Educadores Brasileiros e a História da Educação
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Contextos Históricos e Filosóficos da Educação
Fernando Azevedo (Liberal)
Educador, sociólogo e humanista brasileiro, professor de sociologia.
Um dos responsáveis pela reforma do ensino no país, com experiências feitas no Ceará (1923) e Rio de Janeiro (1926). Inicialmente seminarista, formou-se em direito e abraçou o magistério. Lecionou psicologia e latim em Belo Horizonte (1914-1917), fez crítica literária na imprensa de São Paulo e participou da fundação da universidade estadual (1934), em cuja Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras ocupou a cadeira de sociologia e o cargo de diretor. Foi secretário da educação tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro e organizou e dirigiu duas importantes iniciativas editoriais: a Biblioteca Pedagógica Brasileira (BPB) e a célebre coleção Brasiliana, ambas lançadas (1931). Em sua obra destacam-se Princípios de Sociologia (1931), uma pioneira publicação brasileira no assunto, o igualmente pioneiro Sociologia Educacional (1940), A Cultura Brasileira (1943) e História da Minha Vida (1971), uma autobiografia. Membro da Academia Brasileira de Letras, eleito em 10 de agosto (1967) para a Cadeira n. 14, sucedendo a Carneiro Leão, e recebido em 24 de setembro (1968), pelo acadêmico Cassiano Ricardo. Faleceu em São Paulo, SP, em 18 de setembro (1974).
Lourenço Filho (Liberal)
Manoel Bergström Lourenço Filho nasceu em 10 de março de 1897, na Vila de Porto Ferreira (SP), filho de pai português e mãe sueca. Cursou duas vezes a escola Normal (em Pirassununga e em São Paulo), fez dois anos de Medicina e formou-se em Direito. Antes mesmo de estar formado já estava empregado e seu futuro profissional prometia grandes realizações. Entre 1932 e 1937, o educador esteve à frente do Instituto de Educação do Distrito Federal (Rio de Janeiro) e reformulou a estrutura curricular tornando o curso Normal exclusivamente profissionalizante, criando assim um modelo para as demais unidades da federação. Empenhou-se ainda em orientar a formação de professores para a prática em sala de aula e para o domínio das competências profissionais. Uma de suas maiores preocupações era a de que os alunos tivessem oportunidades iguais em todos os lugares do país e para isso era preciso que os métodos fossem unificados e não as pessoas. E foi questionando os moldes da educação na sua própria organização social que ele via a possibilidade de melhoria da educação. Para Lourenço Filho faltava emancipação técnica, além de princípios racionais e científicos. Essas preocupações o fizeram promover modificações nas formas educacionais nos vários cargos públicos que ocupou. Algumas das várias teorias em que o educador esteve à frente foram de suma importância para o desenvolvimento dos métodos de ensino e aplicavam a psicologia, sempre, como parte integrante de seus preceitos. Vale destacar:
- Movimento dos Testes: Media, em escala métrica, a inteligência, com provas breves e objetivas na forma de questionários.
- Psicotécnica: Método em que a orientação profissional era direcionada para uma melhor adaptação entre profissão e aptidão.
- Testes ABC: Verificação da maturidade necessária à aprendizagem da leitura e escrita.
- Organização dos Testes ABC: Criação de uma esfera técnico-pedagógica separada da administração.
Lourenço Filho defendeu a necessidade da elevação dos níveis de instrução de toda a população como condição para o desenvolvimento econômico da nação. Foi protagonista da Campanha de Educação de Adultos, na década de 1940, que visava instituir políticas globais para tornar possível solucionar problemas. Em 1949, organizou e dirigiu o Seminário Interamericano de Alfabetização e Educação de Adultos, realizado no Rio de Janeiro, sob os auspícios da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco). Nessa ocasião, recebeu o título de "Maestro de las Américas". Esteve presente em vários cargos em que vislumbrava a possibilidade de mudanças para a melhoria da educação no país. Em 1952, foi eleito presidente do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura, e em 1957, se aposentou, apesar de continuar atuando em várias comissões educacionais e publicando livros (ver bibliografia abaixo) que até hoje servem como referência para quem pretende conhecer a evolução pedagógica brasileira. Para o professor Lourenço Filho a educação deveria ser um conjunto de técnicas relativamente desligadas de ideologia e de influência de regras históricas. Educação era amor ao ser e ao seu país.
Anísio Spínola Teixeira (Liberal) nasceu em Caetité, na Bahia, em 12 de julho de 1900. Bacharel em Direito, Anísio recebe o convite do Governador Góes Calmo para assumir em 1924 a Direção da Instrução Pública. Iniciava, assim, um caminho rumo à paixão que seguiu até sua morte: a educação. Anísio assume a educação num período em que o sistema educacional estava em tempos de constituição, era o final da década de 20. Em 1927 viaja para os Estados Unidos e em 1928 faz um curso de pós-graduação na Universidade de Columbia. Em 1947, como antes já tinha feito ao deixar de exercer a função de Bacharel em Direito, cargo onde permaneceu até 1951. Durante esse período pelo qual se afastou da vida pública, se dedicou à exportação de minérios. Retornou ao Rio de Janeiro e assumiu o cargo de Secretário Geral da CAPES, hoje Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior. Em 1952, assume o cargo de diretor do INEP – Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, permanecendo nos dois cargos até o ano de 1964. Com a Ditadura Militar (1964-1985), Anísio foi afastado do cargo e teve seus direitos políticos cassados, permanecendo apenas na condição de membro do Conselho Federal de Educação até o ano de 1968, atribuição que assumiu de forma ativa. Em 1971 calava-se a voz de Anísio Teixeira, desaparecido em 11 de março do mesmo ano e encontrado morto num fosso de elevador no dia 14. A perícia afirmou que a morte foi acidental, porém, a família acredita que Anísio foi vítima da repressão. Apesar da morte prematura, Anísio deixou um legado rico para a educação nacional, pensamentos e reflexões pertinentes aos dias atuais, os quais têm influenciado as decisões na educação de forma explícita ou intrinsecamente, desde então.
Foi um historiador, educador, jornalista e filósofo brasileiro. Tornou-se conhecido pela sua extensa defesa do liberalismo, expressa em muitas pesquisas e publicações.[1]
Maciel de Barros (Liberal)
Iniciou sua carreira em São Paulo, capital. Teve três filhos. Teve uma sólida formação acadêmica, estudando a filosofia e história antiga e moderna, e ainda estudante já definiu em linhas gerais os seus temas de interesse. Em 1955 formou-se Doutor em História e Filosofia da Educação e, em 1959, obteve o título de Livre-docente. Ocupou várias posições importantes na Universidade de São Paulo.[1]
Segundo Paulino Orso, "dentre os teóricos do liberalismo e da educação brasileira Roque Spencer destaca-se tanto por suas pesquisas e seus escritos, como pela defesa intransigente que fez do liberalismo, pelo combate ao totalitarismo e pela defesa da Escola Pública na segunda metade da década de 50. Sua obra é bastante extensa, porém, circunscreve-se basicamente em torno do liberalismo. Mesmo quando trata do totalitarismo e da educação, o faz desde a perspectiva do liberalismo". Jorge Nagle louvou o seu "incansável rigor e meticulosidade". Foi prolífico articulista na imprensa, uma personalidade dinâmica que, com uma visão pedagógica de largo escopo, almejou educar e transformar toda a sociedade brasileira.
Paschoal Lemme
Paschoal Lemme (1904-1997) teve uma longa participação nos problemas educacionais brasileiros. Ele se envolveu com as questões de seu tempo e destacou questões encaminhadas por outros educadores do início do século XX, principalmente, relacionadas à necessidade da construção de um sistema nacional de ensino. A essa preocupação o autor agregou outras necessidades como: a luta pela defesa da escola pública e pela democratização do ensino. Essas preocupações de Paschoal Lemme estavam permeadas pela luta de classes. O período de atuação desse educador foi marcado pelo tom da renovação e reconstrução que estavam presentes não só no Brasil, mas também em outros países do mundo ocidental. Ele viveu intensamente o momento do entre guerras, posicionando-se com relação à própria explicação que os homens davam ao novo modelo de sociedade que se firmava durante e após as duas Grandes Guerras Mundiais, para seu país, um período de repressão política, impulsionado pelo governo ditatorial de Getúlio Vargas. Militou entre a função de professor e cargos administrativos, tendo, com relação à educação, posicionamentos que divergiam de seus pares. Entendia que a educação era mais um elemento para que o país conseguisse a transformação social tão almejada, e não o principal ou o motor da modernização social. O autor participou dos maiores Manifestos em prol da educação brasileira, que culminou com a destacada participação na elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 4.024/61. Paschoal Lemme não pode escrever uma obra sistemática, pois viveu num período de repressão política, onde discutir sobre educação era caso de polícia, entretanto nos deixou uma vasta produção como alguns livros, vários artigos escritos a jornais e outros, destaca-se uma produção pesquisada em plena repressão, quando o autor viaja até a Rússia, como resultado dessa militância, escreveu sobre o ensino socialista daquele país. Na década de 1980, ele escreveu suas memórias, ao todo cinco volumes, a de número cinco foi uma obra póstuma e todas foram editadas pelo INEP. Constatou-se que suas ações estavam voltadas para a melhoria da educação, bem como dedicou boa parte de sua vida de homem público a melhorar as condições de vida da classe trabalhadora por meio de medidas que pudessem democratizar mais a educação e oportunizar um possível nivelamento entre as classes. É importante ressaltar que Paschoal Lemme lutou pela implementação de cursos objetivando melhorar a formação dos professores desde a década de 1930.