Educação e Romanização no Império Romano

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O Ensino

Ir à escola era, em Roma, uma coisa comum. Ao completar sete anos, rapazes e raparigas eram enviados ao litterator, espécie de professor primário, que lhes ensinava as primeiras letras. Só os mais abastados, que podiam dispor de mestres particulares, estudavam em casa. A escola primária, situada nas imediações do fórum, dispunha de instalações bem modestas. As pancadas com a vara e a correia de couro faziam parte do quotidiano escolar, tal como os puxões de orelhas, considerados muito apropriados já que, “sendo elas sede da memória, havia vantagem em desenvolvê-las”, afirmação de Dionísio de Halicarnasso, historiador e retórico grego, nascido em 54 a.C. que ensinou durante 22 anos, na cidade de Roma. O currículo deste ensino primário, que se estendia dos 7 aos 11 anos, não era muito diferente do das escolas helénicas. Para além da escrita, da leitura e do cálculo, os alunos decoravam os trechos poéticos mais edificantes e máximas morais. É que, tal como hoje e sempre, para além da aprendizagem propriamente dita, o ensino obedecia a determinados fins educativos. Cícero enumerou-os: o domínio de si, a obediência a toda a autoridade e a benevolência para com o próximo. Para o nível secundário transitavam apenas aqueles (rapazes e raparigas) que tinham mais posses, já que era muito mais dispendioso. Aperfeiçoavam os conhecimentos da língua e estudavam as principais obras literárias: a poesia de Virgílio, a retórica de Cícero e a História de Salústio e Tito Lívio encabeçavam o currículo. A matemática, a geometria, a música e a astronomia, embora ensinadas, ocupavam um lugar secundário.

Finalmente, aos 17 anos, uma minoria de rapazes ia para o ensino superior, ministrado pelo reitor (mestre de retórica). Embora tenha havido, em Roma, mulheres muito cultas, este terceiro nível de ensino não fazia qualquer sentido para as raparigas, já que se centrava na aprendizagem da Retórica e do Direito, destinados ao desempenho de altos cargos políticos e administrativos, reservados aos homens. Frequentar o ensino de um reitor representava, pois, uma forma de aceder aos postos mais elevados da sociedade romana. Roma encheu de escolas as regiões que conquistou. Embora, na generalidade, a sua criação se devesse à iniciativa particular, o Estado desde cedo incentivou o ensino, no qual viu um poderoso meio de unificação cultural do Império.

Assim:

  • Insistiu com as autoridades municipais para que criassem escolas e suportassem os seus custos.
  • Concedeu aos professores privilégios de ordem fiscal, isentando-os de determinados impostos.
  • Custeou a atividade de alguns gramáticos e, sobretudo, de retóricos, a fim de tornar gratuito o seu ensino.

Romanização

O mundo romano atingiu um notável grau de uniformidade cultural. Passadas as violências da conquista, enquanto o tempo sarava as feridas e a vida regressava à rotina do quotidiano, os povos submetidos deixavam-se cativar pela superioridade civilizacional dos Romanos e adotavam, de bom grado, o seu modo de viver e os seus valores. O mesmo urbanismo, as mesmas instituições, a mesma estrutura social uniam as províncias mais longínquas. Em todas se falava o latim, se honravam os deuses romanos e se aplicavam as normas do Direito. A esta integração plena das províncias no espaço civilizacional romano chamamos, vulgarmente, romanização. A romanização foi um processo lento mas seguro que, pouco a pouco, transformou em cidadãos romanos os povos conquistados. Embora algumas áreas tenham sido mais plenamente romanizadas do que outras, todo o Império sofreu a sua influência. Os Romanos tinham consciência de que residia na cidade, o cerne da sua cultura e do seu modo de viver. Consideravam-na, além disso, o núcleo ideal de administração das regiões provinciais. Por estas razões, a política de romanização centrou-se no desenvolvimento da vida urbana. À exceção das províncias onde a tradição urbana era antiga, os Romanos sentiram a necessidade não só de remodelar profundamente alguns núcleos indígenas como de proceder à fundação de cidades completamente novas. Estas cidades, que desempenhavam importantes funções administrativas, tornaram-se um polo de atração dos habitantes locais, que, lentamente, a elas afluíram, deixando ao abandono muitas das antigas povoações. Algumas das cidades de que falamos eram colónias, isto é, cidades criadas de novo e povoadas por verdadeiros romanos, que escolhiam viver nas novas regiões. Em muitas colónias estabeleciam-se antigos soldados, cuja longa carreira de armas era recompensada com a concessão de boas terras.

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