Epistemologia: Senso Comum, Ciência e Método Científico

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Epistemologia: Reflexão sobre o Conhecimento Científico

É a reflexão sobre o conhecimento científico que iremos empreender. Não se propõe a julgar o que é bom ou mau, nem a indicar o que deveria ser. Trata-se, sim, de uma reflexão crítica sobre este modo de conhecer o real, destacando sua especificidade metodológica, suas principais dificuldades e limitações, bem como seu valor e importância objetiva.

Senso Comum

Pode ser definido como o conjunto desorganizado de opiniões subjetivas, suposições, pressentimentos, preconceitos e ideias feitas que nos conduzem a uma visão superficial e funcional, embora, por vezes, errônea da realidade.

Conhecimento Científico

Caracteriza-se principalmente por ser objetivo, resultar de um método específico apoiado na verificação, da formulação de hipóteses e de um conjunto de teorias. Busca ver a realidade como ela é para atingir a verdade, porém é um conhecimento provisório até surgir outra teoria mais eficaz e mais próxima da verdade.

Relação Senso Comum e Ciência

Na perspectiva de Karl Popper, o senso comum é o ponto de partida para qualquer conhecimento mais aprofundado do real, o racional. No entanto, isso não significa que não o tenhamos de criticar, pois é inseguro. Gaston Bachelard, por sua vez, considera-o um obstáculo epistemológico, algo que impede a produção de conhecimento científico. Para ele, não basta criticar e corrigir o conhecimento vulgar; é preciso erradicá-lo.

Método Científico

É o conjunto de meios mediante os quais o pensamento pode atingir um determinado objetivo. Esses meios são orientados por um conjunto de regras que estabelecem a ordem das operações a realizar com vista a atingir um determinado resultado. Estes métodos variam em função do objeto de estudo.

Verificabilidade vs. Falsificabilidade

Por princípio da Verificabilidade, deve entender-se, portanto, o princípio segundo o qual uma proposição só tem sentido à partida se for empiricamente verificável (ex: corvos pretos; se todos os corvos são pretos, esta teoria procura os corvos pretos, o que leva ao problema da indução: enunciados empiricamente confirmáveis. Se todos os corvos forem pretos, a teoria confirma-se). A Falsificabilidade (Popper) busca os fenômenos que possam infirmar a hipótese. Assim, a teoria científica é válida enquanto for resistindo à tentativa de a falsificar empiricamente e é tanto mais forte quanto mais a resistir (ex: cisnes que não sejam brancos).

Método Hipotético-Dedutivo

O Fato-Problema é um problema que surge, em geral, de conflitos decorrentes das nossas expectativas ou das teorias já existentes (ex: salmão volta a casa). Suas etapas são:

  • 1. Formulação da Hipótese: É uma atividade criativa do cientista; a hipótese surge de um raciocínio abdutivo.
  • 2. Dedução de Consequências.
  • 3. Experimentação da Hipótese: Estas podem ser validadas ou refutadas.

Objetividade Científica

O conhecimento objetivo é aquele que se refere exclusivamente ao objeto de estudo, independentemente do sujeito que realizou a investigação. Para atingir este conhecimento, o cientista teria de se abstrair da sua subjetividade, da sua forma pessoal de entender o objeto, dos seus valores, dos seus interesses, crenças e gostos estéticos.

Perspectivas sobre a Objetividade Científica

  • Positivismo: Defende um conhecimento verdadeiro e objetivo, baseado em fatos que conferem uma descrição rigorosa, imparcial e capaz de descrever o mundo tal como ele é.
  • Karl Popper: As teorias são meras conjecturas que devem ser postas à prova, falsificadas, logo não atingem certezas. A objetividade e a verdade científicas são apenas aproximações; o cientista não é um observador indiferente. A teoria científica não é verdadeira, mas verossímil.
  • Thomas Kuhn: A validade das teorias está dependente do paradigma no qual se inserem. Os cientistas devem convencer os seus pares que se integram na razoabilidade e plausibilidade das suas teorias, recorrendo a processos argumentativos. Mais do que objetividade, deve-se falar em subjetividade.

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