Ética e Moral: Conceitos Fundamentais

Tolerância Cultural: Necessidade e Limites

A tolerância cultural é considerada um imperativo das culturas. Todavia, pode conduzir ao relativismo se considerar que tudo é tolerável e não tiver em conta critérios transubjetivos de valoração (isto é, critérios que ultrapassem a perspetiva de cada indivíduo ou cultura). Devemos, assim, tolerar culturas diferentes, pois não é por serem diferentes que são consideradas erradas.

Distinção entre Moral e Ética

A moral é o conjunto de normas que são impostas a cada indivíduo para o acompanhamento social naquilo que é considerado bem ou mal, sendo as normas padrões de comportamento que traçam o relacionamento do "eu" e do "tu". A ética corresponde ao questionamento constante acerca do modo como havemos de viver. Sendo assim, estas são sinónimos, mas podem estar relacionadas. Por exemplo, um indivíduo ético-moral reconhece princípios éticos e pondera imparcialmente os interesses de todos. A ética exige também o cumprimento das normas da moral. Concluindo, ética e moral são sinónimos, mas podem estar relacionadas entre si.

Juízo Moral: Uma Apreciação Crítica

O juízo moral é a apreciação de uma ação em função de diferentes critérios, pois nem todas as conceções éticas defendem o mesmo critério para determinar o valor moral das ações. Há teorias que definem a moralidade em função do cumprimento da norma: ou é uma ação moral ou imoral, conforme respeita ou não a norma. Outras, sendo mais exigentes, valorizam a intenção do agente moral que cumpre a norma. Outras teorias defendem ainda que o valor moral é definido através das consequências, boas ou más, que irão trazer.

Relativismo Moral: Uma Perspetiva Cultural

O relativismo defende que os códigos morais reconhecidos num dado momento não são os mesmos em todas as sociedades e culturas, nem são os mesmos que os do passado. O relativismo moral defende que os valores morais são convenções que se vão transformando, acompanhando a dinâmica social.

A Necessidade da Relação Eu-Outro

Somos seres humanos porque crescemos entre seres humanos. Cada um de nós foi aprendendo a ser humano desenvolvendo características genéticas que só a convivência torna possível. Por isso, a vida social é condição da nossa humanização. Aprender a viver humanamente é um processo de desenvolvimento que começa mesmo antes do nascimento, alimenta-se de todas as experiências e da comunicação intersubjetiva que cada indivíduo estabelece com os outros. Assim sendo, cada pessoa é o resultado deste processo interacional.

Consciência Moral: Autogoverno e Autoconhecimento

Neste processo de aprender a ser humano, vai-se constituindo a consciência moral do ser humano. Sendo assim, ter consciência moral é estar ciente dos nossos próprios estados, perceções e ideias. Quando dizemos que temos a consciência de um ato, por exemplo, significa que estamos a dar atenção ao nosso modo e consequências, ou seja, a consciência é a autoridade moral e capacidade de autogoverno.

Da Heteronomia à Autonomia: Uma Transição Moral

A heteronomia é um antónimo de autonomia, significa que a ação foi determinada por outros e não pelo próprio. Já a autonomia é a capacidade de tomar as nossas próprias decisões, agindo assim em função da consciência moral. A aquisição da consciência marca a passagem da heteronomia para o estado de autonomia, passando assim a ser a consciência quem impõe a si mesma as leis a que deve cumprir, conferindo assim o estatuto de ser moral ou pessoa.

Fundamentos da Moral: Razões para Agir Moralmente

As razões que fundamentam a moral são:

• Agirmos por obediência aos mandamentos que Deus deu a conhecer a nós.
• Por dever, enquanto único motivo que torna os seres humanos autónomos.
• Por altruísmo, isto é, por existir em cada ser humano uma tendência que o leva a ser solidário para com os outros.
• E, por último, egoísmo ou satisfação do amor-próprio do ser humano, ou seja, o ser humano é egoísta mesmo quando é solidário, pois agimos para o nosso bem-estar.