Ética do Dever: Kant, Aristóteles e Epicuro em Comparação
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Immanuel Kant foi um filósofo de renome que promoveu uma grande mudança na filosofia, influenciando autores posteriores a ele. Neste texto, pretendo refletir sobre sua ética do dever, comparando-a com a de outros autores anteriores.
A Ética do Dever de Immanuel Kant
Kant buscava desenvolver uma ética distinta das demais, que pudesse ser aplicável universalmente e que permitisse, em qualquer caso, distinguir o certo do errado. Segundo Kant, a razão teórica formula juízos de valor, enquanto a razão prática os torna obrigatórios. Estes são os pilares de sua ética, pois são vazios de conteúdo empírico, já que da experiência não se extrai conhecimento universal. São dados do nosso próprio ser, ou a priori. Kant distingue entre imperativos categóricos e hipotéticos, sendo os primeiros dotados de valores universais, ao contrário dos hipotéticos, que servem apenas a interesses. Assim, Kant formula imperativos categóricos que nos levam a conclusões como a de que devemos tratar a humanidade, em nós mesmos e nos outros, sempre como um fim em si e nunca meramente como um meio, ou que devemos agir como se fôssemos legisladores de uma lei universal.
Ética da Felicidade: Aristóteles
Um dos autores com os quais podemos comparar a ética de Kant é Aristóteles, cuja ética da felicidade (eudaimonia) postula que o propósito de nossa existência é a felicidade. Aristóteles argumenta que as pessoas frequentemente confundem os fins com os meios, e acrescenta que a felicidade é vazia em si mesma, sendo preenchida através de bens materiais e espirituais, sempre utilizando a capacidade de escolha (phronesis) para alcançar esses bens.
Ética do Prazer: Epicuro
A próxima ética a ser comparada é a ética do prazer de Epicuro, para quem o fim da vida é o prazer (hedonismo), que, por sua vez, deve ser moderado, controlado e racional. Esse prazer é uma necessidade básica tanto do nosso corpo quanto da nossa alma. Para Epicuro, o ser humano é dividido em corpo e alma, sendo os prazeres da alma considerados superiores. No entanto, o mal reside no sofrimento humano, que deve ser evitado a todo custo, buscando-se a ataraxia (ausência de perturbação da alma) e a aponia (ausência de dor física), e evitando conflitos entre corpo e alma.
Conclusão e Opinião Pessoal
Na minha humilde opinião, a ética kantiana parece ser a mais adequada entre as abordadas. A ética aristotélica, apesar de buscar um meio-termo, não pode ser tomada como uma lei aplicável universalmente a qualquer indivíduo, e representa uma ética baseada em bens externos à pessoa. A ética epicurista, por sua vez, parece menos convincente, pois não faz sentido buscar um estado de vida máximo (o prazer) e evitar a dor e o sofrimento a todo custo, especialmente considerando a incerteza sobre o que é certo ou errado. A ética de Kant reflete valores universais e objetivos que permitem sua aplicação na sociedade, embora, para mim, seja um pouco exagerada em seu rigor. Apesar dessa ressalva, considero que a ética do dever kantiana é muito mais completa do que a ética vigente em nossa sociedade, cujo imperativo é frequentemente hipotético.