Estudos Culturais: Origens, Influências e Marcos
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Os Estudos Culturais: Origem
Crítica às formas culturais (cultura refinada, erudita e brutal)
Estudos de crítica literária de Frank Raymond Leavis (1895-1978): Mass Civilization and Minority Culture: o desenvolvimento do capitalismo industrial e suas expressões culturais (cinema) têm efeito pernicioso sobre as diversas formas da cultura tradicional, tanto do povo quanto da elite.
Em 1957, o professor de Literatura Inglesa Richard Hoggart publica The Uses of Literacy: descreve as transformações do modo de vida e das práticas (the whole way of life) da classe operária (trabalho, vida sexual, família, lazer) - trata-se, a um só tempo, de uma crítica e um elogio a essas práticas.
Raymond Williams publica Culture and Society, no qual critica a dissociação frequentemente praticada entre cultura e sociedade.
Stuart Hall e Paddy Whannel publicam The Popular Arts, encerrando demandas oriunda de uma instituição de formação de trabalhadores em que ensinava junto com Williams.
Influências
Do interacionismo social (ou simbólico) da Escola de Chicago porque trabalha numa dimensão etnográfica, analisando valores e significações vividas, as maneiras pelas quais a culturas dos diferentes grupos se comportam diante da cultura dominante, como os atores sociais se definem.
Tal tradição do interacionismo cruza-se com a tradição etnográfica britânica, que renovou a forma de fazer história social: a partir dos "de baixo", principalmente em sua associação com o feminismo.
Apóiam-se em Roland Barthes para proceder leituras ideológicas, principalmente na mídia (revistas femininas, programas de TV, o discurso da imprensa em geral: núcleo das pesquisas do centro).
Marcos nos Estudos Culturais
A obra de R. Williams, The Long Revolution (1965) marca uma dupla ruptura:
- com a tradição literária que situa a cultura fora da sociedade e põe em seu lugar um conceito antropológico: a cultura é o processo por meio do qual as significações são social e historicamente construídas - literatura e artes são apenas partes da comunicação social.
- com o marxismo redutor: pretendia um marxismo mais complexo, que permite estudar a relação entre cultura e as outras práticas sociais, e não a uma determinação socioeconômica (contra o determinismo sociológico).
E. P. Thompson acusou Williams de permanecer tributário de uma tradição literária evolucionista, que se refere à cultura no singular; mas os historiadores provam que as culturas ocorrem no plural: a história é feita de lutas tensões e conflitos, ligados à cultura e formações de classes.
Encoding/Decoding
- Dominante: corresponde aos modos de ver hegemônicos, que aparecem como naturais, legítimos, inevitáveis
- Oposicional: interpreta a mensagem a partir de um quadro de referência, de uma visão de mundo contrária (ex: traduzindo o "interesse nacional" por "interesse de classe")
- Negociado: mescla de elementos de oposição e adaptação, um misto de lógicas contraditórias que subscreve em parte as significações e valores dominantes