Estratégias Textuais: Intertextualidade e Argumentação Eficaz

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Estratégias Textuais: Intertextualidade e Argumentação

A intertextualidade acontece quando há uma referência explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer com outras formas além do texto, como música, pintura, filme, novela, etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra, ocorre a intertextualidade.

Apresenta-se explicitamente quando o autor informa o objeto de sua citação. Num texto científico, por exemplo, o autor do texto citado é indicado. Já na forma implícita, a indicação é oculta. Por isso, é importante para o leitor o conhecimento de mundo, um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. Há duas formas principais: a Paráfrase e a Paródia.

Paráfrase

Na paráfrase, as palavras são mudadas, porém a ideia do texto é confirmada pelo novo texto. A alusão ocorre para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com outras palavras o que já foi dito.

Paródia

A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros textos. Há uma ruptura com as ideologias impostas e, por isso, é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, aqui, um choque de interpretação: a voz do texto original é retomada para transformar seu sentido, levando o leitor a uma reflexão crítica de suas verdades incontestadas anteriormente. Com esse processo, há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo dessa arte; frequentemente, os discursos de políticos são abordados de maneira cômica e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe dominante. Com o mesmo texto utilizado anteriormente, teremos, agora, uma paródia.

Argumentação: Conceito e Prática

Argumentar é a capacidade de relacionar fatos, teses, estudos, opiniões, problemas e possíveis soluções a fim de embasar determinado pensamento ou ideia.

Um texto argumentativo sempre é feito visando um destinatário. O objetivo desse tipo de texto é convencer, persuadir, levar o leitor a seguir uma linha de raciocínio e a concordar com ela.

Para que a argumentação seja convincente, é necessário levar o leitor a um “beco sem saída”, onde ele seja obrigado a concordar com os argumentos expostos.

No caso da redação, por ser um texto pequeno, há uma obrigatoriedade em ser conciso e preciso, para que o leitor possa ser levado direto ao ponto-chave. Para isso, é necessário que se exponha a questão ou proposta a ser discutida logo no início do texto, e a partir dela se tome uma posição, sempre de forma impessoal. O envolvimento de opiniões pessoais, além de ser terminantemente proibido em textos que serão analisados em concursos, pode comprometer a veracidade dos fatos e o poder de convencimento dos argumentos utilizados. Por exemplo, é muito mais aceitável uma afirmação de um autor renomado ou de um livro conhecido do que o simples posicionamento do redator a respeito de determinado assunto.

Regras para uma Boa Argumentação

Uma boa argumentação só é feita a partir de pequenas regras, as quais facilmente são encontradas em textos do dia a dia, já que durante a nossa vida levamos um longo tempo tentando convencer as outras pessoas de que estamos certos:

  • Os argumentos devem ter um embasamento; nunca se deve afirmar algo que não venha de estudos ou informações previamente adquiridas.
  • Os exemplos dados devem ser coerentes com a realidade, ou seja, podem até ser fictícios, mas não podem ser inverossímeis.
  • Caso haja citações de pessoas ou trechos de textos, os mesmos devem ser razoavelmente confiáveis; não se pode citar qualquer pessoa.
  • Experiências que comprovem os argumentos devem ser também coerentes com a realidade.
  • É preciso imaginar sempre os questionamentos, dúvidas e pensamentos contrários dos leitores quanto à sua argumentação, para que a partir deles se possam construir melhores argumentos, fundamentados em mais estudo e pesquisa.

Estrutura do Texto Argumentativo

Sobre a estrutura do texto:

  • Deve conter uma lógica de pensamentos. Os raciocínios devem ter uma relação entre si, e um deve continuar o que o outro afirmava.
  • No início do texto, deve-se apresentar o assunto e a problemática que o envolve, sempre tomando cuidado para não se contradizer.
  • Ao decorrer do texto, vão sendo apresentados os argumentos propriamente ditos, junto com exemplificações e citações (se existirem).
  • No final do texto, as ideias devem ser arrematadas com uma tese (a conclusão). Essa conclusão deve vir sendo prevista pelo leitor durante todo o texto, à medida que ele vai lendo e se direcionando para concordar com ela.

A argumentação não trabalha com fatos claros e evidentes, mas sim investiga fatos que geram opiniões diversas, sempre em busca de encontrar fundamentos para localizar a opinião mais coerente.

Não se pode, em uma argumentação, afirmar a verdade ou negar a verdade afirmada por outra pessoa. O objetivo é fazer com que o leitor concorde e não com que ele feche os olhos para possíveis contra-argumentos.

Caso seja necessário, pode-se também fazer uma comparação entre vários ângulos de visão a respeito do assunto. Isso poderá ajudar no processo de convencimento do leitor, pois não dará margens para contra-argumentos. Porém, deve-se tomar muito cuidado para não se contradizer e para ser claro. Para isso, é necessário um bom domínio do assunto.

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