Especiação: Processos, Modos e Isolamento Geográfico
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Introdução à Especiação
A evolução é, geralmente, um processo gradual. As diferenças entre populações podem variar:
- Desde traços sutis até vários níveis de diferenciação morfológica;
- Diferenças comportamentais, cromossômicas, etc.
As novas espécies devem, portanto, ser formadas pelos mesmos processos que originam as diferenças genéticas entre populações.
Especiação é considerada um subproduto da diferenciação adaptativa sob seleção, com ou sem deriva genética.
- Alguns autores defendem que a especiação pode ocorrer sem a ação da seleção natural, bastando as mutações.
Muitas vezes é difícil saber o quanto uma espécie é geneticamente diferente da outra, a não ser quando é possível obter híbridos viáveis entre elas, ou quando seus genomas são sequenciados e colocados lado a lado.
Três Processos Principais da Especiação
- O Isolamento Populacional;
- A divergência em caracteres morfológicos, comportamentais e/ou bioquímicos, etc.;
- O Isolamento Reprodutivo.
Especiação Não é Instantânea
Modos de Especiação
Especiação Alopátrica: O Isolamento Populacional
Mayr (1963) afirmou que o isolamento geográfico é quase inevitavelmente necessário para que a especiação ocorra. É crucial pelo fato de levar à interrupção do fluxo gênico entre as populações.
- Permite que diferenças que surjam pela ação de vários fatores evolutivos acumulem-se ao longo do tempo nas populações isoladas;
- Pode levar à especiação.
A especiação por isolamento geográfico é conhecida como Especiação Alopátrica e compreende cerca de 70% dos casos conhecidos.
Isolamento Físico
O isolamento físico pode ocorrer devido a uma baixa movimentação dos membros de uma espécie com ampla distribuição geográfica, ou devido ao surgimento de uma barreira geográfica entre elas.
A especiação parece acontecer mais facilmente em populações pequenas e isoladas geograficamente, pois:
- Populações respondem mais rapidamente aos diferentes fatores evolutivos.
O isolamento geográfico pode ocorrer de duas maneiras:
- Sempre ter existido;
- Vicariância.
Isolamento Geográfico e Capacidade de Dispersão
Futuyma (2002) observa que a distribuição dos táxons frequentemente corresponde à sua capacidade de dispersão. Por exemplo, os morcegos do Havaí são os únicos mamíferos que não foram introduzidos pelo homem.
A capacidade de dispersão varia de grupo para grupo:
- Organismos pequenos (protozoários encistados, esporos de fungos) suportam condições adversas e podem ser levados pelo vento;
- Sementes: variação em tamanho e dormência, com dispersão pela água, trato digestório, ou aderidas aos pés, pelos, etc.;
- Peixes dulcícolas: dispersão limitada a rios próximos.
Isolamento Geográfico: Fatores e Estratégias de Reprodução
O isolamento geográfico é um dos muitos fatores que influenciam a probabilidade de fundação de novas espécies.
Indivíduos dispersos podem sobreviver, mas nem sempre se reproduzir. No entanto, algumas estratégias reprodutivas podem facilitar o estabelecimento em novos ambientes:
- Plantas: hermafroditismo, autocompatibilidade, apomixia, reprodução vegetativa.
- Animais: partenogênese, fecundação interna (onde uma única fêmea fecundada pode iniciar uma colônia), e a tendência de viajar em grupos (aumentando a possibilidade de estabelecimento no novo ambiente).
Vicariância: Fragmentação de Áreas Bióticas
Vicariância, ou efeito vicariante, é o mecanismo evolutivo no qual ocorre a fragmentação de uma área biótica, separando populações de espécies previamente contínuas.
A Teoria Tectônica das Placas explica, por exemplo, a distribuição de táxons em regiões como o continente Africano e Sul-Americano, incluindo:
- Aves ratitas (avestruzes, emas, emus, casuares, etc.);
- Peixes ciclídios.
A vicariância também pode surgir pela extinção de populações intermediárias, como ocorreu durante as glaciações, afetando grupos como elefantes, camelos, dromedários, etc.
Isolamento Parcial e Adaptação a Ambientes Marginais
Populações podem sofrer isolamento parcial quando:
- Parte da população ocupa um ambiente marginal;
- O fluxo gênico é confinado principalmente à área de contato entre elas.
O isolamento parcial é devido principalmente a diferenças cromossômicas. Um exemplo é Mepraia spinolai (vetor da doença de Chagas no Chile), que apresenta:
- Diferença no padrão de asas;
- Diferenciação pelo sistema sexual (cromossomo Y).