A Evolução da Cognição: Da Revolução Cartesiana à Neurodiversidade
Classificado em Psicologia e Sociologia
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Kuhn e a Evolução da Ciência
Thomas Kuhn introduz a noção de que a ciência não é vista pelo acúmulo de descobertas, mas trata-se de um processo histórico, além disso, a ciência é um processo sociológico e subjetivo, colocando a noção de irracionalidade na arena da atividade científica. A ciência progride via estágios de desenvolvimento que vão de um estágio pré-paradigmático, passando pelo estágio paradigmático, crise e revolução, dando origem, então, a um novo paradigma. Resumidamente, um paradigma é uma maneira que aceita a resolução de problemas, além de um compartilhamento de valores, crenças, etc., pelos membros de uma comunidade científica. Um paradigma que entra em anomalias passa a sofrer pressões pelas novas ideias produzidas, o período dito revolucionário. Nesse período um paradigma substitui outro, não somente para dar conta das anomalias, mas porque houve produção de novas visões de mundo, novas crenças, surgindo inclusive novos problemas não colocados pelo paradigma anterior.
Neurodiversidade e Interdisciplinaridade na Psicologia Atual
A psicologia atual é constituída pela junção da neurodiversidade com a interdisciplinaridade, onde a neurodiversidade é uma nova dinâmica constituída por dois princípios. O princípio da integração, onde as pessoas com necessidades especiais não são mais afastadas e o princípio do normal psicológico, onde muito do que se considera de distúrbio pode ser considerado de normal.
A Crítica ao Dualismo Cartesiano em"Erro de Descarte"
A ideia base do livro ‘’Erro de Descartes’’ de António Damásio associa-se a uma transformação em relação ao pós-dualismo a uma crítica ao dualismo cartesiano.
A fórmula do cartesianismo é ‘’Penso, logo existo’’, referindo que se eu penso sobre mim é porque eu existo para além de mim. A autoconsciência, a capacidade de pensar em mim próprio é a prova da existência. Todo o conhecimento só tem validade se for provado pela ciência. Inclui o estudo da mente na ciência. Base da ciência que só existe se a experiência comprovar. O cartesianismo abriu a porta para a ciência moderna. Descartes considerava que a consciência está na natureza, como parte do corpo e para além da natureza. Por um lado a mente pode ser estudo por leis que estão na natureza mas também por leis metafísicas, que estão para além dela. A mente para Descartes continua a ser metafísica, platónica e cristã.
O Novo Paradigma da Cognição de Damásio
No seu livro, Damásio expressa um novo paradigma da cognição, onde procura inverter o significado do ‘’Penso, logo existo’’. Para Descartes, só existo porque eu penso e pensar é a cognição do existencial. Em certa medida é algo tão antigo quanto o platonismo porque para os gregos o mundo só existe porque os humanos têm consciência disso. Todo este pensamento é tanto mudança como continuidade.
Segundo Damásio, na teoria da cognição atual a existência é anterior de pensamento, onde a existência será pensamento. Só o corpo existe e só existe pensamento porque o corpo pensa.
Pela questão de que tanto os processos cognitivos da memória e da percepção como os processos que gerem a linguagem, a criação artística, a vida intelectual e própria inteligência depende não apenas da mente em sentido próprio mas sim de processos neurológicos, ambientais e em última estância de uma realidade biológica. Não existe corpo sem meio ambiente, onde os aspetos ambientais, naturais e sociais influenciam a vida da mente. O corpo não é apenas biomassa, processos bioquímicos e biofísicos, são processos mentais e é meio ambiente, sendo natural, social ou cultural.
A Hipótese de Marcadores Somáticos
Desenvolveu uma teoria com pessoas acidentadas, com problemas no córtex pré-frontal e criaram lesão na capacidade de tomada de decisões. Esta teoria é chamada de hipótese de marcadores somáticos.