O Que é Etnocentrismo e a Visão Antropológica Relativista

Classificado em Psicologia e Sociologia

Escrito em em português com um tamanho de 4,39 KB

Definindo o Etnocentrismo

“Etnocentrismo é uma visão de mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência” — assim se define o etnocentrismo nas primeiras palavras do livro em questão (p. 5). Mas o que isso significa, na realidade?

Os seres humanos possuem um instinto nato que os habilita a identificar tudo quanto lhes seja estranho ou diferente. Costumamos separar as coisas em dois grupos distintos: o grupo do “eu” ou do “nós” e o grupo do “outro”. Essa separação ocorre, de acordo com o livro, devido a um “fenômeno onde se misturam tanto elementos intelectuais e racionais quanto elementos emocionais e afetivos” (p. 5).

O texto ainda afirma que os elementos intelectuais incluem uma dificuldade de se pensar a diferença, enquanto os elementos emocionais se manifestam em sentimentos como estranheza, medo e hostilidade.

O Evolucionismo e a Tentativa de Explicação Racional

No plano histórico, o livro aborda o surgimento da visão antropológica do relativismo ou da relativização, traçando uma linha contextual das visões que a antecederam (pp. 26, 27). O ponto de partida é o surgimento das teorias evolucionistas, uma tentativa de explicação racional para as diferenças culturais.

O evolucionismo é, essencialmente, uma visão de mundo etnocêntrica, pois visualiza as demais culturas meramente como estágios de evolução correspondentes a estágios anteriores ao nosso. Contudo, o livro aponta que essas teorias foram mais avançadas do que as visões etnocêntricas anteriores por tratar as demais culturas como “humanas”, embora “atrasadas” ou “menos evoluídas” (p. 37).

Principais Contribuintes do Evolucionismo:

  • James Frazer
  • Edward Tylor
  • Lewis Morgan

A Contribuição do Evolucionismo para a Relativização

O evolucionismo, paradoxalmente, contribuiu para a relativização futura ao tratar o diferente como humano. Isso ocorreu devido à dificuldade teórica dos evolucionistas em determinar um referencial seguro para medir a “evolução” cultural.

O trabalho de campo (ou pesquisa de campo) deu grande ímpeto a novas análises antropológicas, permitindo que os cientistas convivessem diretamente com as culturas estudadas. O antropólogo Bronislaw Malinowski foi um dos principais fundadores dessa metodologia.

Escolas Antropológicas Intermediárias:

Antes de Malinowski, surgiram algumas “doutrinas” antropológicas intermediárias, incluindo:

  • Estudos realizados por Franz Boas (pp. 40-45)
  • A Escola Personalidade e Cultura (p. 55)
  • O Reducionismo (p. 56)
  • Estudos de Julian Steward (p. 59)
  • Outros.

O Relativismo e o Estruturalismo

O livro destaca os estudos de Durkheim, Malinowski e Radcliffe-Brown como cruciais para o entendimento aprofundado da Antropologia, especialmente em sua linha relativista (p. 63).

A obra finaliza com estudos sobre Claude Lévi-Strauss, fundador da teoria estruturalista. O texto conclui com a afirmação de que o “etnocentrismo é exorcizado” quando “a ida ao ‘outro’ se faz alternativa para o ‘eu’” (p. 109).

A Importância da Perspectiva Horizontal

A obra O Que é Etnocentrismo é fundamental para a nossa realidade mundial, servindo não apenas como ferramenta teórica, mas também para a realização de práticas políticas concretas.

O conceito de superioridade ou inferioridade entre culturas deve se tornar obsoleto. É essencial verificar todas as culturas numa perspectiva horizontal, em vez de uma esquematização vertical, onde os fatores tempo e história são descontextualizados.

Isso é crucial, visto que nem todas as culturas possuem uma concepção homogênea de tempo e história. Embora todos os povos estejam na mesma linha do tempo, eles não se inter-relacionam numa perspectiva de progressão linear, onde um estágio corresponde a outro estágio de outra cultura em um fator tempo diferenciado. O processo de complexização das culturas é único para cada uma delas, e por isso deve ser relativizado.

Entradas relacionadas: