O Espaço Rural e a Agricultura: Conceitos e Práticas
Classificado em Geografia
Escrito em em português com um tamanho de 13,89 KB
Espaço Rural: O meio rural compreende o espaço que não é urbano, diferenciando-se pelas suas atividades produtivas. Tradicionalmente, as atividades rurais são a Agricultura (cultivo de vegetais como milho, arroz, feijão, trigo, soja, hortaliças, frutas, etc.) e a Pecuária (produção pastoril ou não, de bovinos, suínos, caprinos, ovinos, etc.).
Êxodo Rural: Fenómeno social que ocorre com o deslocamento da população do campo para a cidade, normalmente em busca de melhores condições de vida. As causas podem ser a falta de investimento no setor agrícola para maior competitividade e a necessidade de infraestrutura (escolas, hospitais, estradas, etc.). Como consequência, o aumento descontrolado da população nas cidades provoca o desordenamento de habitações (surgimento de favelas), aumento do desemprego, da violência, etc.
Espaço Agrário: Área onde o ser humano criou as suas estruturas com vista à produção agrícola (vegetal e animal). Compreende o espaço agrícola, as pastagens e florestas, as habitações dos agricultores e as infraestruturas e equipamentos relacionados com a atividade agrícola.
Espaço Agrícola: Espaço ocupado com a produção vegetal e animal, compreendendo os campos e os prados.
Socalcos: Técnica agrícola e geográfica de conservação do solo, destinada ao controle de erosão hídrica, utilizada em terrenos muito inclinados. Baseia-se na criação de terraços através do parcelamento de rampas niveladas, requerendo muita mão-de-obra, elevados conhecimentos técnicos e aceitando pouca mecanização, devido à dificuldade na utilização de máquinas em ambientes mais íngremes.
Aluviões: Depósito de sedimentos clásticos (areia, cascalho ou lama) formado por um sistema fluvial no leito e nas margens da drenagem, incluindo as planícies de inundação e as áreas deltaicas, com material mais fino extravasado dos canais nas cheias.
Estrutura Fundiária: Refere-se à forma como as propriedades agrárias de uma área ou país estão organizadas, ou seja, o seu número, tamanho e distribuição social.
Morfologia Agrária: É a forma como as áreas exploradas estão divididas, ou seja, o aspeto/desenho das parcelas, a disposição dos campos cultivados, das pastagens e da floresta, bem como a densidade de caminhos rurais. Podendo ser abertos ou fechados, estão divididos em:
- Minifúndio: Pequenas propriedades rurais, inferiores a 50 hectares.
- Latifúndio: Grandes propriedades rurais, superiores a 600 hectares.
Povoamento Rural: É o modo como as casas estão organizadas. Distinguem-se duas formas:
- Povoamento Concentrado: Próprio de lugares em que as pessoas se concentram numa aldeia ou num núcleo populacional compacto.
- Povoamento Disperso: Característico de lugares de terra fértil e abundância de água. Há uma exploração individual das terras, com casas em cada exploração agrícola.
Agricultura Extensiva: Caracterizada geralmente pelo uso de técnicas rudimentares ou tradicionais na produção. Normalmente é utilizada para mercado interno ou para subsistência.
Agricultura Intensiva: Sistema de produção agrícola que faz uso intensivo dos meios de produção e no qual se produzem grandes quantidades de um único tipo de fruta ou hortícola. Requer grande uso de combustível e insumos, e pode acarretar alto impacto ambiental, pois não é utilizada a rotação de terra (desmate, queimada, plantio, esgotamento de solo, abandono e reinício do processo em outra área).
Emparcelamento: Conversão de propriedades agrícolas dispersas numa só. O emparcelamento tem vantagens como o aumento da dimensão média das explorações (diminuindo o número de proprietários agrícolas), o facto de permitir a mecanização e o abandono da policultura, dando lugar à especialização produtiva e aumentando, assim, o rendimento e a produção, e o melhoramento da acessibilidade às explorações, permitindo a utilização de máquinas.
Monocultura: Produção ou cultura agrícola de apenas um único tipo de produto agrícola (ex: soja).
Policultura: Cultura que produz vários produtos numa propriedade.
Campo Fechado: Minho - Pequenas explorações. Parcelas irregulares. Campos vedados com muros, árvores ou arbustos.
Campo Aberto: Alentejo - Explorações de grande dimensão, tradicionalmente sem vedações.
Pousio: Nome dado ao descanso ou repouso proporcionado às terras cultiváveis, interrompendo-lhes as culturas para tornar o solo mais fértil.
Rotação de Culturas: Técnica agrícola de conservação que visa diminuir a exaustão do solo. Isto é feito trocando as culturas a cada novo plantio, de forma que as necessidades de adubação sejam diferentes a cada ciclo. Consiste em alternar espécies vegetais numa mesma área agrícola. As espécies escolhidas devem ter, ao mesmo tempo, propósitos comerciais e de recuperação do solo.
Agricultura de Sequeiro: Técnica agrícola para cultivar terrenos onde a pluviosidade é diminuta.
Agricultura de Regadio: Quando o terreno ou solo possui água de rega ou se localiza na orla de um fluxo de água.
Regiões Agrárias:
- Entre Douro e Minho – Trás-os-Montes e Alto Douro
- Beira Litoral – Beira Interior
- Estremadura e Ribatejo – Alentejo
- Algarve
Exploração Agrícola: A exploração agrícola é composta pelas atividades socioeconómicas que permitem obter riqueza da terra. Os produtos obtidos através das explorações agrícolas dão-se-lhes o nome de produtos agropecuários, ao incluir a produção agrícola e a criação de gado.
SAU (Superfície Agrícola Utilizada): É constituída pelas culturas temporárias e permanentes, por pastagens permanentes e pela horta familiar.
Sistemas de Cultura:
- Culturas Temporárias: São aquelas em que o ciclo vegetativo não ultrapassa um ano (anuais) e também as que são ressemeadas com intervalos que não excedem os 5 anos (ex: Trigo).
- Culturas Permanentes: Plantações que ocupam as terras por um longo período de tempo (ex: Olival).
- Culturas Hortícolas: Estas culturas têm aumentado a sua produção, uma vez que têm beneficiado da utilização de estufas, estando por isso protegidas das condições meteorológicas adversas (ex: alface, brócolos…).
- Cultura Forrageira: Culturas anuais ou perenes cultivadas principalmente para fornecer alimentação para o gado. Durante as operações de colheita, a maioria da parte na superfície da planta é removida do campo e processada para posterior alimentação.
- Culturas Industriais: Grande produção com recurso a tecnologia.
- Terra Arável: Termo da agricultura que significa que a terra pode ser usada para o cultivo.
- Pastagem Permanente: Terras ocupadas com erva ou outras forrageiras herbáceas, quer semeadas quer espontâneas, por um período igual ou superior a cinco anos e que não estejam incluídas no sistema de rotação da exploração.
Exploração por Conta Própria: O agricultor é maioritariamente autónomo, sendo responsável pela tomada de decisão e pela obtenção de perdas e lucros, podendo, no entanto, utilizar mão de obra familiar. Predomina por todo o país, destacando-se em Trás-os-Montes e Madeira. A exploração por conta própria (frequente em propriedades de pequenas dimensões) tem como principal desvantagem a falta de meios técnicos e financeiros e, ainda, a forma irregular e a pequena dimensão das terras.
Exploração por Arrendamento: O produtor paga uma renda anual fixa ao proprietário e pode usufruir da totalidade dos resultados alcançados, mas, de acordo com a natureza do contrato, as perdas e ganhos podem ser repartidos entre este e o proprietário. O arrendamento é mais frequente em explorações de maior dimensão, tendo como desvantagem o facto de o arrendatário procurar obter o máximo lucro com o mínimo de despesas e, portanto, não investe na modernização da exploração.
Pluriatividade: Exercício de mais do que uma atividade de produção.
Plurirrendimento: Acumulação de rendimentos provenientes de duas ou mais atividades.
Grau de Aprovisionamento: Quociente traduzido em percentagem, dado pela razão entre a produção interna (exclusivamente obtida a partir de matérias-primas nacionais) e a utilização interna total; mede, para um dado produto, o grau de dependência de um território relativamente ao exterior (necessidades de importação) ou a sua capacidade de exportação.
Rendimento Agrícola: É a relação entre o total da produção (toneladas) e a superfície cultivada.
Produtividade Agrícola: É a relação entre o total da produção (ou o seu valor) e a mão-de-obra utilizada (nº de horas de trabalho).
Regiões Agrárias e suas Características:
- Entre Douro e Minho: Pratica-se uma agricultura intensiva, as propriedades são de pequena dimensão. Das culturas temporárias destaca-se o milho e das de cultura permanente a vinha. A criação de gado bovino é intensiva e predomina a exploração por conta própria.
- Trás-os-Montes: Pratica-se uma agricultura extensiva, onde o centeio é a principal cultura temporária, tal como a batata. Nas culturas permanentes temos o olival e os soutos. Predomina o gado bovino e suíno. A níveis de exploração, as por conta própria são idênticas às de arrendamento.
- Beira Litoral: Agricultura intensiva e tradicional, onde as propriedades são pequenas, o milho é temporário e a vinha e o olival permanentes. Gado suíno, bovino e ovino. Predomina a exploração por conta própria.
- Beira Interior: Agricultura extensiva. O milho e o centeio são as plantas mais cultivadas. O tabaco e o girassol têm aqui alguma expressão. Os ovinos são predominantes. A exploração por conta própria é mais comum.
- Ribatejo e Oeste: Agricultura intensiva. O milho e o arroz são os cereais mais cultivados, assim como as batatas e produtos hortícolas. A colza é a cultura industrial mais importante. Predomina o gado suíno. A exploração por conta própria é maioritária.
- Alentejo: Predomina o latifúndio. A agricultura é extensiva. A principal cultura temporária é o trigo. Cultiva-se o girassol. Os ovinos predominam, seguidos do gado suíno. A exploração por conta própria é dominante.
- Algarve: Agricultura intensiva. Propriedades de pequena dimensão. Culturas permanentes de frutos secos e citrinos. Culturas hortícolas. Criação de gado ovino e suíno.
- Açores: Predomina a exploração por conta própria. O trigo e o milho são as principais culturas temporárias. As pastagens são numerosas. Como culturas industriais surgem o chá e o tabaco. O gado bovino é criado ao ar livre.
- Madeira: Microfundios. A horticultura e floricultura são importantes. A vinha e as culturas subtropicais são importantes dentro das culturas permanentes. A maioria das explorações é gerida por conta própria.
Fatores Físicos que Condicionam a Agricultura: Temperatura, luz solar, humidade, vento.
Fatores Humanos que Condicionam a Agricultura: Sociais/desenvolvimento tecnológico, económicos, tradições culturais, estabilidade ou instabilidade social.
Problemas Estruturais da Agricultura: São associados à ação humana devido ao modo de exploração da terra, às características da população agrícola e também às estruturas da exploração agrícola e estruturas fundiárias.
Diminuição das Explorações: Está ligada à diminuição acentuada da população agrícola. Esta diminuição está relacionada com as tentativas de modernização da agricultura e com os movimentos migratórios internos (êxodo rural) e externos (emigração). O crescente envelhecimento da população agrícola resulta essencialmente do abandono da atividade por parte dos jovens que preferem outras atividades. A falta de população jovem tem constituído um entrave à modernização e revitalização da agricultura.
Cooperativismo: É uma doutrina económica cujo objetivo é solucionar os problemas sociais através de comunidades de cooperação formadas por indivíduos livres, que se responsabilizariam pela gestão da produção e teriam direitos iguais sobre os bens produzidos.
Fraco Cooperativismo: Persiste o individualismo agrário, deficiências nos sistemas de distribuição e comercialização dos produtos, fraca promoção no exterior, reduzido número de indústrias agro-alimentares.
SAU e as Culturas Temporárias:
- Culturas Temporárias: São aquelas em que o ciclo vegetativo não ultrapassa um ano (anuais) e também as que são ressemeadas com intervalos que não excedem os 5 anos (ex: Trigo).
- Justificação do SAU: 1- Estabilização da produtividade por hectare; 2- Inexistência de ajudas comunitárias; 3- Diminuição do preço de intervenção; 4- Liberalização do comércio.