Estratégia e Inovação em MPEs: Análises e Ferramentas

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Estratégia Competitiva em MPEs: Dimensões e Associações

Resumo

Este artigo buscou compreender as relações entre as dimensões do processo estratégico: pensamento, formação e mudança, e as estratégias genéricas e funcionais em MPEs situadas no Vale do São Francisco. A amostra considerou 271 respondentes e os resultados evidenciam que os dirigentes tendem a utilizar mais o pensamento lógico do que intuitivo, a formar a estratégia de maneira mais emergente do que deliberada e a promover mudanças mais evolutivas do que revolucionárias. Ressalta-se ainda que não houve relação significativa entre o processo estratégico e as estratégias genéricas e funcionais efetivamente adotadas pelas firmas.

Conclusões

O estudo da estratégia empresarial de grandes empresas está consolidado tanto no exterior quanto na literatura nacional. O estudo de micro, pequenas e médias empresas tem sobremaneira ressaltado os aspectos de empreendedorismo (Moraes et al., 2010) que podem diferir das grandes empresas.

Este artigo tem como objetivo a análise do processo estratégico das MPEs situadas na RIDE Petrolina-PE e Juazeiro-BA e suas decorrentes associações entre as estratégias genéricas e funcionais. De maneira geral, o processo, representado pelas dimensões de pensamento, formação e mudança (De Wit; Meyer, 2004), caracteriza-se por aproximar-se mais dos paradoxos lógico, emergente e evolutivo. Em termos de pensamento, as MPEs selecionadas aproximam-se dos modos analíticos e formais, menos intuitivos e inovativos – a estratégia deixa de ser vista como arte (Mintzberg, 1998; Santos; Alves; Almeida, 2007). Quanto à formação, alinham-se mais com as ideias emergentes apregoadas por Mintzberg e Waters (1985) e identificadas também por Premkumar (2003) e Alves et al. (2013), com mudanças gradualmente projetadas, conforme Motta et al. (2007). Ademais, a proposta de De Wit e Meyer (2004) é quase que totalmente suportada pelos achados da pesquisa, haja vista inclusive a adequação do modelo estrutural. Os resultados corroboram a proposta do alinhamento e superposições entre as dimensões do processo estratégico. De modo semelhante, as escalas de estratégias genéricas e funcionais mostraram-se consistentes e aplicáveis à realidade das MPEs. Procedeu-se então com o objetivo de testar as correlações entre as dimensões do processo estratégico e as estratégias genéricas e funcionais, visto que todo o processo estratégico tem como resultado gerar o conteúdo da estratégia, ou seja, qual estratégia será adotada pela empresa no nível do negócio e seus desdobramentos nas estratégias funcionais (Porter, 1986). Todavia, não houve relação significativa entre o processo estratégico e as estratégias efetivamente adotadas pelas firmas; as variações entre as estratégias funcionais não foram acompanhadas pelas estratégias genéricas e estas desconectadas da natureza do processo estratégico. Tais práticas são associadas ao desempenho superior e sugere-se que uma adequação melhor possivelmente elevaria os resultados alcançados pelas empresas (Jardim; Saes; Mesquita, 2013). Considerando que a literatura mostra-se consolidada para a competição das firmas e que as escalas utilizadas apresentaram índices adequados de confiabilidade, demonstrados pela consistência das análises fatoriais confirmatórias, há indícios de que os respondentes não estejam aproveitando plenamente o potencial das suas estratégias (Souza Filho, 2006), implicando, inclusive, aos pesquisadores, esforços no sentido de melhor compreender a natureza da administração estratégica em MPEs.

Radar da Inovação: Vantagem Competitiva para MPEs

Resumo

As organizações, em geral, têm buscado a inovação como meio para obtenção de vantagem competitiva. No contexto das micro e pequenas empresas (MPEs), essa prática tem sido apoiada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) por meio do programa Agentes Locais de Inovação (ALI), que tem como objetivo fortalecer a prática da inovação pela identificação de oportunidades para inovar. A principal ferramenta utilizada neste trabalho é o Radar da Inovação, que tem como base o trabalho original de Sawhney, Wolcott e Arroniz (2006). Este artigo buscou alcançar dois objetivos: i) analisar como as MPEs podem utilizar o Radar como instrumento para a construção de estratégias para a inovação; ii) analisar comparativamente os setores participantes da amostra no que se refere à dimensão em que ocorre a inovação, bem como a importância da inovação para cada setor analisado. A amostra do estudo foi composta de 1139 micro e pequenas empresas que aderiram ao programa ALI em 2012, localizadas no estado do Paraná. Os dados foram analisados por meio de testes estatísticos como o de Kruskal-Wallis, Mann-Whitney, entre outros. Os resultados obtidos mostraram que as MPEs inovam por meio de dimensões semelhantes do Radar, ainda que pertençam a setores diferentes. Contudo, a diferença entre os setores analisados está na intensidade da inovação, que se mostrou mais robusta no setor de software e mais fraca no setor moveleiro. Verificou-se ainda que muitas dimensões do Radar foram pouco exploradas, o que mostra grande potencial para obtenção de vantagem competitiva por meio da inovação.

Conclusões

A análise dos resultados obtidos permitiu concluir que, em linhas gerais, e observando a média das dimensões do Radar utilizadas por cada setor investigado, as empresas concentram seus investimentos em inovação nas dimensões plataforma e marca, identificadas como presentes em todos os setores analisados. Embora as empresas atuem em setores diversos e, portanto, com características específicas, as inovações não são diversificadas no que se refere às dimensões em que ocorrem dentro do Radar da Inovação. Como consequência, há dimensões que estão sendo pouco exploradas por todos os setores investigados. Dimensões como cadeia de fornecedores, processos, agregação de valor e ambiência inovadora têm sido pouco exploradas e, por essa razão, podem vir a constituir-se fonte de vantagem competitiva para as empresas que utilizam o Radar como instrumento para a construção de estratégias voltadas à inovação.

Contudo, embora as MPEs inovem em dimensões semelhantes, a análise estatística demonstrou diferenças significativas no que se refere à intensidade no uso da inovação entre os setores analisados. Assim, embora dois ou mais setores mostrem-se inovadores numa mesma direção, a intensidade da inovação difere de um setor para o outro. Foi observado que o setor moveleiro, por exemplo, é o menos inovador quando comparado aos demais setores, ao passo que o setor de software mostrou-se o mais inovador comparativamente.

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