Espanha: Transformações Sociais e Movimento Operário (Séc. XIX)
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Transformações Sociais e o Movimento Operário em Espanha (Século XIX)
Em Espanha, houve um forte crescimento da população durante o século XIX. O Antigo Modelo Demográfico, baseado na predominância da agricultura, na quebra de safras (que causavam a fome) e em epidemias e doenças, começou a ser superado.
Crescimento Populacional e Mudança Social no Século XIX
A transição para uma economia capitalista levou a uma profunda mudança social. A nova classe dominante foi nutrida pela antiga aristocracia e pela aristocracia rural, que formaram uma oligarquia de proprietários de terra no topo da sociedade. Abaixo, uma classe média fraca, tanto rural quanto urbana, composta por pequenos empresários, empregados e acionistas. A grande maioria da população permaneceu rural. Os baixos salários, o desemprego sazonal e os efeitos das crises representavam uma ameaça social permanente. A principal mudança foi o surgimento da classe operária industrial, significativa apenas em Barcelona e Madrid, onde cresceram bairros operários destituídos de qualquer apoio público ou privado.
Primeiras Manifestações do Movimento Operário
Nos anos quarenta, perante as terríveis condições de trabalho e os baixos salários, surgiu a formação de sociedades de ajuda mútua e a difusão das ideias do socialismo utópico.
A separação definitiva do movimento operário dos Democratas e Republicanos e a implementação em Espanha da Internacional (Associação Internacional dos Trabalhadores) marcaram um novo rumo.
A Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) em Espanha
Em outubro de 1868, Fanelli chegou a Espanha para organizar a seção espanhola da Internacional, com base nas teses anarquistas de Bakunin. Foram fundadas duas seções, uma em Madrid e outra em Barcelona. Em 1870, realizou-se o Primeiro Congresso da Seção Espanhola da Internacional, que definiu a orientação anarquista, rejeitando a participação política ou aliança com partidos burgueses.
Repressão e Divisões no Movimento Operário
Em 1871, o impacto internacional da insurreição da Comuna de Paris levou o governo espanhol à proibição de reuniões e greves, ao fechamento de jornais e à prisão de líderes trabalhistas. Com a chegada a Espanha de Lafargue, representante marxista, os novos líderes marxistas de Madrid foram expulsos e fundaram a Nova Federação de Madrid.
A proclamação da Primeira República levou a uma onda de manifestações e greves que forçaram os empregadores a fazer concessões sobre as horas e os salários. Contudo, a participação dos trabalhadores na greve de Alcoy e no movimento cantonal foi utilizada pelos conservadores para acabar com a Internacional. A 10 de janeiro de 1874, após o golpe, o governo de Serrano ordenou a dissolução da Internacional. A maioria dos líderes dividiu-se em duas correntes: uma anarquista e outra socialista.
A Reorganização Anarquista e a Ação Direta
Os anarquistas reorganizaram-se em 1881 e fundaram a Federação da Região Espanhola. A repressão policial e as divisões internas levaram, no final da década de 80, por um lado, à inclinação para a militância sindical e de protesto, e, por outro, a uma minoria radical que optou pela ação direta (greve violenta ou atentado). A resposta contundente por parte das autoridades serviu às classes dominantes para rotular todo o anarquismo como violento.
O Surgimento do Socialismo: PSOE e UGT
Em 1879, alguns intelectuais e trabalhadores fundaram o Partido Socialista Espanhol (PSOE) em torno das figuras de Pablo Iglesias e Jaime Vera. O programa definiu três objetivos:
- a abolição das classes e a emancipação dos trabalhadores;
- a transformação da propriedade privada em propriedade coletiva;
- e a conquista do poder político pela classe trabalhadora.
O programa incluiu também uma lista de exigências políticas e laborais para melhorar as condições de vida dos trabalhadores.
Em 1888, quando já havia grupos socialistas nas principais cidades do país, foi fundada em Barcelona a União Geral de Trabalhadores (UGT), estabelecendo uma distinção clara entre a propaganda partidária e a ação sindical, cuja função era defender os trabalhadores na sociedade capitalista.
Em 1890, celebrou-se pela primeira vez o 1º de Maio, seguindo o lema da Segunda Internacional. Nas eleições locais de 1891, o PSOE elegeu os primeiros quatro vereadores em grandes cidades. A Guerra de Cuba consolidou a sua posição. Os socialistas opuseram-se à discriminação no serviço militar e denunciaram a guerra como imperialista e antissocial.