Empirismo vs. Racionalismo: Críticas e o Limite do Conhecimento
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Introdução ao Empirismo e Racionalismo
O empirismo é conhecido como uma corrente filosófica que se desenvolve entre os séculos XVII e XVIII, paralelamente ao racionalismo, e cujos principais representantes são nativos das Ilhas Britânicas.
Vamos analisar a crítica de Locke à ideia de substância e as objeções de Hume às provas cartesianas da existência de Deus, do eu e do mundo.
Críticas de Locke e Hume
A Crítica de Locke à Substância
Segundo Locke, a ideia de substância é uma ideia complexa, que resulta da combinação, pela compreensão, de qualidades ou ideias simples. A substância, o suporte das qualidades, é, segundo Locke, incognoscível. A consequência do empirismo de Locke é que não conhecemos a essência das coisas; sabemos apenas o que a experiência nos mostra, isto é, um conjunto de qualidades sensíveis. A experiência é, portanto, a origem e também o limite do nosso conhecimento.
As Objeções de Hume às Provas Cartesianas
Hume faz uma crítica feroz da noção de causa ou conexão necessária e conclui que não podemos confiar nesta noção para a certeza metafísica. Com esta abordagem, Hume inviabiliza as provas cartesianas da existência do mundo, de Deus e do ego ou substância pensante:
Mundo ou Realidade Externa:
A crença na existência de uma realidade diferente das nossas impressões corpóreas é, portanto, um recurso injustificado à ideia de causa.
Existência de Deus:
Descartes tinha usado o princípio da causalidade para apoiar o argumento da existência de Deus. Na visão de Hume, esta inferência é igualmente irrazoável, pela mesma razão: não há uma impressão de Deus, nem Deus está sujeito a qualquer impressão.
A Substância do Ego ou o Pensamento:
A existência de uma substância que é cognoscente de suas ações foi considerada indubitável por Descartes. Mas Hume acredita que não temos qualquer impressão da substância do eu ou pensante.
Semelhanças entre Empirismo e Racionalismo:
- A essência das coisas é dada na consciência. A única coisa que o intelecto conhece diretamente são as ideias. Portanto, ambos construíram seus sistemas filosóficos com base na consciência.
- Eles têm ideias como o núcleo do conhecimento.
- Ambos são fundamentados em uma teoria prévia do conhecimento.
- Assumem uma estreita relação entre filosofia e ciência.
- Consideram o método científico como um problema fundamental.
Diferenças entre Empirismo e Racionalismo:
- Para os racionalistas, só se pode ter certeza sobre o que o próprio conhecimento constrói, independentemente da experiência. Para o empirismo, no entanto, apenas ideias válidas são aquelas recebidas da experiência passiva pela compreensão.
- Os racionalistas acreditam nas ideias inatas. No entanto, alguns empiristas, como Locke, vão contra os princípios empiristas ao supor que o entendimento pode construir conceitos independentemente da experiência.
- Empiristas e racionalistas acreditam que a intuição é a forma correta de acesso ao conhecimento. No entanto, ao contrário dos racionalistas, as intuições dos empiristas baseiam-se em dados empíricos e não intelectuais. Isso significa que o ponto de partida não são conceitos puros, mas imagens.
- O modelo empirista do conhecimento permanece o das chamadas ciências empíricas, principalmente a física e, dentro desta, a mecânica. Para os racionalistas, a matemática precede a física como modelo de saber.
- Ao negar a existência de ideias inatas, a visão empirista defende que todo conhecimento deve ter a experiência como ponto de partida. Assim, o método indutivo-analítico prevalece sobre o dedutivo-sintético.