Enfermagem Perioperatória: Avaliação, Posicionamento e TEV

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Avaliação Pré-operatória

Objetivo: Garantir que o paciente esteja em ótimas condições de saúde para a cirurgia, minimizando riscos e complicações.

Aspectos Essenciais da Avaliação

Nutrição
Deficiências nutricionais comprometem a cicatrização; obesidade e desnutrição são fatores de risco significativos.
Saúde Respiratória
Doenças respiratórias e tabagismo aumentam o risco de complicações pulmonares pós-operatórias.
Saúde Cardiovascular
Avaliar se o coração suporta as demandas fisiológicas impostas pelo procedimento cirúrgico e anestesia.
Função Hepática e Renal
Problemas nesses órgãos aumentam os riscos cirúrgicos, afetando o metabolismo e a excreção de medicamentos.
Sistema Endócrino
Distúrbios hormonais, como o Diabetes Mellitus, afetam a resposta do organismo à cirurgia e a cicatrização.
Interações Medicamentosas
É crucial suspender medicamentos que afetam a coagulação (anticoagulantes, antiagregantes) antes da cirurgia, conforme orientação médica.
Infecções
Devem ser identificadas e tratadas previamente para evitar a disseminação e complicações no sítio cirúrgico.

Exames: Incluem hemograma completo, eletrocardiograma (ECG), exames bioquímicos, entre outros, para uma visão completa da saúde do paciente.

Posicionamento do Paciente Cirúrgico

Objetivo: Garantir a exposição adequada do sítio cirúrgico, preservando a segurança, o alinhamento corporal e a dignidade do paciente.

Assistência Individualizada e Avaliação de Risco

A assistência deve incluir a identificação de riscos específicos do paciente, como peso, altura, condição da pele, doenças preexistentes e o tipo de anestesia. É fundamental prever dispositivos de suporte adequados. A avaliação contínua e o registro de todas as etapas são essenciais.

Escolha da Posição Cirúrgica

As posições cirúrgicas variam conforme o tipo de cirurgia, e cada uma apresenta vantagens e desvantagens específicas:

Decúbito Dorsal (Supina)
Usada em cirurgias gerais, cardiotorácicas, vasculares, plásticas e transplantes. Vantagens: Abordagem das grandes cavidades. Desvantagens: Pode causar lesões nervosas e complicações respiratórias.
Trendelenburg
Usada para cirurgias pélvicas e abdominais baixas, e vasculares. Vantagens: Melhora o fluxo sanguíneo cerebral. Desvantagens: Pode causar sobrecarga cardíaca e elevação da pressão intracraniana (PIC).
Trendelenburg Reversa (Proclive)
Usada em cirurgias de ombro, neurocirurgias, cabeça e pescoço, plásticas de face e nariz, otorrinolaringológicas, oftalmológicas e cirurgias de mamas. Vantagens: Favorece a expansibilidade pulmonar. Desvantagens: Pode causar hipotensão postural.
Fowler (Sentada)
Usada em neurocirurgias e cirurgias de ombro/vascular. Vantagens: Favorece a expansão pulmonar. Desvantagens: Pode causar lesões por pressão e embolia gasosa.
Litotômica (Ginecológica)
Usada em cirurgias ginecológicas, geniturinárias, obstétricas, pélvicas e proctológicas. Vantagens: Facilita o acesso ao períneo. Desvantagens: Pode causar lesões nervosas nas pernas.
Prona (Decúbito Ventral)
Usada em cirurgias de coluna e fossa posterior. Vantagens: Oferece bom acesso ao dorso. Desvantagens: Aumenta o risco de lesões oculares e compressão em próteses mamárias.
Kraske (Canivete/Jackknife/Depage)
Usada em cirurgias proctológicas. Vantagens: Oferece bom acesso à região anal. Desvantagens: Pode comprometer a ventilação e causar lesões nervosas.
Posição Lateral
Usada em cirurgias de rins, torácicas e exames intestinais. Vantagens: Permite acesso ao retroperitônio. Desvantagens: Pode comprometer a perfusão periférica e causar síndrome compartimental.

Dispositivos de Apoio (SEMP) e Escala de Risco

  • Dispositivos de Apoio (SEMP): Superfícies especiais, como colchões de viscoelástico e suportes de membros, ajudam a redistribuir a pressão e proteger o paciente durante o procedimento.
  • Escala de Risco ELPO: Ferramenta utilizada para avaliar o risco de lesões relacionadas ao posicionamento cirúrgico, especialmente útil em pacientes adultos.

Considerações para Posicionamento Seguro

O paciente deve ser posicionado após a indução anestésica, sempre em equipe, com cuidado para evitar compressões, garantir o alinhamento corporal e proteger áreas vulneráveis. O monitoramento constante e o registro de todas as ações são fundamentais para garantir a segurança.

Enfermagem no Pré-operatório: Protocolo de Tromboembolismo Venoso (TEV)

Cuidados de Enfermagem Pré-operatórios

  • Orientações ao Paciente: O enfermeiro deve ensinar técnicas de respiração profunda, mobilidade precoce e manejo da dor.
  • Manejo de Nutrientes e Líquidos: Manutenção do jejum pré-operatório para evitar o risco de aspiração pulmonar.
  • Preparo do Intestino e Pele: Realização de limpeza e, quando indicado, uso de antibióticos profiláticos para reduzir a flora bacteriana.
  • Medicação: Administração de antibióticos e medicamentos pré-anestésicos para prevenir infecções e promover o conforto e a sedação do paciente.
  • Aquecimento: Aplicação de técnicas para prevenir a hipotermia, como o uso de mantas térmicas.

Tromboembolismo Venoso (TEV)

O TEV é uma complicação grave que engloba a Trombose Venosa Profunda (TVP) e o Tromboembolismo Pulmonar (TEP).

  • Trombose Venosa Profunda (TVP): Afeta as veias profundas, geralmente nas pernas, causando dor e inchaço.
  • Tromboembolismo Pulmonar (TEP): Ocorre quando um coágulo se desloca e atinge as artérias pulmonares, podendo resultar em dor no peito e falta de ar.

Fatores de Risco para TEV

Pacientes com maior propensão ao TEV incluem:

  • Idosos e obesos.
  • Fumantes e pacientes com câncer.
  • Gestantes e pessoas imobilizadas por longos períodos.
  • Uso de contraceptivos orais.
  • Histórico familiar de tromboembolismo.

Manifestações Clínicas

Trombose Venosa Profunda (TVP)

A TVP geralmente afeta os membros inferiores (pernas, coxas, panturrilhas) e pode se manifestar em apenas um lado do corpo. Os principais sinais incluem:

  • Dor na perna acometida.
  • Vermelhidão e sensação de calor na área afetada.
  • Inchaço e endurecimento do tecido (edema).
Tromboembolismo Pulmonar (TEP)

Quando um coágulo proveniente da TVP se desloca e atinge as artérias pulmonares, pode causar:

  • Falta de ar repentina (dispneia).
  • Respiração rápida (taquipneia).
  • Dor no peito, especialmente ao respirar profundamente.
  • Batimentos cardíacos acelerados (taquicardia).
  • Tontura ou desmaio, e em alguns casos, hemoptise (tosse com sangue).

Profilaxia e Intervenções de Enfermagem

  • Profilaxia: Inclui o uso de anticoagulantes, meias compressivas e a deambulação precoce para prevenir o TEV.
  • Intervenções de Enfermagem: Avaliar o risco individual de TEV, monitorar a perfusão dos membros inferiores e ensinar exercícios de movimentação para prevenir complicações.

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