Emoções, Sentimentos, Memória e Identidade Pessoal
Classificado em Psicologia e Sociologia
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Conceito de Emoção
As emoções são processos desencadeados por um acontecimento, pessoa ou situação, que é objeto de uma avaliação cognitiva nem sempre consciente. A emoção é uma experiência subjetiva que pode ser acompanhada por reações orgânicas (modificação do ritmo cardíaco, do tónus muscular, etc.), de mímica, gestos, movimentos e expressões vocais. Pode traduzir-se por uma tendência para a ação, como, por exemplo, a fuga, no caso do medo.
As expressões das emoções desencadeiam, junto de quem está presente, reações que poderão suscitar novas emoções. As emoções podem ser classificadas em:
- Emoções Primárias: São as que aparecem desde muito cedo, na infância (alegria, tristeza, medo, etc.). São inatas e úteis para uma reação rápida quando surgem determinados estímulos do meio externo ou interno.
- Emoções Secundárias: Foram-se constituindo sobre as emoções iniciais e são experimentadas mais tarde. Implicam uma avaliação cognitiva das situações e o recurso a aprendizagens feitas (vergonha, ciúme, culpa ou orgulho).
- Emoções de Fundo: Estados mais duradouros, como o bem-estar, mal-estar, calma ou tensão.
Distinção entre Emoções e Sentimentos
Os sentimentos são estados voltados para o nosso interior, são privados, enquanto as emoções são dirigidas para o exterior, são públicas, tendo, assim, uma dimensão comunicacional. Por isso, é possível observar e interpretar as emoções, mas não os sentimentos.
Um outro aspeto distintivo das emoções e dos sentimentos é que, enquanto as emoções se caracterizam por uma grande intensidade e uma duração breve, os sentimentos prolongam-se no tempo e são de menor intensidade de expressão. Nas emoções reconhecemos o elemento que as desencadeou, enquanto os sentimentos não se associam a uma causa imediata.
Memória, Aprendizagem e Identidade Pessoal
O Papel Fulcral da Memória
A memória tem um papel fulcral no nosso quotidiano. A memória possibilita todos os processos de aprendizagem, permite a atribuição de significado às experiências vividas e a aquisição do sentimento de identidade pessoal. Permite-nos evocar o passado, estruturar o presente e projetar o futuro. Todos os processos cognitivos têm como base a memória.
De facto, a memória corresponde ao conjunto de processos e estruturas que codificam, armazenam e recuperam a informação. Assim, o processo mnésico envolve:
- Codificação: Corresponde a traduzir os dados num código: visual, acústico ou auditivo e semântico.
- Armazenamento: Quando uma informação é codificada e armazenada, ocorrem modificações no cérebro de que resultam os engramas. Cada engrama produz modificações nas redes neuronais.
- Recuperação (Evocação): A utilização da informação armazenada, dependendo este processo de diversos fatores, como, por exemplo, a correspondência entre o contexto de codificação e o contexto de evocação.
Aprendizagem e a sua Relação com a Memória
É possível definir aprendizagem como uma modificação relativamente estável do comportamento ou do conhecimento, que resulta do exercício, experiência, treino ou estudo. É um processo que, envolvendo processos cognitivos, motivacionais e emocionais, se manifesta em comportamentos.
A memória e a aprendizagem estão intimamente relacionadas, são processos complementares. Sem memória, os processos de aprendizagem estariam sempre a iniciar-se, pondo em causa todo o processo de adaptação do ser humano, pois é a partir de aprendizagens retidas que se processam novas aprendizagens. Por isso, a memória é fundamental ao permitir que as aprendizagens se mantenham e possam ser utilizadas quando necessário.
Memória e Construção da Identidade Pessoal
Aprendizagem e memória são conceitos fundamentais para a noção de identidade pessoal. A forma peculiar de nós pensarmos, sentirmos e agirmos depende do que aprendemos e armazenamos na nossa memória durante a nossa vida. Cada indivíduo vive experiências distintas, por isso, os diferentes sujeitos terão, forçosamente, memórias e histórias diversas para contar, bem como mentes singulares para assimilar novos conhecimentos.
É possível concluir que não há aprendizagem sem memória: é graças à memória e aos processos mnésicos que retemos o que aprendemos. É também constatável que a identidade pessoal só é possível de ser construída devido à memória, sendo esta responsável pela codificação e armazenamento de experiências vividas que se refletirão em comportamentos que definem cada ser humano.