Esteatose Hepática: Causas, Mecanismos e Complicações

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Lipoproteínas e Esteatose Hepática: Causas e Consequências

As lipoproteínas são estruturas produzidas em nosso organismo para transportar lipídios no sangue. São constituídas por:

  • Proteínas: chamadas apoproteínas
  • Lipídios: triglicerídeos, colesterol, fosfolipídios

Etiopatogenia da Esteatose Hepática (Fígado Gordo)

A esteatose hepática, ou fígado gordo, é o acúmulo excessivo de triglicerídeos nos hepatócitos. Sua etiopatogenia envolve diversos fatores:

  1. Dietas Hipercalóricas

    • Obesidade e Sedentarismo: Fatores que contribuem para o excesso de calorias.
    • Oferta Excessiva de Carboidratos (CHO): O fígado transforma o excesso de carboidratos em triglicerídeos.
    • Produção de VLDL: A velocidade de produção de VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade) não acompanha o excesso de oferta lipídica aos hepatócitos, resultando em acúmulo de triglicerídeos no fígado.
  2. Desnutrição Proteica

    • Deficiência de Proteínas: Não há proteína suficiente para formar apoproteínas, essenciais para a exportação de lipídios do fígado.
    • Comum em Crianças Carentes: Observada em populações com deficiência nutricional.
    • Álcool: O consumo de álcool aumenta a quantidade de triglicerídeos, sendo um fator em alcoólicos crônicos.
    • Destino dos Carboidratos da Dieta:
      • Células: Glicose → Acetil-CoA → ATP (energia)
      • Excesso: Fígado → Glicose → Glicogênio (reserva) → Acetil-CoA → Ácidos Graxos → Triglicerídeos
  3. Agentes Tóxicos

    Substâncias tóxicas desestruturam o organismo quando caem na circulação. O fígado, sendo o maior órgão metabolizador, quebra essas substâncias para que sejam eliminadas pelos rins. O álcool, por exemplo, é uma molécula grande que não pode ser eliminada diretamente pelos rins; o fígado o quebra em moléculas menores para facilitar sua excreção.

    Essas substâncias tóxicas podem destruir o retículo endoplasmático rugoso (responsável pela síntese de proteínas), impedindo a produção de proteínas e, consequentemente, de apoproteínas, o que leva ao acúmulo de lipídios no fígado.

  4. Diabetes

    No Diabetes Tipo 1 descompensado (não tratado), a falta de insulina faz com que o organismo entenda que está faltando energia. As células começam a enviar sinais para que a gordura seja quebrada para gerar energia (lipólise). Isso resulta em um grande influxo de lipídios para o fígado, que não conseguirá metabolizá-los adequadamente.

    Cada ácido graxo, devido ao acúmulo de lipídios, tem mecanismos diferentes e, consequentemente, tratamentos distintos.

  5. Álcool (Etanol)

    Além de o álcool aumentar os triglicerídeos, para ser metabolizado no fígado, ele precisa de enzimas como o citocromo P450. Se o indivíduo não está acostumado a beber, o álcool ingerido ficará circulando por mais tempo no organismo até que o fígado consiga metabolizá-lo. Toda substância que excede a capacidade de metabolização do fígado torna-se tóxica para o órgão, e sinais e sintomas começam a aparecer.

    Conforme o indivíduo aumenta a ingestão de álcool, o fígado terá uma demanda maior, e as células terão que se adaptar para atender a essa demanda, aumentando a produção de enzimas. Assim, o indivíduo consegue beber mais, ficando menos tonto.

    Ressaca: É a consequência dos metabólitos do álcool, como o acetaldeído. Quando respiramos, o álcool evapora. A mulher geralmente fica tonta mais rapidamente que o homem, pois estudos identificaram que as mulheres têm menor quantidade dessas enzimas.

    Se o estímulo (álcool) persiste por muito tempo, o acúmulo causará lesão na célula hepática, levando a um processo inflamatório: a hepatite alcoólica.

    Algumas células hepáticas morrem, outras se regeneram. Mas, persistindo o estímulo, mais células morrem e mais células se regeneram. Quando uma célula morre, a célula vizinha recebe um estímulo para entrar em hiperplasia (aumento do número de células). A hiperplasia se tornará muito grande, e a célula em hiperplasia faz cópias do DNA. Chega-se a um limite em que a célula não consegue mais se regenerar, dando espaço, então, a uma célula de preenchimento (tecido conjuntivo), formando fibrose, que no fígado conhecemos como cirrose.

    Onde tínhamos células com capacidade metabolizadora, agora temos células fibrosas que não possuem essa capacidade. Se a pessoa não morrer de cirrose, pode desenvolver câncer hepático.

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