Espanha: Do Biênio Progressista à Revolução de 1868
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O Biênio Progressista (1854-1856)
As eleições foram convocadas nos termos da legislação de 1837, o que permitiu uma maioria progressista e a primeira aparição no Parlamento de alguns democratas da Câmara. O novo governo tentou restaurar os princípios do progressismo. Também preparou uma nova Constituição (1856) que não pôde ser promulgada e, em 1854, elaborou uma progressiva Lei de Conselhos em que os prefeitos eram eleitos por sufrágio.
As linhas de ação mais importantes do governo progressista foram a retomada da desvinculação de trabalho. A nova Lei de Confisco de 1855, do Ministro Madoz, afetou a propriedade do Estado, da Igreja, da caridade e, especialmente, dos municípios (propriedade própria e comunal). Assim como em 1837, destinava-se a levantar recursos para a fazenda pública. Boa parte dos recursos foi investida na rede ferroviária.
A construção de linhas ferroviárias começou em 1855 com a Lei Geral de Ferrovias, que regulamentava a sua execução e concedia amplos incentivos às empresas para intervir nela, o que beneficiou especialmente o capital estrangeiro, que veio em abundância para a Espanha.
As medidas de reforma do mercado do biênio não sanaram a crise de subsistência, que mobilizou as pessoas nas revoltas de 1854, gerando um clima de agitação social e greves graves que ocorreram em 1855. O governo acabou por aumentar a representação camponesa. A Lei do Trabalho, que introduziu algumas melhorias, permitiu as associações operárias. Espartero demitiu-se e a Rainha confiou o governo a O'Donnell, que reprimiu duramente os protestos.
O Governo da União Liberal (1856-1863)
O novo governo, liderado por O'Donnell, tentou um equilíbrio político unionista, combinando os elementos-chave dos projetos e propostas progressistas. Desta forma, foi alcançada uma relativa estabilidade na política interna. Embora as eleições fossem fraudadas pelo Ministério do Interior, também se estabeleceu uma oposição minoritária no Congresso para evitar que fossem levados a práticas insurrecionais.
Uma das ações mais importantes do governo foi a política externa ativa, que procurou recuperar o prestígio internacional, unir as diferentes partes em um fervor patriótico e apaziguar grande parte do exército. Assim, realizou três campanhas internacionais:
- A expedição à Indochina (1858)
- A intervenção no México (1862)
- As campanhas militares em Marrocos (1859-1860), onde o general progressista Prim ganhou prestígio militar.
A Espanha foi autorizada à incorporação do território de Ifni e à expansão da Praça de Ceuta. Contudo, em 1863, a desagregação interna do governo de coalizão tornou-se evidente. O'Donnell renunciou e entregou o poder da Rainha aos moderados.
O Retorno do Moderantismo e a Crise Final (1863-1868)
Os anos entre 1863 e 1868 representaram o retorno de Narváez ao poder e a restauração dos antigos princípios do moderantismo. O conservadorismo impôs novamente uma forma autoritária de governo, independentemente do Parlamento e de todos os grupos políticos. Assim, os progressistas voltaram à insurgência, com o apoio dos democratas, cuja influência entre as classes populares aumentava.
Em 1866, teve lugar a revolta dos sargentos do Quartel de San Gil, que teve o apoio dos progressistas e democratas e provocou uma revolta popular em Madrid. A situação foi agravada pela crise de subsistência, que começou em 1866. Desde essa altura, grandes setores da sociedade chegaram a acordo sobre a necessidade de promover uma decisão que daria uma mudança radical na situação, o que resultaria na expulsão de Isabel II do trono de Espanha em 1868.