Estruturas de Madeira: Vantagens e Tipos
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Estruturas de Madeira: Por que construir com madeira?
A madeira é uma das matérias-primas mais antigas usadas na construção, desde as civilizações primitivas até as mais desenvolvidas. Ela se mostra cada vez mais vantajosa na arquitetura moderna, devido a fatores como durabilidade e resistência.
A madeira está presente em todas as etapas de uma obra: fôrmas, estruturas, escoramentos, forros, pisos, esquadrias, revestimentos e mobiliário. Seu uso é valorizado por arquitetos e engenheiros devido à beleza e sofisticação. O desafio é alinhar o uso da madeira com a sustentabilidade.
Vantagens das Estruturas de Madeira
1. Resistência a Xilófagos
Madeiras como o Jatobá apresentam alta resistência ao ataque de organismos xilófagos (que se alimentam de madeira). Eles só atacam madeiras com sinais de apodrecimento.
2. Segurança Contra Incêndio
A madeira não oxida. O metal, sob altas temperaturas, deforma-se, perdendo função estrutural. O ferro do concreto armado, sem recobrimento adequado, também perde função em caso de incêndio.
A madeira, na natureza, já desempenha função estrutural. Após serrada, funciona como elemento pré-moldado, de fácil montagem. Sua resistência é determinada pela espécie e manejo.
3. Manutenção
Detalhes de projeto evitam o apodrecimento precoce:
- Evitar pontos de condensação de água.
- Aplicar impermeabilizantes em encaixes e apoios.
- Utilizar a madeira a 20 cm ou mais acima do solo.
- Deixar espaço livre entre assoalho e solo para ventilação.
- Deixar espaço livre entre forro e cobertura para ventilação.
4. Economia de Energia
Comparando a energia despendida na construção de um pavilhão com diferentes materiais estruturais (madeira, concreto armado, ferro e alumínio), desde a fabricação até o final da obra, temos:
- Madeira: 1 unidade
- Concreto armado: 6 unidades
- Ferro: 16 unidades
- Alumínio: 160 unidades
A madeira é produzida na natureza, mas não deve ser explorada de forma insustentável.
5. Mão de Obra e Equipamentos
Madeira:
- Materiais: madeira, pregos, parafusos.
- Mão de obra: carpinteiros.
- Equipamentos: serra circular, furadeira, grampos.
Concreto:
- Materiais: cimento, madeira (descartável), pregos, parafusos, arame, areia, brita, água, acabamentos.
- Mão de obra: carpinteiros, armadores.
- Equipamentos: serra circular, furadeira, tesoura de cortar ferro, chave de dobrar ferro, betoneira, vibrador.
6. Modificações no Projeto
Alterações em projetos de casas de madeira são mais simples e baratas. Erros e mudanças em casas de alvenaria geram desperdício, enquanto em casas de madeira, os materiais podem ser facilmente reciclados.
7. Sustentabilidade e Consciência Ambiental
Casas de madeira são ecologicamente corretas e saudáveis. Sua produção emite menos gás carbônico, e a construção gera menos desperdício e consome menos energia. A madeira retém calor e protege contra o frio, reduzindo a necessidade de aquecedores ou ar condicionado. É naturalmente quente no inverno e fresca no verão.
A madeira é um material tecnológico e sustentável. Pesquisadores afirmam que o objetivo é superar barreiras técnicas para que a construção civil utilize mais esse material.
Sistemas Estruturais de Madeira
Norma: ABNT NBR 7190/1197 (2012)
Classificação das Árvores
As árvores são classificadas como vegetais superiores, com complexidade anatômica e fisiológica. São subdivididas em:
- Gimnospermas
- Angiospermas
Gimnospermas (Coníferas)
- Árvores sem frutos.
- Flores em forma de cones ou estróbilos (folhagem em forma de agulha).
- Madeira mole (softwoods).
- Predominam no hemisfério norte.
- Na América do Sul: Pinus e Araucária (Pinheiro-do-Paraná).
Angiospermas
- Vegetais mais evoluídos (flores e frutos).
- Frutos protegem as sementes e enriquecem o solo.
- Divididas em: Monocotiledôneas e Dicotiledôneas.
Monocotiledôneas
- Palmas: madeiras pouco duráveis, usadas em estruturas temporárias.
- Gramíneas: Bambu (boa resistência mecânica e leveza).
Dicotiledôneas
- Madeiras duras (hardwoods) - principais madeiras estruturais na construção civil.
Fisiologia da Árvore
A árvore cresce verticalmente. A cada ano, há um novo crescimento vertical e uma nova camada se sobrepõe às antigas. Em um corte transversal do tronco, essas camadas são os anéis de crescimento (Xilema). São mais evidentes em regiões temperadas.
- Casca: Proteção contra agentes externos. Dividida em camada externa (células mortas) e interna (tecidos vivos).
- Lenho: Parte resistente do tronco. Dividido em:
- Alburno: Madeira jovem, permeável, menos densa, sujeita a fungos e insetos, menor resistência.
- Cerne: Modificações do alburno, mais denso e resistente.
- Câmbio: Camada delgada entre casca e lenho, visível com lentes. Parte viva da árvore, responsável pelo aumento do diâmetro.
Vantagens das Estruturas de Madeira (Continuação)
a) Elevada resistência mecânica.
b) Facilidade de ser trabalhada: Carpinteiros podem construir detalhes com ferramentas simples.
c) Ótimo isolamento térmico: A madeira cumpre bem a função térmica.
d) Obtenção do material próximo à obra: Comprovado mesmo em regiões remotas.
e) Resistência ao fogo: Bem dimensionada, a madeira apresenta resistência superior a outros materiais. A camada carbonizada externa age como isolante térmico. Estruturas metálicas perdem resistência em cerca de 10 minutos em temperaturas acima de 500°C.
Desvantagens das Estruturas de Madeira
a) Falta de Homogeneidade:
a.1) Anisotropia: Variação das propriedades físicas e mecânicas conforme a direção (L = Longitudinal, R = Radial, T = Tangencial).
Na prática, as direções Radial e Tangencial são agrupadas como "direção normal às fibras". A direção Longitudinal é chamada de "direção paralela às fibras".
a.2) Variação das propriedades dentro da própria espécie.
a.3) Apresentação de defeitos.
b) Higroscopia: Variação de volume e resistência mecânica com a variação da umidade.
c) Durabilidade limitada: Ataques de fungos e insetos. Processos de secagem e tratamentos preservativos garantem durabilidade de 50 anos ou mais.
d) Defeitos: A quantidade de defeitos determina a qualidade das amostras.
Higroscopia (Detalhes)
Madeira sólida: sem umidade.
Água livre: nas cavidades das células, fácil de eliminar.
Água impregnada: nas paredes das células, difícil de eliminar.
Ponto de Saturação das Fibras (PSF): mínimo de água livre e máximo de água de impregnação (aproximadamente 25% nas madeiras brasileiras).
Para fins estruturais, a NBR-7190 especifica 12% de umidade como Teor de Referência.
Defeitos da Madeira
É improvável obter madeira isenta de defeitos. Os defeitos podem ser:
- Defeitos na forma do tronco:
- Tortuosidade: Comum, devido a luminosidade, folhagem assimétrica, cipós, etc.
- Bifurcação: Tronco se divide em dois.
- Defeitos de Secagem:
- Rachaduras: Aberturas radiais no topo da peça.
- Fendilhamento: Pequenas aberturas ao longo da peça.
- Empenamento: Distorção em relação ao plano da superfície.
- Defeitos por agentes físicos e bióticos:
- Weathering: Descoloração, levantamento da grã, enfraquecimento.
- Apodrecimento: Fungos e bactérias afetam a resistência.
- Ataque por insetos: Perfuração de canais e câmaras.
Agentes Externos - Cupins
Cupins se alimentam de celulose (madeira, papel, tecidos, gesso, alvenaria). Existem cerca de 2.200 espécies, 500 no Brasil. Três são importantes:
- Cupim de solo ou subterrâneo.
- Cupim de madeira seca.
- Cupim de pântano.
Painéis e Placas de Madeira
O setor de produtos florestais inclui madeira em tora, madeira serrada, painéis de madeira, pasta de madeira e papel. As principais cadeias produtivas são construção civil e moveleira.
Painéis de madeira reconstituídos:
- Compostos laminados: laminados e sarrafeados.
- Compostos particulados:
- Painéis de fibras: MDF, HDF, MDP.
- Painéis aglomerados: compensados, waferboard, OSB.
Painel Compensado
Lâminas unidas sob pressão por adesivo. Madeira macia (softwood) ou dura (hardwood). Número ímpar de camadas, com a grã perpendicular entre camadas adjacentes. Camadas podem ter uma ou mais lâminas com grãs paralelas.
Painéis Particulados
Aglomerado: partículas de pinus aglutinadas com adesivo sintético. Pouca durabilidade e resistência à umidade. Material de baixo custo.
Painéis Laminados
Número ímpar ou par de lâminas, mas sempre ímpar de camadas (orientação das grãs). Lâminas variam em número, espessura, espécie e classe. A alternância da grã confere estabilidade dimensional.
Painéis de Partículas Orientadas (OSB - Oriented Strand Board)
Placas de partículas orientadas, em várias dimensões e espessuras. Surgiram nos EUA na década de 1970. Produzidas a partir de árvores de crescimento rápido (pinho marítimo, no Brasil eucalipto). Partículas (10 x 2,5 cm) aglomeradas sob calor e pressão com resinas e produtos químicos. A resina mais utilizada é a Fenol-Formaldeído (resina fenólica).
Painéis de MDF (Medium Density Fiberboard)
Fibras de madeira aglutinadas com resinas sintéticas sob temperatura e pressão. Estrutura homogênea e isotrópica. Destinado à indústria moveleira. Permite vários acabamentos. Substitui compensado e madeira serrada. Surgiu na década de 1960 como substituto da chapa de fibra dura.
Painéis de HDF (High Density Fiberboard) e SDF (Super Density Fiberboard)
Mesmo processo do MDF, com fibras de Pinus e Eucalipto. Placas de alta resistência, usadas na indústria moveleira e pisos de alta performance.
Painéis de Madeira e Sustentabilidade
- Alternativos à madeira maciça.
- Placas maiores que as de madeira maciça.
- Utilizam subprodutos do corte e laminação.
- Materiais não utilizáveis geram energia para o processo.
Propriedades Físicas da Madeira
Influenciam no desempenho e resistência:
- Espécie da árvore.
- Solo e clima.
- Fisiologia da árvore.
- Anatomia do tecido lenhoso.
- Variação da composição química.
Características da Madeira
- Umidade.
- Densidade.
- Retratibilidade.
- Resistência ao fogo.
- Durabilidade natural.
- Resistência química.
A madeira é um material ortotrópico (comportamento diferente em relação à direção das fibras).
Teor de Umidade
Água na madeira:
- Água livre: nas cavidades.
- Água impregnada: nas paredes das células.
Ponto de Saturação das Fibras (PSF): mínimo de água livre e máximo de água de impregnação (cerca de 25% nas madeiras brasileiras). Para fins estruturais: 12% de umidade (referência para ensaios).
Densidade
Norma Brasileira:
- Densidade Aparente.
- Densidade Básica.
Densidade Básica: massa seca / volume saturado.
Densidade Aparente: determinada para 12% de umidade (usada em cálculos de estruturas). m = massa, V = volume a 12% de umidade.
Retratibilidade
Redução das dimensões pela saída de água de impregnação. A retração ocorre em porcentagens diferentes nas direções tangencial, radial e longitudinal.
Resistência ao Fogo (Repetição com Ênfase)
A madeira, quando bem dimensionada, apresenta resistência ao fogo superior à de outros materiais estruturais. A camada carbonizada externa atua como isolante térmico, retardando a propagação do fogo. Estruturas metálicas perdem resistência rapidamente em altas temperaturas.
Durabilidade Natural
Depende da espécie e características anatômicas. O cerne e o alburno têm durabilidades diferentes (alburno mais vulnerável).