Empirismo: Hobbes, Locke, Berkeley e Hume
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Filosofia - Empirismo
A burguesia, a partir do século XVII, conquistou não apenas poder econômico, mas também poder político e ideológico, impondo o fim do absolutismo monárquico (Revolução Gloriosa).
Thomas Hobbes
Influenciado pelas ideias de Bacon e Galileu, Hobbes abandonou as grandes pretensões metafísicas (a busca da essência do ser) e buscou investigar as causas e propriedades das coisas. Sua ciência dos corpos dividia-se em: corpos naturais (filosofia da natureza) e corpo artificial ou Estado (filosofia política). Assim, tudo o que não é corpóreo seria excluído da filosofia.
Para Hobbes, a realidade é composta pelo corpo, entendido como o elemento material que existe independentemente do nosso pensamento, e pelo movimento, que pode ser determinado matemática e geometricamente. As qualidades das coisas seriam "fantasmas do sensível", ou seja, efeitos dos corpos e de seus movimentos. Suas principais características são o materialismo e o mecanicismo.
Hobbes sustenta a necessidade de um poder absoluto que mantenha os homens em sociedade e impeça que eles se destruam mutuamente.
John Locke
Locke afirmava que não há nada em nossa mente que não tenha passado antes pelos nossos sentidos. Combateu a doutrina que afirmava que o homem possui ideias inatas. Defendeu que nossa mente, no instante do nascimento, é como uma “tábula rasa”, um papel em branco, sem nenhuma ideia previamente escrita. Nada existe em nossa mente que não tenha sua origem nos sentidos. As ideias que possuímos são adquiridas ao longo da vida mediante o exercício da experiência sensorial e da reflexão.
- Experiência sensorial: nossas primeiras ideias, as sensações, vêm à mente através dos sentidos, quando temos uma experiência sensorial. Essas ideias seriam moldadas pelas qualidades próprias dos objetos externos.
- Reflexão: combinando e associando as sensações por um processo de reflexão, a mente desenvolve outra série de ideias que não poderiam ser obtidas das coisas externas. A reflexão é nosso "sentido interno", que se desenvolve quando a mente se debruça sobre si mesma, analisando suas próprias operações.
George Berkeley
Berkeley propôs um empirismo radical, afirmando não só que todo conhecimento provém dos sentidos, mas também que todos os seres existentes se reduzem à percepção que temos deles. Para ele, "ser é perceber e ser percebido". Defende que todo o nosso conhecimento do mundo exterior resume-se àquilo que captamos pelos sentidos, mas afirma também que a existência das coisas nada mais é do que a percepção que temos dessa existência. Toda a realidade depende da ideia que fazemos das coisas. Desse modo, Berkeley nega a existência da matéria como algo independente da mente. "O que os olhos veem e as mãos tocam existe".
Berkeley, como homem religioso, defendeu a imaterialidade do mundo. Para evitar cair no solipsismo (teoria segundo a qual tudo o que existe no mundo resume-se ao eu e sua própria consciência) e no total subjetivismo, Berkeley defendeu a existência de uma mente cósmica, representada por Deus. Deus percebe, de modo absoluto, a existência de todos os seres, coordenando as distintas percepções elaboradas pelos sujeitos. Essa mente cósmica de Deus garante e sustenta a existência dos seres que experimentamos como “seres percebidos”. Assim, o mundo nada mais é do que uma relação entre Deus e os espíritos humanos.
David Hume
Hume formulou a sua teoria do conhecimento, dividindo tudo aquilo que percebemos em impressões e ideias:
- Impressões: referem-se aos dados fornecidos pelos sentidos, como, por exemplo, as impressões visuais.
- Ideias: referem-se às representações mentais (memória, imaginação etc.) derivadas das impressões. Alguém que nunca teve uma impressão visual, um cego de nascença, por exemplo, jamais poderá ter uma ideia de cor, ainda que seja uma ideia não muito fiel.
A repetição de um fato não nos permite concluir que ele continuará a repetir-se da mesma forma, indefinidamente. Assim, Hume revela um ceticismo teórico, afirmando que o conhecimento científico, que ostentava a bandeira da mais pura racionalidade, também está ancorado em bases não racionais, como a crença e o hábito intelectual. O cientista deve apresentar suas teses como probabilidades e não como certezas irrefutáveis. Tal atitude e compreensão, estendida ao convívio social, tornaria os homens mais tolerantes, democráticos e abertos.