O Estado Franquista (1939-1956): Ideologia e Reconhecimento
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A Espanha de 1939 era uma nação devastada. O novo Estado Franquista foi marcado pela perseguição de qualquer oposição. O regime de Franco alcançou o reconhecimento pelos países ocidentais, especialmente os EUA, no contexto do pós-Segunda Guerra Mundial e do início da Guerra Fria. Movimentos culturais e ideológicos provocaram a oposição contra a ditadura.
Fundamentos Ideológicos e Apoios Sociais
O governo de Franco era personalista, manifestando-se em imagens, símbolos e atos de exaltação do Caudillo, de inspiração fascista. Embora não tivesse uma ideia clara sobre a organização política inicial do novo Estado, a sua visão era militar, tradicionalista e baseada no sentido de ordem e hierarquia.
Traços Ideológicos do Franquismo
- Antiliberalismo e Antiparlementarismo
- Nacionalismo e Tradicionalismo
- Rejeição do Regionalismo e Militarismo
Os partidos políticos foram proibidos, exceto a Falange, que passou a ser chamada de Movimento Nacional. Franco, no entanto, manteve o apoio de diferentes grupos, conhecidos como as "famílias do regime":
- Falangistas
- Monárquicos
- Militares
- Católicos
Bases Sociais do Regime
As bases sociais do regime consistiam em:
- A oligarquia latifundiária, industrial e financeira.
- O meio rural.
- Pequenos e médios empresários.
A oposição à ditadura foi dificultada pela dura repressão que ocorreu ao longo dos anos. Contudo, o bem-estar dos anos sessenta levou um setor da classe trabalhadora a aceitar e, por vezes, apoiar o regime de Franco.
A Situação Política e a Autarquia
Após a guerra, Franco consolidou o seu poder através da adoção de decretos que lhe permitiam governar sem limitação. Iniciou-se a adoção das Leis Fundamentais do Estado (Leis Orgânicas).
A situação do pós-guerra era de um país devastado, com grande parte da população a viver na pobreza. Para aliviar a fome, foram criados cartões de racionamento e desenvolveu-se uma política dirigista da economia, defendendo o modelo económico fascista da Autarquia.
Repressão e Mercado Negro
O mercado negro permitiu que algumas indústrias sobrevivessem à escassez, gerando grande riqueza entre a oligarquia, que açambarcava a maior parte dos recursos agrícolas e industriais para vender a preços não controlados. A repressão política continuou por anos. Milhares foram presos ou submetidos a trabalho forçado. Estima-se que foram realizadas entre trinta a cinquenta mil sentenças de morte ao abrigo da Lei de Responsabilidade Política, em 1939. A repressão foi particularmente dura em regiões como a Andaluzia, Madrid e nas bacias das Astúrias. A "limpeza" no ensino e na administração atrasou a recuperação da evolução política do país.
Evolução Política Externa: Do Isolamento ao Reconhecimento
O sistema adaptou-se à situação internacional. Em outubro de 1940, Franco encontrou-se com Hitler em Hendaye. O apoio espanhol ao Eixo assumiu a forma do envio de voluntários para lutar contra o comunismo, a Divisão Azul.
A partir de 1942, o regime começou a suavizar as manifestações de caráter fascista. Após a vitória dos Aliados, houve a condenação do regime de Franco pelas Nações Unidas, o que resultou na retirada de embaixadores ocidentais e no isolamento político e económico da Espanha.
Para melhorar a imagem da ditadura no exterior, o governo, rodeado por membros da Igreja, iniciou conversações com os monárquicos (Manifesto de Lausanne).
O Fim do Isolamento (Guerra Fria)
Em 1948, o contexto da Guerra Fria permitiu o levantamento das restrições ao regime de Franco, levando ao restabelecimento das relações com países ocidentais. A ONU, em 1950, recomendou a entrada da Espanha em organizações internacionais.
Eventos chave para o reconhecimento:
- 1953: Assinatura de acordos com os EUA, permitindo a instalação de 5 bases militares americanas em Espanha e o início da assistência financeira, o que ajudou a acabar com a escassez da década anterior.
- 1953: Assinatura de uma Concordata com o Vaticano.
- 1956: Marrocos tornou-se independente, iniciando o processo de descolonização.
O Exílio Espanhol
Após a guerra, muitos espanhóis foram para o exílio, inicialmente para a França. Devido à Segunda Guerra Mundial, grande parte da população exilada seguiu para a América (especialmente o México), onde se estabeleceu o governo da República no exílio. Muitos comunistas foram para a URSS e integraram o Exército Vermelho.
O reconhecimento internacional do regime de Franco minou as esperanças do governo republicano no exílio e da oposição interna à ditadura.