A Evolução da Arte no Século XIX: Ruptura e Modernismo
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O Impacto das Revoluções na Arte
Aquilo a que se chama de ruptura na tradição, a qual marca o período da Grande Revolução na França, iria mudar toda a situação em que os artistas viviam e trabalhavam. Academias e exposições, críticos e entendidos, tinham-se empenhado ao máximo para introduzir uma distinção entre Arte com A maiúsculo e o mero exercício de um ofício, fosse ele o de pintor ou o de construtor. A Revolução Industrial começou a destruir as próprias tradições do sólido artesanato; o trabalho manual cedia lugar à produção mecânica, a oficina à fábrica.
Arquitetura: Entre o Passado e o Novo
Os frutos mais imediatos dessa mudança eram visíveis na arquitetura. As igrejas eram quase sempre construídas no estilo gótico, porque este predominara no que foi chamada a Era da Fé. Para teatros e óperas, o estilo barroco, com toda a sua teatralidade, era frequentemente considerado adequado, enquanto se achava que palácios e ministérios teriam um aspecto mais digno nas formas suntuosas da Renascença italiana.
O sentimento de segurança que os artistas perderam no século XIX, com a ruptura na tradição, abriu um campo ilimitado de opções. Incumbia ao artista plástico decidir se queria pintar paisagens ou cenas dramáticas do passado, se preferia temas inspirados em Milton ou nos clássicos, se adotava a maneira comedida da ressurreição clássica de David ou a maneira fantástica dos mestres românticos. Mas, quanto mais ampla se tornava a gama de opções, menos provável era que o gosto do artista coincidisse com o do público. Seria injusto supor que não houve arquitetos talentosos no século XIX. Houve, sem dúvida. Mas a situação de sua arte era toda contra eles. Alguns arquitetos do século XIX conseguiram encontrar um meio-termo entre essas duas desagradáveis alternativas e criar obras que não são contrafações do antigo nem meras invenções grotescas.
Paris: Capital da Arte no Século XIX
Pintura e Escultura: Novas Direções
Na pintura ou escultura, as convenções do "estilo" desempenham um papel menos preponderante e, por conseguinte, seria lícito pensar que a ruptura na tradição afetou menos essas artes; mas não foi esse o caso. A esse respeito, a história da pintura no século XIX difere muito consideravelmente da história da arte que estivemos considerando até agora. Nos períodos anteriores, eram usualmente os mestres mais notáveis, artistas cuja habilidade era suprema, os que também recebiam as encomendas mais importantes e, portanto, se tornavam muito famosos, e os inconformistas, que eram principalmente apreciados depois da morte.
Mestres e Inconformistas
Os episódios mais dramáticos nesse desenvolvimento tiveram lugar em Paris. Com efeito, Paris tornara-se a capital artística da Europa no século XIX, tal como Florença tinha sido no século XV e Roma no século XVII. Artistas de todo o mundo afluíam a Paris para estudar com os grandes mestres e, sobretudo, para se juntar ao debate sobre a natureza da arte que nunca terminava nos cafés de Montmartre, onde a nova concepção de arte era laboriosamente preparada.
Os Pioneiros da Mudança
Ingres e o Estilo Grandiloquente
O principal pintor conservador, na primeira metade do século XIX, foi Jean-Auguste Dominique Ingres. Acreditava que, em pintura, a cor era muito mais importante do que o desenho, a imaginação mais do que o saber. Enquanto Ingres e sua escola cultivavam o Estilo Grandiloquente e admiravam Poussin e Rafael, Delacroix. A revolução seguinte envolveu principalmente as convenções que governam a temática.
A Revolução Temática e Courbet
Nas academias, ainda era preponderante a ideia de que pinturas dignas devem representar personagens dignas, e de que trabalhadores e camponeses fornecem temas adequados somente para as cenas de gênero, na tradição dos mestres holandeses. Gustave Courbet pretendia que seus quadros fossem um protesto contra as convenções aceitas do seu tempo, "chocassem a burguesia" para fazê-la sair de sua complacência, e proclamassem o valor da intransigente sinceridade artística contra a manipulação hábil de clichês tradicionais.
A Sinceridade Artística de Courbet
Sinceras, as telas de Courbet indiscutivelmente são. Escreveu ele numa carta característica: "Espero ganhar sempre a minha vida com a minha arte sem me desviar um milímetro dos meus princípios, sem ter mentido à minha consciência um único momento, sem pintar sequer o que pode ser coberto pela palma da mão, apenas para agradar a alguém ou vender mais facilmente."
Manet e o Nascimento do Modernismo
Desafiando a Representação Tradicional
A terceira onda de revolução na França foi iniciada por Édouard Manet e seus amigos. Esses artistas levaram muito a sério o programa de Courbet. Procuraram convenções na pintura que se tinham tornado obsoletas e destituídas de significado. Concluíram que toda a pretensão da arte tradicional de que descobrira o modo de representar a natureza, tal como a vemos, se baseava numa concepção errônea. No máximo, admitiriam que a arte tradicional encontrara um meio de representar homens ou objetos sob condições muito artificiais. Os pintores faziam seus modelos posar em seus estúdios.
O Legado dos Impressionistas
Os grandes artistas de períodos subsequentes tinham feito descoberta sobre descoberta, o que lhes permitiu criar um quadro convincente do mundo visível, mas nenhum deles desafiara seriamente a convicção de que cada objeto na natureza tem sua forma e cor fixadas definitivamente e reconhecíveis com facilidade numa pintura. Essas descobertas não foram todas efetuadas de uma vez ou todas por um só homem. Mas até as primeiras pinturas de Manet, em que ele abandonou o método tradicional de sombras suaves em favor de contrastes fortes e duros, causaram um clamor de protestos entre os artistas conservadores. Monet equilibrou seus tons e cores tão deliberadamente quanto qualquer paisagista do passado. Os pintores desse jovem grupo de impressionistas aplicaram seus novos princípios não só à paisagem, mas a qualquer cena da vida real. Os princípios básicos do novo movimento só podiam encontrar plena expressão na pintura, mas também a escultura se viu logo atraída para a batalha pró ou contra o “modernismo”.
Debates e Desafios Finais
Rodin e a Questão do Acabamento
O grande escultor francês Auguste Rodin. A questão do "acabamento" foi prontamente debatida, e Whistler foi inquirido sobre se realmente pedira essa quantia enorme "por dois dias de trabalho", ao que ele replicou: "Não. Pedia pelos conhecimentos de uma vida inteira."
Insatisfação e Novas Perspectivas
É estranho verificar quanto havia em comum entre os litigantes nesse lamentável processo. Uns e outros estavam profundamente insatisfeitos com a fealdade e a miséria do ambiente que os cercava. Ambos os pontos de vista ganharam em importância quando o século XIX se avizinhou de seu termo.