Espanha no Século XVII: Crise Demográfica, Social e Política

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Crise Demográfica e Econômica na Espanha do Século XVII

Após a crise demográfica do século XVI, houve uma grave crise no século XVII. A população estava concentrada no campo. As causas do declínio populacional foram: as epidemias de peste (1597, 1647, 1676), as más colheitas, a expulsão dos mouros em 1609 e as dificuldades econômicas que levaram à emigração. Isso resultou no aumento da população na periferia espanhola.

Esta crise demográfica levou a uma grave crise econômica. Embora as exportações para a América exigissem um aumento na produção, a agricultura foi restringida pelos privilégios do Conselho da Mesta, e a indústria têxtil também foi afetada. O comércio, no entanto, registrou um grande desenvolvimento, principalmente devido às importações e às relações com a América. Houve também um aumento no campo monetário, o que causou a subida dos preços.

Fatores da Crise Econômica

  1. Redução da produção agrícola e aumento de impostos.
  2. Competitividade têxtil no exterior, que não permitia a exportação.
  3. Diminuição de metais preciosos.
  4. Crise da monarquia devido à dívida.

Catalunha e Valência começaram a se recuperar, enquanto a recuperação de Castela só começou em 1680.

A Sociedade de Ordens nos Séculos XVI e XVII

Nos séculos XVI e XVII, a sociedade era dividida em estamentos (ordens):

1. A Nobreza (Estamento Privilegiado)

A nobreza não tinha que pagar impostos e estava no topo da hierarquia. Havia três tipos de nobreza:

  • A Alta Nobreza: Possuía grandes propriedades e um nível de vida elevado, detinha títulos de nobreza e estava próxima do rei.
  • A Média Nobreza: Os cavaleiros e a oligarquia urbana tinham uma boa vida.
  • A Baixa Nobreza: Geralmente eram fidalgos, e muitos deles caíram na pobreza.

2. O Clero (Estamento Privilegiado)

O clero também era uma classe privilegiada, dotada de territórios. Seu padrão de vida dependia de sua posição:

  • O Alto Clero: (Bispos, cardeais, etc.) Vivia uma vida semelhante à da média nobreza.
  • O Baixo Clero: (Freiras, padres, etc.) Tinha um padrão de vida semelhante ao das pessoas comuns.

3. O Povo Comum (Terceiro Estado)

O povo comum era o estamento sem privilégios, e todos deviam pagar impostos. Estavam divididos em:

  • Os Burgueses e Camponeses Proprietários: Possuíam riqueza e poder comparáveis aos da média nobreza.
  • Pequenos Proprietários, Operários e Artesãos: Não tinham privilégios e viviam em condições precárias.
  • Marginalizados Sociais: (Bandidos, malandros, etc.) Não trabalhavam de forma alguma.

A sociedade do século XVII era marcada por famílias patriarcais. As meninas eram educadas para serem mães, e os filhos, para trabalhar fora de casa. Essa mentalidade, aliada à valorização dos títulos de nobreza, era uma mentalidade medieval que causou a estagnação da Espanha.

A Monarquia e a Figura dos Validos

Felipe III (1598-1621)

Ao chegar ao trono em 1598, Felipe III criou a figura do valido (pessoa de confiança), escolhendo o Duque de Lerma. Sua política baseou-se na cessação dos conflitos, embora tenha ocorrido uma falência em 1607. Após esse período, houve a chamada Pax Hispânica, um período sem grandes conflitos, com exceção da expulsão dos mouros.

Felipe IV (1621-1665)

Filipe IV subiu ao trono aos 16 anos, necessitando também de um valido: o Conde-Duque de Olivares. Olivares tentou implementar uma reforma financeira, mas resultou em outra falência em 1627. Ele criou a União de Armas em 1625, um exército permanente. Catalunha e Portugal se opuseram a essa política, levando a conflitos. Olivares tentou reformas, pois via muitos problemas estruturais.

Carlos II (1665-1700)

Com a chegada de Carlos II, sua mãe, Mariana de Áustria, assumiu a regência. Depois, houve a Segunda Germânia (1693) e a Espanha perdeu o Franco-Condado. Finalmente, Carlos II deixou como herdeiro Felipe V, encerrando a dinastia Habsburgo na Espanha.

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