Espanha 1936: Crise, Violência e o Caminho para o Golpe
Classificado em História
Escrito em em português com um tamanho de 2,44 KB
A primeira ideia principal expressa no texto é a referência à anarquia rural na Espanha, que se manifestou nas ocupações de latifúndios pelos trabalhadores após a vitória da Frente Popular, em fevereiro de 1936. O governo, em vez de expulsar os ocupantes, justificou a sua ação com base na nova reforma agrária estabelecida. O texto menciona ainda crimes e assaltos que ocorreram na primavera de 1936. Esse clima de violência política tinha sido promovido pelos extremos ideológicos: a esquerda, e a direita, ansiosas por criar uma situação que empurrasse os militares a tomar o poder. Os acontecimentos de 13 de julho, como o assassinato de Calvo Sotelo, em retaliação pela morte do tenente Castillo, foram apresentados como elementos que decidiram a ação. Contudo, a decisão já havia sido tomada muito antes. Este clima de violência, no entanto, serviu como a desculpa alegada pelos defensores do golpe.
Greves e manifestações nos últimos meses, encenadas por anarquistas e socialistas, dispostos a vingar os sofrimentos do biênio radical-CEDA, e ataques a igrejas e conventos, fruto do radicalismo de certos setores de trabalhadores muito anticlericais, também são destacados. Aqui, ressalta-se a importância do tema religioso nas tensões entre direitistas e esquerdistas.
No texto, há uma referência à Constituição Republicana de 1931, que não é atacada diretamente, mas cuja falha é destacada no sentido de que era incapaz de preservar os direitos dos cidadãos pelo governo, ou a unidade da Espanha, ameaçada pelo regionalismo. Este regionalismo buscava estabelecer a autonomia em regiões históricas, como a Catalunha, o País Basco, a Galiza e a Andaluzia.
Em conclusão, este é um texto inicial do golpe de Estado, onde não existe uma definição política clara, pois joga com a ambiguidade para ganhar o máximo de apoio e despertar o mínimo de rejeição possível. Ele ataca a esquerda, embora de maneira sutil, sem criticar o regime democrático, o modelo constitucional ou republicano. No entanto, pode-se ver claramente uma linha de pensamento conservador e defensor da ordem social, embora nada possa ser descrito como fascista, radical ou de caráter extremista. Neste último sentido, a condenação da queima de igrejas refere-se à destruição do patrimônio artístico, e não à defesa da religião em si.