Estrutura e Coloração de Bactérias: Guia Essencial

Coloração de Gram: O Papel da Descoloração com Álcool

Na coloração de Gram, a etapa de descoloração com álcool é de suma importância. O álcool age extraindo lipídios da parede das bactérias Gram-negativas, resultando em uma porosidade aumentada que permite a saída do corante.

Como as bactérias Gram-positivas possuem uma parede celular mais espessa, o complexo corante-iodo permanece no seu interior, mantendo-as roxas. Assim, se essa etapa não for realizada, ambas as bactérias estarão coradas de roxo no final do processo.

Técnica para Isolar e Confirmar a Pureza de Culturas

Para separar e isolar dois morfotipos de bactérias, utiliza-se a técnica de esgotamento, e a pureza é confirmada por análises subsequentes.

• Técnica de Esgotamento: O isolamento das culturas pode ser feito pela técnica de esgotamento. Ela consiste em semear, com o auxílio de uma alça de inoculação, uma porção da suspensão de microrganismos, fazendo na superfície do meio uma sequência de estrias não sobrepostas. A quantidade de material na alça diminui progressivamente, permitindo que, ao final, as células microbianas se depositem separadamente. Após incubação por tempo e temperatura adequados, cada célula dará origem a uma colônia isolada.
• Confirmação da Pureza: Para identificar a pureza da cultura, pode-se repicá-la para um meio de cultura revelador, onde apresentará determinada cor, ou realizar provas bioquímicas e análises microscópicas para observar a morfologia.

Diferenças na Parede Celular: Gram-Positiva vs. Gram-Negativa

A composição da parede celular distingue fundamentalmente as bactérias Gram-positivas das Gram-negativas.

• Bactérias Gram-Positivas: Apresentam uma parede celular espessa constituída de peptidoglicano, com inserção de proteínas, ácidos teicoicos e lipoteicoicos. Estes componentes conferem carga negativa, estabilizam a membrana plasmática, mantêm a integridade da parede e regulam enzimas autolíticas.
• Bactérias Gram-Negativas: Possuem uma parede mais complexa, com uma fina camada de peptidoglicano no espaço periplasmático. A membrana externa contém lipopolissacarídeos (LPS), cuja porção Lipídio A atua como endotoxina, podendo causar uma resposta imune exacerbada (febre, inflamação generalizada). O espaço periplasmático é um sítio de reações químicas e transporte de substâncias através de porinas.

A Estrutura do Peptidoglicano Bacteriano

O peptidoglicano é um componente fundamental da parede celular, fornecendo proteção física contra antimicrobianos e rigidez estrutural. É um polímero de aminoácidos e açúcares.

A parte glicídica é formada pelo ácido N-acetilglucosamina (NAG) e pelo ácido N-acetilmurâmico (NAM), interligados por ligações β-1,4. O NAM, por sua vez, está ligado a tetrapeptídeos adjacentes, conferindo a rigidez característica da parede celular.