelo atual de currículo é um currículo aberto (adaptável).
- Atribui grande importância ao papel do educador na promoção da autonomia e iniciativa própria.
- Respeita as especificidades e o contexto educacional do estudante.
- Define os diferentes elementos de forma geral, para permitir ajustes sucessivos (realizados constantemente pelo professor) à medida que o processo se desenrola. Dá mais importância ao processo ensino-aprendizagem do que aos resultados.
O currículo é articulado em níveis sucessivos de detalhe, do geral para o mais específico.
Primeiro Nível: Nível Nacional/Autonômico
Aspectos obrigatórios, sugestões e orientações sobre os objetivos da educação escolar e estratégias de ensino mais adequadas. É desenvolvido pelo MEC (Ministério da Educação e Ciência) e pelas Comunidades Autônomas, que desenvolvem as suas competências na educação através de Decretos Curriculares. Este nível corresponde ao projeto. Leis e Decretos Reais.
Segundo Nível: Projeto Educativo do Centro
Início do desenvolvimento curricular. O currículo é uma adaptação às características de cada centro, das crianças e do contexto socioeconômico e cultural. Este nível é chamado de Projeto de Educação LOE e os horários incluídos no centro.
Terceiro Nível: Programação de Sala de Aula
A adequação do projeto educativo às necessidades e características de um grupo de crianças. Este nível é denominado Programação de Sala de Aula. A essência da programação relaciona-se com as configurações do CENTRO.
Finalidades e Objetivos da Educação Infantil
A Educação Infantil tem como objetivo promover e fortalecer as possibilidades de desenvolvimento das crianças e proporcionar-lhes as competências, habilidades, hábitos e atitudes que podem ajudar a tornar mais fácil a adaptação para a etapa seguinte.
Assim, a Educação Infantil quer que a criança desenvolva habilidades nas seguintes áreas:
- ÁREA MOTORA: Para controlar seu corpo espaço-temporalmente.
- CAMPO COGNITIVO E LINGUÍSTICO: Proporcionar o acesso da criança a uma representação crescente e ordenada da realidade objetiva. Incentiva o uso da linguagem como um instrumento para a discussão, comunicação e planejamento.
- ÂMBITO DO EQUILÍBRIO PESSOAL E EMOCIONAL: Pretende-se que as crianças desenvolvam sentimentos positivos em relação a si mesmas e para com os outros.
- ÂMBITO DAS RELAÇÕES: Ajudar a desenvolver a identidade de cada criança e a estabelecer relações positivas com os que a rodeiam.
- CAMPO DE ATUAÇÃO E INSERÇÃO SOCIAL: Facilitar a sua integração na sociedade, sua cultura, e ser um membro ativo dos grupos sociais a que pertence.
Estrutura Curricular: Ciclos da Ed. Infantil
A Educação Infantil é dividida em dois ciclos diferentes. A divisão em dois ciclos (0-3 e 3-6 anos) é psicologicamente aceitável, pois a criança de 3 anos é mais autônoma, controla melhor seu corpo, seus relacionamentos, expressa-se através da linguagem e compreende melhor.
É também conveniente esta divisão em dois ciclos, porque há razões sociais e estruturais que fazem essa distribuição contribuir para racionalizar e regular o sistema de ensino a este nível, atendendo à demanda social de educação para crianças menores de 6 anos.
Existem também questões metodológicas e de organização escolar no que respeita à distribuição e otimização dos recursos materiais e humanos.
Cada ciclo é organizado em torno de um conjunto de características das crianças que podem apresentar alguma diferenciação e ajustar os elementos principais do currículo (objetivos, conteúdos, métodos...).
Maria Montessori e seu Método
Criou as 'Case dei Bambini' (Casas das Crianças). Atribui grande importância à estética. É importante apresentar aos alunos os materiais de uma forma atraente para convidar à atividade.
A força física e a autonomia intelectual das crianças, que, livremente, escolhem o trabalho que desejam. Os materiais estão ao seu alcance.
A criança precisa de liberdade e autonomia, mas deve haver limites para lhe permitir expressar essa liberdade sem prejudicar os outros. O ensino Montessori favorece o autocontrole.
O método Montessori de ensino é baseado na aprendizagem sensorial. Parte da manipulação e da experimentação.
Fundamentos do Método Montessori
Puerocentrismo
A criança é um ser particular, diferente do adulto. Na necessidade de amor. Afirma que é essencial a observação contínua da criança e o amor pelo afeto. A criança é o agente principal de seu método: ela decide e é responsável por seus atos.
Atividade
A criança é ativa. O movimento é essencial na formação da criança. O movimento afeta o físico e a alma. A atividade permite ao homem se relacionar com o exterior.
Autoeducação
É importante não impor muitos slogans sobre o que as crianças devem ou não devem fazer. As crianças devem ser verdadeiras protagonistas de sua aprendizagem e os professores devem orientá-las, permitindo-lhes decidir e controlar.
Ambiente Preparado
Elemento importante das atividades educativas, pode agir positiva ou negativamente, por isso devemos ter cuidado. Defende um ambiente individualizado, flexível e ativo. Propõe eliminar carteiras individuais fixas viradas para o professor, o palco... e unir diversas mesas e cadeiras na altura das crianças.
A organização deve permitir todos os tipos de aprendizagem: atividades de vida diária, atividades disciplinares. O espaço é estabelecido em áreas distintas: locais de jogo, armários de limpeza, materiais educativos sensoriais...
Papel do Professor
Papel do organizador de um ambiente rico, agradável e estimulante. Preparar o ambiente e os materiais para as crianças agirem por si mesmas. Ser um guia que direciona a atenção das crianças e as encoraja a trabalhar sozinhas.
Ordem e Organização
Fundamental é uma atmosfera amigável. Assegura que os objetos usados tenham um local preciso e acessível.
Materiais Montessori
Devem corresponder à sua inteligência. Se os materiais interessam à criança, ela os repete. Seus materiais devem ter características comuns:
- Estruturados: recursos materiais que ajudam a controlar a mente, a entender as coisas e que lhes dão segurança na sua aprendizagem.
- Atraentes: estéticos, que despertem o interesse e o cuidado da criança.
- Resistentes: duráveis. Para que as crianças possam manuseá-los sem medo de danificá-los.
- Autocorretivos: Permitem que a criança verifique o erro por si mesma. As crianças repetem o exercício para fazê-lo corretamente. Isso promove o sucesso, não o fracasso.
Tipos de Exercícios
São de dois tipos:
- Exercícios práticos da vida: contribuem para a unidade do ensino em tudo. Envolvem o cuidado pessoal. Através deles, a criança aprende a se vestir, despir, limpar, arrumar a mesa, regar plantas...
Têm o mérito de serem feitos voluntariamente pelo aluno, incentivados pelo professor com a recompensa de satisfação pessoal e trabalho útil bem feito. Os materiais para estes exercícios são máquinas para apertar e desapertar, manuseio de objetos de uso diário, como pentes e itens de higiene...
- Exercícios Sistemáticos: Entre eles, distinguem-se os exercícios para a educação dos sentidos e da inteligência e exercícios destinados a preparar a aprendizagem da escrita, leitura e aritmética.
Exercícios Sensoriais
Necessitam de material específico, que consiste em uma série de objetos caracterizados por:
- Serem agrupados de acordo com o isolamento de uma qualidade (cor, peso,...).
- Mostrarem a mesma qualidade, mas diferirem em grau.
- Apresentarem gradação em suas extremidades, com o elemento máximo e mínimo da série representando a diferença mais visível, ou seja, o elemento oposto.
Os exercícios sensoriais são realizados mediante a apresentação do material, com o que é chamado a lição dos três tempos:
- Associar a percepção ao nome. Reconhecimento visual e tátil.
- Reconhecer o objeto que corresponde ao nome ou à qualidade definida pelo professor.
- Nomear o objeto ou atributo que o professor indica.
Os materiais para os exercícios sensoriais Montessori são para o sentido óptico, o tato, o paladar, o olfato, a audição; e depois temos outros materiais de leitura para a alfabetização e matemática: os números, as quantidades, caixas...
Ovide Decroly e a Escola para a Vida
Criou a ESCOLA PARA A VIDA E PELA VIDA e fundou lares para crianças órfãs de guerra. Decroly e M. Montessori têm coisas em comum; ambos começaram a trabalhar em medicina e se aprofundaram na psicologia e pedagogia de crianças com deficiência mental. Ambos trabalharam em um ambiente idêntico, com conhecimento das crianças e incentivo à atividade espontânea.
Eles diferem: Decroly prefere a educação intelectual que prevalece sobre a forma e o conteúdo, enquanto M. Montessori foca na educação sensorial e em material fabricado que, às vezes, pode ser rígido.
Decroly desenvolve uma educação mais natural e utiliza todos os meios à sua disposição.
Fundamentos do Método Decroly
Globalização
O pensamento da criança percebe o todo, não as partes isoladas. É influenciado pela Gestalt, que determina que a percepção é feita pelo conjunto de coisas. A percepção inicial é do simples para o complexo. Primeiro o todo, depois as partes.
Interesse
As crianças só aprendem o que lhes interessa e deixam o que não interessa; os interesses das crianças nascem de suas necessidades. O professor observa as necessidades dos alunos e as define como objeto de estudo.
Centros de Interesse
Respondem à globalização e ao interesse. O foco está nas unidades de programação que conectam globalmente todas as áreas de aprendizagem em torno de um tema central ou tema de interesse para os alunos, pois é fruto de suas necessidades. Estas necessidades incluem: alimentação, luta contra os elementos, defesa contra riscos, agir, trabalhar, descansar, brincar e desenvolver-se.
Os centros de interesse eram flexíveis, adaptando-se à atenção e curiosidade das crianças. O programa não previa um conteúdo fixo, mas sim uma previsão de atividades essenciais: ofício, classificação, cuidado de animais, jardinagem.
Atividade Espontânea
Decroly valoriza a atividade espontânea da criança. Não inibir a atividade espontânea do aluno é uma grande preocupação para ele. Para Decroly, a educação deve ser baseada na atividade das crianças, em sua capacidade inata de investigar e descobrir. Defendeu que, para se ter uma escola ativa, o professor não deve tentar reduzir a aprendizagem a abstrações indisponíveis para a compreensão da criança. Busca que a aprendizagem tenha valor funcional para a criança.
Aprendizagem no Método Decroly
Tendo em conta o princípio da atividade espontânea e a orientação mental para a globalização dos conteúdos, Decroly baseia o processo de aprendizagem em três atividades principais:
- OBSERVAÇÃO: O contato direto da criança com os objetos através dos sentidos e da experiência.
- ASSOCIAÇÃO: Atos no espaço e no tempo, não sobre questões diretamente acessíveis, através da intuição e conectando as partes adquiridas por observação com dados e memórias que levam à formação de ideias gerais.
- EXPRESSÃO: Demonstração do conhecimento, expressão de emoções através da linguagem, expressão musical e artesanato.
Decroly distingue dois processos de aprendizagem: o direto, utilizado no estudo de metas alcançáveis pelos sentidos e pela experiência; e o indireto, através de lembranças e imaginação.
Relação Escola-Sociedade
Para ele, é essencial abrir as escolas ao exterior. Seu lema é "Educação para a vida através da vida." A escola tem que preparar a criança para a vida moderna das crianças que vivem em sociedade. Sua pedagogia promove atividades que permitem que as crianças se adaptem ao ambiente em que vivem.
O ambiente é uma fonte inesgotável de informação e conhecimento, grande parte dele fora da escola, através de passeios, excursões e oficinas.
Ambiente de Aprendizagem
Para ele, é importante criar um clima de confiança e aceitação para que os alunos expressem sua personalidade num ambiente pouco rígido, e que a organização dos horários e programas seja flexível, de modo a não retardar a iniciativa espontânea e a criatividade da criança.
Observação dos Alunos
A observação contínua é essencial para a compreensão adequada da criança, sua personalidade, suas aspirações... para satisfazer as suas necessidades. Precursor da observação do desenvolvimento físico e mental.
Diversidade e Grupos Homogêneos
Defendeu a diferenciação dos alunos de acordo com suas características e a adequação dos objetivos às suas capacidades. Acreditava que as escolas deveriam ser realistas, cultural e socialmente. Acreditava que o desempenho melhoraria se os alunos fossem classificados em grupos homogêneos de acordo com sua capacidade mental.
Método Ideovisual
Importância de ativar todos os sentidos. Ele criou este método para o ensino da leitura e da escrita. De acordo com ele, a criança lê a frase inteira com mais facilidade porque ela tem um significado e pode armazenar mais de uma ideia mental. Seu sistema de aprendizagem é global... começa com a frase para depois analisar os elementos que a compõem.
Materiais e Brinquedos Educativos
Usa o material do ambiente e propõe que as crianças realizem diferentes explorações.
Estrutura tipos de jogos educativos em grupos: percepção visual, coordenação motora e auditiva, kits de iniciação à aritmética, outros para noções de tempo, introdução à gramática, leitura e compreensão da linguagem.
Características Gerais da Educação Infantil
Esta etapa é importante por três razões:
- O centro infantil contribui para o desenvolvimento da criança. Portanto, é essencial organizar adequadamente as atividades e interações, oferecendo oportunidades, materiais e ambientes que estimulem o desenvolvimento através de um processo de aprendizagem corretamente direcionado.
- Anteriormente, a estimulação era realizada na família, através de contatos e experiências com colegas, a natureza, a rua... Atualmente, devido à incorporação das mulheres ao trabalho e às mudanças nas condições de vida, exige-se que outras instituições colaborem com a família, compartilhando e complementando sua função educativa.
- O centro infantil compensa as lacunas e os desajustes que se originam nas diferenças do ambiente cultural e socioeconômico. Maximiza e incentiva as habilidades das crianças e desempenha um papel na prevenção de possíveis dificuldades que se manifestam em fases posteriores da educação.
Na Educação Infantil, deve haver muita coordenação sobre objetivos, conteúdos e métodos para garantir a adaptação e continuidade, e para evitar interrupções no acesso à educação obrigatória.
Características Psicopedagógicas da Criança
- Estamos em uma fase de desenvolvimento em que a globalidade da criança está presente. A criança se desenvolve de forma abrangente.
- Neste momento, os fundamentos de toda a estrutura e dinâmica pessoal do sujeito são estabelecidos em torno dos temas centrais do desenvolvimento da criança: 1. A relação eu-eu, da qual emerge o conceito de si; 2. A relação eu-tu, eu-outros, da qual emerge um sentimento de segurança e que proporciona o autoconceito e a autoestima; e 3. A relação eu-meio, com importantes implicações no desenvolvimento motor, no pensamento e na operação das coisas... O objetivo final é um processo de configuração da identidade.
- A identidade não se constrói espontaneamente. É uma aprendizagem que surge a partir das experiências vividas pelo sujeito. Todos esses processos são inter-relacionados e interdependentes. O modo de ser de cada criança e suas experiências de vida são direcionados para a psicopedagogia infantil.
- A educação é essencial para estabelecer as condições necessárias para que tais estruturas profundas de sua personalidade sejam devidamente elaboradas. Trabalha-se em determinadas áreas comportamentais e segmenta-se os destinatários das intervenções específicas. Enriquece a criança, fornecendo-lhe recursos novos e melhores para manobrar e agir como componentes instrumentais que lhe permitem reforçar sua identidade.
As atividades de aprendizagem não podem ser compreendidas ou abordadas de forma isolada do escopo mais amplo da identidade do sujeito. É por isso que o desenvolvimento do currículo da criança é criado a partir de um modelo global e integrado.
Movimento da Escola Nova
É um movimento muito diverso do final do século XIX e consolidado no século XX. Reúne pensadores, educadores e psicólogos de muitas tendências diferentes, mas que têm em comum:
- Acreditar na criança (eixo central) como um ser capaz e cheio de possibilidades.
- Buscar novas estratégias para a organização da escola e do ensino.
- Investigar para chegar a uma compreensão mais profunda da criança e descobrir novas técnicas de intervenção educativa.
Também chamada de Escola Ativa, porque se opôs à escola tradicional, onde as crianças passam o dia sentadas e quase exclusivamente a ouvir o professor.
Este movimento baseia-se em três linhas distintas:
- A orientação filosófica: John Dewey e Adolphe Ferrière.
- A orientação de pesquisa: Édouard Claparède e Jean Piaget.
- A abordagem de ensino: Montessori, Decroly. Nesta orientação, são criados novos métodos de ensino e modelos escolares que, atualmente, continuam válidos, assim como os princípios que fundaram este movimento.
Princípios da Escola Nova
- Individualização: atenção à diversidade dos alunos, aos seus interesses, ritmos, estilos e formas de aprendizagem e possibilidades.
- Socialização: Suprir as necessidades de relação social através de formas de agrupamento dos alunos, buscando novas técnicas de grupo, e o desenvolvimento de atitudes de cooperação e colaboração em equipe.
- Globalização: Atenção à organização interna das unidades de trabalho, que se relacionam com os interesses das crianças, compreendendo as mentes das crianças e suas formas de aprendizagem, o valor do jogo e do contato direto com a realidade, e o valor da educação sensorial.
- Autoeducação: valorização da atividade espontânea, manual, simbólica, criativa, construtiva e das produções das crianças.
Friedrich Froebel e o Jardim de Infância
Fundou na Alemanha o Instituto de Aprendizagem Intuitiva para a Educação, mas é mais conhecido por ter criado o jardim de infância (Kindergarten), uma instituição para o jogo, a ocupação e a puericultura.
Fundamentos do Método Froebel
Para ele, a educação visava construir uma unidade entre o homem e Deus, entre pessoas de diferentes raças e classes sociais, entre os poderes receptivos, reflexivos e executivos no ser humano e as várias aplicações potenciais humanas. Ele apoiou uma educação integrada que atendesse o corpo e a mente, o trabalho manual e os sentidos.
Seu método é puerocentrista, ou seja, a criança é o foco e o ponto de partida para todos os seus estudos. A educação é para e através da criança, que será a protagonista da educação de sua personalidade.
É um método em que é importante:
Atividade Espontânea
A educação deve ser adequada às necessidades da criança; a atividade espontânea se manifesta através de seu interesse e autocontrole. A educação deve ser baseada mais na delicadeza e condescendência do que na imposição e prescrição.
Autoatividade
Uma criança pode agir se desenvolver em plena liberdade e naturalmente. Froebel considera a criança agente de seu próprio desenvolvimento.
Comunidade de Pares
Para atender às necessidades de ação e interação, as crianças devem ser educadas em uma comunidade de iguais.
Experiência de Valores
No Jardim de Infância, todos os indivíduos têm deveres e direitos mútuos. Os valores da verdade, justiça e liberdade são praticados e aprendidos apenas por viver em um ambiente colaborativo. É importante que as crianças tenham a responsabilidade de cuidar do material e do meio ambiente, e de realizar tarefas de higiene e ordem. Também promove o bom caráter e que a criança deseje o bem e abomine o mal.
Diversidade e Individualidade
As crianças devem ser tratadas como seres especiais e particulares, membros ou parte de toda a vida. Não exclui as crianças por causa de sua classe social, posição ou nível cultural das famílias. Observa e respeita o princípio da individualidade e da diversidade.
Educação Sensorial e Emocional
Fröbel formou a criança em uma atitude positiva para as experiências de vida. Pensava que a educação deveria basear-se nos sentimentos, emoções e movimento, pois são a base do pensamento. Assim, preparou músicas, jogos, defendeu a vida no campo e a natureza, pois a aprendizagem é mais rica do que na cidade.
Educação Manual
O objetivo não é que a criança ganhe a vida, mas sim o treinamento (formação básica) e o agente essencial do desenvolvimento do espírito infantil. Também confere ao homem o hábito e a capacidade de modelar e usar os objetos ao seu redor. Para ele, é importante o trabalho físico e manual, que precede a manipulação intelectual que leva ao cognitivo e funde os dois em um.
Simbolismo
A criança é capaz de compreender símbolos, analogias e semelhanças, podendo reconhecer e compreender os relacionamentos. A atividade simbólica permite-lhe desenvolver capacidades além daquelas desenvolvidas pela atividade física.
Atividade Lúdica e Brinquedos
O jogo tem muitas vantagens intelectuais e morais. Também é importante a nível de desenvolvimento mental e físico. É importante que os adultos o dirijam e organizem, sem privar as crianças de sua liberdade. Criou alguns materiais: os DONS, que são materiais para a educação intelectual que desenvolvem o processo de análise e síntese, com aspectos sensoriais predominantes. Eles ajudam a criança a reconhecer a si mesma e ao mundo exterior. O uso desses dons, com qualidades, formas e texturas primárias, vai do mais simples ao mais complexo. As propostas de atividades com os dons incentivam o desenvolvimento de força, agilidade, os sentidos, a intuição, generalização, criatividade, sentimentos, vontade, valores... PRIMEIRO DOM: material de bola; SEGUNDO DOM: cubo, uma esfera e um cilindro de madeira; TERCEIRO DOM: cubo formado por oito cubos contidos em uma caixa; QUARTO DOM: oito lâminas planas; QUINTO DOM: 27 cubos iguais; SEXTO DOM: cubo decomponível em 27 tabletes.
Materiais Froebel: Desenvolvimento de Capacidades
- Jogos de ginástica acompanhados por canções (psicomotores).
- Primeira colheita da horta e aprender a cuidar das plantas.
- Ginástica manual.
- Histórias, poemas e canções.
O método de Froebel compreende duas progressões que unem as formas mais simples de atividade humana e as ocupações de um estado mais avançado da civilização.
Série de Análise (Descendente)
Compreende na prática: o sólido (dons), áreas (caixas), linhas (tiras), pontos (contagem).
Série Sintética (Ascendente)
Oferece à criança o que Froebel chamou de ocupações: Pontos (picado), linhas (costura), formas.
Regras dos Materiais Froebel
- Primazia dos sentidos.
- Lei dos contrastes. (Um brinquedo é a antítese do anterior.)
- Lei da gradação dos estímulos (vão do simples ao mais complexo).
- Análise e síntese. Cada um dos exercícios da série de análise corresponde à série sintética de ocupações de uma atividade construtiva.