Eventos e Reformas Chave na História Argentina

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Causas da Revolução de 1930 na Argentina

O período que antecedeu a Revolução de 1930 na Argentina foi marcado pelo que alguns chamaram de o início da "Argentina aborrecida" e o surgimento de um nacionalismo com características duais. Havia uma forte crítica à "Década Infame" e o aparecimento de uma avaliação da ala direita hispânica. A ideologia que criticava o princípio constitucional da legitimidade era poderosa, com a frase "Chegou a hora da espada" ecoando entre os opositores.

A oposição era feroz e abrangia diversos setores: os economicamente poderosos, jornais e revistas das províncias, a Câmara dos Deputados (com 91 votos contra 17), a Câmara dos Senadores (19 contra 7), as Forças Armadas e o Poder Judiciário. Houve várias mudanças na mentalidade militar, marcando o fim de 70 anos de presidentes constitucionais e a abstenção militar.

Reformas anteriores haviam contribuído para o profissionalismo militar, incluindo o serviço militar obrigatório, a escola de suboficiais, cursos e a Escola Superior de Guerra. No entanto, todas essas reformas foram negligenciadas por Yrigoyen, que, para reunir apoio à sua causa, modificou antiguidades, reverteu promoções e falecimentos, concedeu pensões a aposentados e nomeou um civil como Ministro da Guerra. Uma loja maçônica foi formada com o dissidente San Martín.

Houve um aumento nos gastos militares, mas sem o devido equipamento. O setor de produção agrícola perdeu seu papel hegemônico devido à atividade técnica e ao desenvolvimento que caíam. A diminuição dos pagamentos ao exterior foi agravada pela queda das exportações de produtos temperados. O país enfrentava pressões sociais, urbanização crescente, deficiências estruturais, suspensão de obras públicas e atrasos no pagamento de salários.

A influência de interesses estrangeiros era notável, com 55,5% dos recursos provenientes de taxas alfandegárias. O governo recusou-se a investir mais recursos no pagamento de obrigações externas ou a solicitar mais empréstimos, resultando em uma violenta retração externa do crédito governamental. Alguns afirmam que a Standard Oil financiou a revolução. Yrigoyen, que tinha 64 anos em sua primeira presidência, estava com 76 anos em sua segunda, com seu poder em declínio e suas intervenções pessoais mais lentas.

A Semana Trágica (1919)

Em dezembro de 1918, uma greve eclodiu nas oficinas metalúrgicas Pedro Vasena e Filhos, localizadas em Nova Pompeia. Os trabalhadores exigiam melhores salários e condições de trabalho. Em 7 de janeiro, uma emboscada policial resultou na morte de vários trabalhadores. O funeral das vítimas transformou-se em uma manifestação em massa, que também foi violentamente reprimida.

Os sindicatos convocaram uma greve geral, seguida por confrontos de rua e bloqueios espalhados pela cidade. A repressão militar interveio; a polícia e grupos civis armados formaram a Liga Patriótica Argentina, controlada pelos conservadores. Houve muitos mortos e feridos. O Presidente Yrigoyen conseguiu um acordo favorável com os grevistas. O chefe de polícia, Elpidio González, amigo pessoal de Yrigoyen, foi encarregado de negociar com os grevistas. O General Luis Dellepiane, comandante do Campo de Mayo, foi responsável por restaurar a ordem.

Reforma Universitária (1918)

Em 1918, a Universidade de Córdoba iniciou um movimento de reformas que exigia mudanças nos currículos, concorrência para o acesso à docência, a renúncia de certos professores, melhoria do ensino e um governo tripartite (professores, alunos e graduados). Em 23 de junho de 1918, Alfredo Palacios liderou uma manifestação de cerca de 10.000 estudantes, convocada pela Federação Universitária de Córdoba.

As manifestações transformaram-se em greves, ocupações e confrontos com a igreja e as autoridades policiais. O governo de Yrigoyen não escondeu sua simpatia pelos reformadores. A reforma espalhou-se rapidamente para outras universidades do país.

O Período do Diretório e o Surgimento dos Caudilhos

O período do Diretório foi marcado por figuras como Alvear, Thomas, Balcarce, Pueyrredón e Rondeau. Sob o Diretório de Pueyrredón, um novo Congresso foi estabelecido na cidade de Tucumán, com o objetivo de declarar a independência e elaborar uma constituição nacional. A independência foi declarada em 9 de julho de 1816. Foi estabelecido o Governo Provisório de 1817, e a Constituição de 1819 foi escrita, mas rejeitada pelas províncias.

A miséria e o centralismo marcante de Buenos Aires favoreceram o surgimento de líderes naturais, conhecidos como Senhores da Guerra ou Caudilhos, que se tornaram um símbolo da luta dos povos do interior contra o Diretório. Esses líderes decidiram marchar sobre Buenos Aires para acabar com o caudilhismo representado por ela. A gestão do porto e da Alfândega, de forma exclusiva e injusta por Buenos Aires, seria o foco da luta que começaria por volta dessa época e só seria concluída em meados de 1870.

A rejeição da Constituição unitária de 1819 levou à reação do interior federal, especialmente do Litoral. Tropas entrerrianas lideradas por Francisco Ramírez e de Santa Fé, sob o comando de Estanislao López, marcharam sobre Buenos Aires em outubro de 1819. A Junta (ou Câmara) não hesitou em procurar ajuda do General Lecor, chefe das tropas portuguesas que ocupavam Montevidéu. A atitude de Buenos Aires agravou a situação.

Todo o interior reagiu contra a Junta. O Exército do Norte, que havia sido ordenado a ir para o sul para lutar contra os líderes federais, revoltou-se no posto de Arequito, em Santa Fé, sob as ordens de seu comandante, o General Juan Bautista Bustos, que se preparava para desviar a província de Córdoba da obediência a Buenos Aires. Buenos Aires tornou-se uma província independente, e seu primeiro governador, Manuel de Sarratea, buscando garantir a paz para os habitantes locais, assinou em 23 de fevereiro de 1820 o Tratado de Pilar, com os líderes prevalecentes, López e Ramírez. O tratado estabeleceu a necessidade de organizar um novo governo central, eliminando o Conselho de Administração.

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