A Emancipação da América Espanhola: Causas e Processo

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A Emancipação da América Espanhola

1. As Causas da Independência

As fazendas e plantações eram controladas pelos crioulos, que também detinham parte da fraca produção industrial. Eles formavam o grupo social e economicamente mais poderoso, representando entre 10% e 15% da população. Índios, mestiços e negros constituíam as massas de camponeses explorados pelos nativos e pelos espanhóis. A mineração era controlada pelos espanhóis, que ocupavam todos os cargos públicos nos territórios coloniais: vice-reis, presidentes de audiências, etc. A minoria crioula rejeitava o tratamento discriminatório recebido do Governo espanhol, que impedia a ascensão de pessoas nascidas na América, mesmo com sangue europeu, a cargos públicos, limitando a expansão do seu poder económico.

A política dos governos esclarecidos reforçou esta situação ao tentar aumentar a carga fiscal sobre os camponeses e o controlo administrativo.

Os movimentos de protesto e as revoltas camponesas do século XVIII tinham criado um clima de reivindicação de emancipação.

A influência da ideologia liberal, decorrente do processo de independência das colónias inglesas na América do Norte.

2. O Processo de Independência

O processo de independência foi muito complexo. Não foi contínuo, envolvendo ações urbanas e revoltas camponesas, realinhamentos políticos e movimentos de tropas.

Os índios, inicialmente favoráveis à metrópole, acabaram por se juntar ao movimento de libertação. A atitude dos vice-reis e generais espanhóis foi fundamental para inclinar o apoio ao movimento de independência.

A primeira fase coincidiu com a guerra de 1808-1814. Nas grandes cidades, a burguesia local promoveu juntas semelhantes às espanholas, em nome de Fernando VII, e depôs os vice-reis e capitães-gerais. Mais tarde, rejeitou a autoridade do Conselho de Regência Central e, em 1810, formou comités revolucionários em várias cidades.

As divisões internas entre os dirigentes crioulos permitiram a reação dos exércitos reais, que em 1813 recapturaram as cidades rebeldes.

Um caso especial foi o do México, onde os nativos se aliaram aos realistas para esmagar o movimento indígena.

3. O Triunfo da Independência

A segunda fase ocorreu após a restauração do absolutismo em Espanha.

A partir de 1816, as ações das forças revolucionárias ressurgiram. No sul, foi proclamada a independência das Províncias Unidas da América do Sul, o futuro da Argentina. Foi o exército argentino, liderado por San Martín, que derrotou os espanhóis em Chacabuco e permitiu a proclamação da independência do Chile em 1818.

Simón Bolívar, após a conquista de Angostura, em 18 de janeiro de 1819, proclamou a República da Grã-Colômbia, que compreendia a Venezuela e a Colômbia atuais, e foi nomeado presidente.

A vitória contra os monarquistas em Boyacá (Colômbia, 1819) foi decisiva.

A última fase foi implementada após a Revolução de 1820 na Espanha, o que enfraqueceu o exército colonial. San Martín, vindo do sul, e Bolívar, vindo do norte, convergiram para o Vice-Reino do Peru, a fim de expulsar os realistas. Em 1821, soldados americanos proclamaram a independência do México e, no Peru, a independência foi proclamada também em 1821, quando Iturbide proclamou o Plano de Iguala. Em dezembro de 1824, a vitória decisiva em Ayacucho sobre o exército espanhol selaria o destino da região. Meses mais tarde, foi proclamada a independência da Bolívia.

Apenas Cuba e Porto Rico permaneceram sob domínio espanhol.

4. Balanço do Movimento e Contexto Internacional

O restante da década de 1820 serviu para precipitar e consolidar os novos países. Houve tentativas frustradas de criar uma união federal, no estilo dos Estados Unidos da América do Norte.

A derrota espanhola deveu-se tanto à força dos movimentos de independência quanto aos problemas internos da monarquia absoluta. O apoio militar e diplomático dos EUA e britânicos foi crucial.

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