Estratégias de Combate ao Crime: Além do Aumento Policial e Prisional

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Aumento do Efetivo Policial: Uma Solução Eficaz?

Os defensores da redução do crime através do aumento do número de policiais reduzem a criminalidade e a questão da segurança a um problema de "segurança policial".

Não faz sentido tentar reduzir a violência e o número de homicídios aumentando o número de pessoas armadas à solta. Além disso, é uma medida cara e contribuirá mais para multiplicar a violência que temos visto, pois a maior parte dela não é "de fora", cujo ataque em via pública a polícia poderia defender, mas, essencialmente, ocorre na família, nos relacionamentos, nas relações de gênero e nas relações sociais em geral.

Aumentar o efetivo policial além da dimensão que lhe corresponde distorce seriamente o sistema de justiça criminal, compromete gravemente o equilíbrio de poder do Estado e desvia recursos substanciais que deveriam ser alocados a programas de bem-estar social.

Aumento de Penas e Presos: A Resposta Possível?

Se fôssemos julgar os efeitos da prisão na redução da criminalidade, conforme observado na tabela acima, deveríamos duvidar seriamente de sua eficácia e voltar nossa atenção para as razões objetivas que fizeram com que, em um período tão curto de tempo, o número de presos no país tenha aumentado tão dramaticamente.

Não é verdade que a prisão regenere, reeduque e reabilite. Isso foi suficientemente estudado em países "desenvolvidos" com prisões muito sofisticadas, com excelente comida e higiene, e uma alta taxa de profissionais técnicos e de segurança interna. Criminólogos, psiquiatras e profissionais de ciências sociais descobriram que definitivamente não é possível ressocializar esses prisioneiros para a vida em liberdade, e constataram que quanto mais tempo uma pessoa permanece presa, mais difícil é, então, sua reabilitação regular na vida social. Isso significa que em países europeus e no Canadá há grandes esforços para reduzir e manter baixas as taxas de prisioneiros e também para diminuir a duração média das penas de prisão.

A Ineficiência da Prisão: Análise de Custos

Que a prisão é uma solução ineficiente revela-se na relação entre o custo desta e de outras possíveis penalidades não privativas de liberdade.

Na Costa Rica, o orçamento anual por preso em 1990 era de 3.749 dólares37.

Para ilustrar, no caso da Costa Rica, se dividirmos 3.749 dólares pelos meses do ano, seria possível prover 312 dólares por mês para muitos que estão privados de liberdade e que, durante sua vida em liberdade, não só não estudaram, mas também não puderam satisfazer suas necessidades básicas. Estudos sobre a população carcerária determinam que a maioria dos condenados à prisão pertence às classes mais desfavorecidas, e qualquer pessoa que já trabalhou no sistema de justiça criminal também sabe que um emprego regular e uma renda modesta teriam mudado a vida de muitos "clientes" do sistema.

Por Que Soluções Simplistas Estão Erradas

As duas respostas simplistas que acabamos de discutir (aumentar a polícia, aumentar o número de presos) estão erradas porque:

  • Ignoram a existência do ato penal e se focam apenas em um ou dois fatores ou em um de seus segmentos;
  • Ignoram a existência do mais amplo "sistema de política criminal", que em todas as sociedades que não querem limitar sua política nesta área a "monitorar e punir", também inclui outros componentes sociais que compõem o sistema de justiça criminal, principalmente componentes dos setores de estado de bem-estar social e organizações não-governamentais de diversos setores da sociedade;
  • Como corolário do que precede, omitem a necessidade de uma política criminal, ou a reduzem a uma "polícia política", com objetivos e ações muito limitados: parar pessoas e aumentar o número de prisioneiros.

As ações preventivas da criminalidade são verdadeiramente aquelas que evitam ou reduzem sua frequência e ocorrência antes e independentemente do sistema de justiça criminal.

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