Émile Durkheim: O Pai da Sociologia e a Questão Social

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Émile Durkheim (1858-1917): O Fundador da Sociologia Moderna

Émile Durkheim (1858-1917), sociólogo francês, é amplamente reconhecido como o fundador da sociologia moderna.

As Origens do Estudo da Sociedade

No século XVIII, Giambattista Vico dizia em sua obra “A Nova Ciência” que a sociedade se subordina a leis definidas que podem ser perfeitamente estudadas. Ele estava trazendo para a sociedade europeia, dita civilizada, uma metodologia de estudo que os evolucionistas já usavam para estudar outros povos desde o incremento da colonização de outros continentes.

A ideia de se dedicar ao estudo da sociedade europeia não era nova, mas tampouco era uma ciência estabelecida. Vários filósofos e economistas inclinavam-se cada vez mais ao estudo dos fenômenos sociais como determinantes em suas pesquisas. Entretanto, foi somente no século XIX que esta tendência se tornou reconhecida como uma condição para o conhecimento. Auguste Comte criou o termo Sociologia para denominar o estudo da sociedade que dava ênfase aos fenômenos sociais, suas instituições e suas regras. Contudo, sua obra não era Sociologia, era mais uma ciência sociológica, feita de muita inspiração e pouco rigor metodológico.

Foi somente na segunda metade do século XIX, com Émile Durkheim, que a Sociologia realmente passou a existir, com objeto, método e objetivos claros e definidos. Mesmo que de lá para cá estes tenham mudado bastante. Podemos dizer que se Durkheim não foi o “pai” da ideia, com certeza ele foi o “pai” da ciência.

O Contexto Histórico: A Revolução Industrial

A partir do final do século XVII e início do século XVIII, é grande o número de pessoas, principalmente entre os mais pobres, que são forçados a deixar seus lares no campo e rumam para as cidades a fim de encontrar novas formas de sobrevivência. Durante estes dois séculos, o número de indústrias, localizadas dentro e na periferia das cidades, aumenta assustadoramente, modificando a paisagem urbana, bem como seu estilo de vida.

A cidade ganhou uma nova feição caracterizada pelo modo de produção capitalista e pelo trabalho assalariado, refletindo as suas contradições. A arrancada industrial não beneficiou os assalariados, pois enquanto o custo de vida nas cidades subiu em torno de 62% durante o século XVIII, o salário médio cresceu apenas em torno dos 26% no mesmo período, o que implica no aumento da miséria e de todos os males que ela traz.

A Geração da "Questão Social"

O crescimento rápido e desordenado das cidades e a introdução das máquinas pioraram as condições de trabalho e de vida dos operários, gerando a chamada "Questão Social". Ou seja, o problema de ter de se lidar com uma camada da população que é um enorme contingente de trabalhadores mal pagos ou desempregados que se encontram em situação de extrema desvantagem no sistema capitalista.

O século XIX é ao mesmo tempo o apogeu e a crise da sociedade burguesa. O proletariado avança ameaçando a ordem do sistema que tem de se proteger, ao mesmo tempo que tenta se legitimar. Contudo, vale a pena atentar para a questão de que nascia um novo estilo de vida, baseado na vida urbana e na sociedade de consumo, que tornava a sobrevivência de cada um totalmente dependente da produção dos outros, obrigando progressivamente ao consumo para esta sobrevivência. Mesmo assim, deixava este consumo fora do alcance da maioria da população trabalhadora.

O Legado Iluminista e a Busca pela Ordem

Não é de se estranhar que no meio deste contexto aparecessem homens dispostos a discutir sobre o que estava acontecendo, dispostos a tentar entender as mudanças sociais e individuais, de tentar estabelecer ordem e regras a um mundo que se modificava rapidamente, e outros que quisessem acelerar ainda mais estas mudanças. Homens que não podiam mais se contentar com dogmas, com explicações religiosas. Todos eles herdeiros do pensamento Iluminista, críticos racionais e laicos, muitos levados pelo pensamento positivista, fiéis depositários de suas esperanças na possibilidade ilimitada da ciência. Entre eles, Émile Durkheim.

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