Espanha no Século XIX: Política e Economia (1843-1868)

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O Reinado de Isabel II (1843-1868)

A Década Moderada (1844-1854)

Do ponto de vista ideológico, os moderados defendiam a soberania compartilhada entre o Rei e as Cortes, e a rejeição da milícia. Pelo contrário, os progressistas defendiam a soberania nacional, a milícia e o livre comércio. Com Narváez como presidente, além da incorporação da Constituição de 1845, foram aprovadas outras medidas.

Em 1846, a vida política era dominada pelas intrigas em torno do futuro casamento de Isabel II. Nos anos seguintes, as questões políticas mais importantes foram a crise econômica que começou em 1847 e a crise política de 1848. Narváez foi substituído por Bravo Murillo, que adotou uma política que conseguiu resolver o grave problema da dívida pública e concluir as negociações com o Vaticano. A nova Concordata foi assinada em 1851. Com a Concordata, houve a retomada das relações diplomáticas entre a Igreja e o Estado, mas estas foram novamente rompidas com o triunfo da Revolução de 1868. Finalmente, a tentativa muito conservadora de Murillo de reformar o sistema constitucional falhou, o que encerrou seu governo em 1852. Após sua queda, houve vários governos, incluindo o de Sartorius.

A Revolução de 1854 e o Biênio Progressista (1854-1856)

O fracasso do golpe militar em Madrid levou O'Donnell a se reunir com o General Serrano e Cánovas. Cánovas redigiu o Manifesto de Manzanares, convidando os progressistas a se juntarem à rebelião. Logo após a rebelião ganhar impulso, o governo de Sartorius renunciou e o novo governo foi presidido por Espartero, com O'Donnell como Ministro da Guerra. Do ponto de vista político, o governo tentou, sem sucesso, aprovar uma nova Constituição que refletisse as ideias progressistas, ao contrário da Constituição de 1845, que refletia as ideias dos moderados.

O Biênio Moderado (1856-1858)

Escosura e O'Donnell colidiram em um Conselho de Ministros e ambos renunciaram junto com Espartero, com a intenção de influenciar a Rainha, mas a Rainha nomeou O'Donnell como presidente. O governo de O'Donnell durou quase três meses, sendo substituído por Narváez, que anulou a reforma constitucional de O'Donnell e restaurou totalmente a Constituição de 1845. Mas logo depois, ele fez sua própria reforma, mais conservadora, que esteve em vigor até 1864, quando foi rejeitada devido à perda de influência dentro do partido moderado. Os governos do Biênio Moderado iniciaram a criação do recenseamento geral da população e aprovaram a Lei Geral de Instrução Pública.

União Liberal (1858-1863) e os Últimos Governos de Isabel II (1863-1868)

Em 1858, O'Donnell voltou a presidir o governo como chefe da União Liberal. Este partido era o árbitro entre moderados e progressistas. Seus principais líderes foram O'Donnell e Posada Herrera. A União Liberal praticou uma política de desenvolvimento interno. Também se baseou no desenvolvimento de uma política externa de prestígio, enviando uma expedição ao México. O fracasso das políticas permanentes fez com que o partido começasse a ser abandonado por um de seus líderes mais proeminentes. Os últimos anos do reinado de Isabel II caracterizaram-se pela instabilidade política, exercida pela Rainha e sua corte na vida política. Eventualmente, isso levou à queda da monarquia, influenciada pela crise econômica, colheitas fracas e o autoritarismo evidenciado pelo governo Bravo e seus antecessores.


Transformações Econômicas

A economia foi influenciada por três fatores principais:

  1. As barreiras à comunicação;
  2. A escassez de fontes de energia e matérias-primas;
  3. A escassez de capital.

Processo de Desamortização e Mudança Agrária

A desamortização de Mendizábal tinha três objetivos:

  1. Levantar capital para pagar uma parcela da dívida pública;
  2. Alcançar um objetivo político;
  3. Alcançar o objetivo social conhecido como plano Mendizábal, que aboliu o dízimo e expandiu a desamortização de bens do clero secular.

Teve diferentes consequências:

  • 1º Político: Crescimento do liberalismo, mas também daqueles que defendiam a Igreja e atacavam o liberalismo.
  • 2º Tensão: Aumento da tensão entre a Igreja e o Estado liberal.
  • 3º Social: Um ligeiro alargamento da classe média rural.
  • 4º Colonos: Prejudicou os colonos que tiveram de abandonar a terra que cultivavam.
  • 5º Ambiental: Foi um forte desmatamento para a rápida recuperação do dinheiro gasto, o que levou à proibição da desamortização de Madoz (que afetou propriedades da Igreja e dos municípios).
  • 6º Patrimonial: Houve a dispersão de parte do patrimônio artístico.

O processo de pagamento da dívida seria retomado com a publicação do decreto de Madoz, que afetou propriedades da Igreja e dos municípios, fazendas locais e propriedades rurais, enquanto Mendizábal afetou edifícios e propriedades rústicas.

Dentro da agricultura, tanto os grãos quanto as vinhas experimentaram um tremendo crescimento ao longo do século XIX. A principal novidade foi o desenvolvimento das exportações agrícolas.

A Revolução Industrial na Espanha

Ao longo do século XIX, os antigos artesanatos foram mantidos, mas apenas na indústria siderúrgica a industrialização substituiu as oficinas artesanais, o que levou à emergência de novos problemas sociais, como a rejeição das máquinas e a ameaça de queima de fábricas. Quanto à mineração, após a Lei de Mineração, a exploração, parcialmente nova, ficou nas mãos espanholas, exportando ferro para a Inglaterra. No setor de manufaturados, a indústria têxtil beneficiou-se de tarifas protecionistas. As demais indústrias estavam apenas começando a se desenvolver no final do século XIX.

Modernização da Infraestrutura e o Impacto da Ferrovia

O protagonista da revolução no transporte na metade do século XIX foi a ferrovia. Durante este período, as comunicações foram melhoradas, o selo postal foi introduzido e uma rede de telégrafo foi construída.

Comércio e Finanças

O comércio externo teve um crescimento significativo impulsionado pelas importações via ferroviária. O comércio interno cresceu lentamente devido à falta de empreendedorismo, ao baixo poder aquisitivo e à falta de crédito bem estruturado. Apesar disso, o aumento das trocas comerciais foi impulsionado pela melhoria das comunicações e pela implementação do sistema métrico, que favoreceu a criação de um mercado nacional. Também influenciaram a organização de exposições e feiras. No final do século, o comércio interno criou uma tendência local e o comércio exterior desses anos caminhou para uma redução do déficit através do aumento das exportações sobre as importações.

Em 1831, foi criada a Bolsa de Madrid para canalizar a poupança para os setores industriais, com a peseta como base do sistema monetário e o monopólio da emissão de papel-moeda para o Banco da Espanha. Finalmente, a legislação bancária permitiu a criação de novos bancos. A economia foi ajudada pelo retorno de capital após a perda de Cuba e do resto das colônias e por seu próprio crescimento interno.

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