Ética, Moral e Sociedade

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Ética e Moral: Definições e Diferenças

Definição de Ética: É um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma racional, fundamentada, científica e teórica. É uma reflexão sobre a moral.

Definição de Moral: É um conjunto de normas que aceitamos como válidas.

Distinção entre Ética e Moral: A moral é um conjunto de normas que aceitamos como válidas; a ética é a reflexão sobre o porquê de considerarmos tais normas válidas.

Etnocentrismo, Relativismo e Interculturalismo

Etnocentrismo

O etnocentrismo é a atitude característica de quem só reconhece legitimidade e validade às normas e valores vigentes na sua cultura ou sociedade. Tem a sua origem na tendência de julgarmos as realizações culturais de outros povos a partir dos nossos próprios padrões culturais, pelo que não é de admirar que consideremos o nosso modo de vida como preferível e superior a todos os outros.

Os valores da sociedade a que pertencemos são, na atitude etnocêntrica, declarados como valores universalizáveis, aplicáveis a todos os homens, ou seja, dada a sua "superioridade" devem ser seguidos por todas as outras sociedades e culturas.

Quais os perigos da atitude etnocêntrica? A negação da diversidade cultural humana e, sobretudo, os crimes, massacres e extermínios que a conjugação dessa atitude ilegítima com ambições económicas provocou ao longo da História.

Relativismo

O relativismo aceita e respeita a diversidade cultural; cada cultura só pode ser avaliada a partir de dentro, isto é, dos seus valores, ideias e padrões de comportamento. Apesar de o relativismo se encontrar, em princípio, em consonância com o modelo de sociedade multicultural, ele não parece ser capaz de responder eficazmente aos problemas concretos que a mesma comporta.

Uma posição relativista não nos permite fundamentar convenientemente o modo como agir. Convida-nos, em última análise, a tolerar.

Consequências do Relativismo: Promove a separação, podendo ocorrer fenómenos de segregação. Os guetos (grupos isolados) são um exemplo.

Interculturalismo

O interculturalismo pretende ultrapassar as limitações das atitudes etnocêntricas e relativistas, reconhece a natureza plural e diversificada da cultura humana e procura promover o contacto entre as diferentes culturas porque parte do pressuposto de que é possível a compreensão entre elas, assumindo a universalidade dos direitos humanos.

Consequências (positivas) do Interculturalismo: Tende a promover a integração e interação entre culturas.

A Pessoa como Sujeito Moral

O ser humano é um ser dotado de razão e capaz de realizar ações voluntárias, conscientes e intencionais. Só nesta condição se pode falar de um ser moral, de uma pessoa. A pessoa constitui, por si mesma, um dinamismo próprio de um ser livre, singular, autónomo, responsável, com dignidade e abertura. São estas características que permitem à pessoa (ou não) aderir livremente e conscientemente às normas morais instituídas.

É nestas condições que as suas ações podem ser compreendidas e avaliadas como morais ou imorais e que o sujeito pode ou não ser responsabilizado.

O Eu, o Outro e as Instituições

O Eu e o Outro

O homem é um ser moral (não nasce com a pessoa, é algo que se vai construindo progressivamente, numa relação consigo mesmo, com o outro e com as instituições).

Eu e o outro: Esta relação inicia-se com os laços afetivos mãe/filho; família, colegas da escola, de trabalho, pessoas em geral e amigos (conferem ao eu o verdadeiro estatuto do ser humano).

A socialização (responsável pelo desenvolvimento do eu) processa-se na relação com os outros através da linguagem e de outras formas como, por exemplo, a afetividade (elemento regulador das relações interpessoais). A amizade, o amor e a simpatia vão impulsionar as pessoas a aproximarem-se, solidificando as relações positivas que se estabelecem entre o eu e o outro.

Mas nem sempre as relações entre o eu e o outro se estabelecem de forma positiva, podendo surgir conflitos. Assim, o outro deixa de ser o próximo e passa a ser o rival, o que se nos opõe. Isto pode levar à degradação da relação e à dificuldade de convivência.

Eu e o outro constituem uma estrutura mais ampla - a sociedade, onde têm que coexistir (necessitam de cumprir regras e atuar em função dos valores instituídos socialmente). O dever-ser é o conflito do eu (entre aquilo que quer e o que lhe é imposto).

  • Pois na resolução de conflitos é que o homem vai interiorizando os padrões sociais, as normas e os valores, adquirindo consciência do ser eu social e moral.
  • É o outro que nos julga, é ele o motivador das nossas ações, é ele o formador do nosso eu.
  • É a presença do outro que nos obriga a refletir sobre nós mesmos, a analisarmo-nos e a corrigir os nossos erros.
  • É numa relação com o outro que o eu se forma como ser moral.

Nós e as Instituições

Viver em sociedade é integrar-se em instituições organizadas, que protegem, ordenam, formam-nos, promovem-nos e estabelecem o bem-estar comum.

Instituições:

  • Comunidade de Pessoas: Família, escola, tribunais, etc.
  • Estruturas organizadas: Monarquia hereditária, direitos da criança, democracia, etc.

Origem das instituições: Consciência de uma necessidade coletiva, visa o bem-estar comum, alcançar objetivos de natureza social.

Bem coletivo: Garantido pelo bom funcionamento das instituições.

Funções das Instituições

  • Salvaguardam as tradições e ensinamentos do passado.
  • Raramente estão em desacordo com a vida moral.
  • São as guardiãs da moral e dos bons costumes.
  • Limitam a liberdade individual e o progresso dos povos.

Soluções: As instituições devem permitir às pessoas desenvolver livremente as suas capacidades, permitir que a pessoa cresça (e que não atrofie); fazer com que as pessoas sintam a necessidade das instituições (em vez de as suportar).

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