Espanha vs. Inglaterra: Modelos de Colonização nas Américas

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Diferenças Fundamentais na Colonização

Uma das principais diferenças entre os assentamentos espanhóis e ingleses reside no fato de que, na América Espanhola, já existiam civilizações agrícolas politicamente desenvolvidas (impérios estatais), em contraste com as bandas de caçadores encontradas na América Anglo-Americana.

Os primeiros (Astecas, Incas) já estavam civilizados (antropologicamente, a civilização que surge com o cultivo intensivo de cereais). Portanto, após a derrota militar, apenas a superestrutura política precisou ser alterada. Os segundos eram caçadores, nômades ou seminômades, difíceis de subjugar e integrar como súditos.

A Visão Espanhola: Assimilação e Integração

As populações encontradas pelos espanhóis eram muito diferentes das que existiam na Península Ibérica. Inicialmente, os indígenas das ilhas do Caribe, e depois os Astecas, que possuíam um alto grau de organização política. A Coroa espanhola valorizava essas populações e desejava integrá-las na sociedade espanhola.

Essa visão otimista levou à chegada dos primeiros frades, cujo objetivo era:

  • Converter os nativos à fé cristã.
  • Transmitir os costumes espanhóis e europeus.

Havia, portanto, uma clara intenção de assimilação.

O Modelo Inglês: Segregação e Marginalização

O caso inglês foi diferente. Os colonos trouxeram consigo a experiência de lidar com os irlandeses, que consideravam “bárbaros”. Desde o século XIV, existiam leis na Inglaterra para evitar casamentos mistos com os irlandeses, resultando na rápida marginalização dessa população.

Na América Espanhola, em contraste, houve uniões e o surgimento de uma crescente população de mestiços. Os britânicos, entretanto, não desejavam conviver com os indígenas. Toda a história colonial britânica baseou-se na segregação dos índios e na sua remoção para as margens.

O Papel dos Impérios Pré-existentes (Astecas e Incas)

A existência de impérios organizados como o Asteca e o Inca facilitou a fundação da estrutura colonial espanhola. Hernán Cortés, ao derrotar e sequestrar Moctezuma, manteve o império em suas mãos e utilizou esse mecanismo para estabelecer a colonização imperial, especialmente na coleta de impostos e na obtenção de trabalho no México.

O mesmo ocorreu no Peru com Pizarro, embora com maior resistência. Os conquistadores utilizaram os mesmos recursos e estruturas de poder que a nobreza local já empregava. Isso tornou a colonização espanhola mais fácil, permitindo o rápido desenvolvimento de uma organização e burocracia.

A Busca por Mão de Obra na América do Norte

Na América do Norte, a situação era diferente. Os primeiros colonos ingleses ficaram desapontados, pois as populações indígenas encontradas eram consideradas inadequadas como mão de obra, especialmente em comparação com as grandes populações do Sul (América Espanhola).

Os britânicos buscaram, então, outros recursos:

  1. Inicialmente, contrataram servos por contrato (indentured servants) que vinham da Inglaterra para pagar a viagem transatlântica (a primeira migração).
  2. Posteriormente, seguindo o exemplo dos espanhóis (que já compravam escravos africanos dos portugueses no século XVI), os ingleses também adotaram a prática na segunda metade do século XVII.

A introdução da escravidão africana reforçou o sistema de plantação, demonstrando que a busca por mão de obra era um fator fundamental na estruturação das colônias.

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