Evolução dos Conceitos de Cidadania e Estado na Filosofia Política

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A Cidadania na Grécia Antiga e o Pensamento de Aristóteles

2. A experiência política da Grécia, o pensamento de Aristóteles tinha influência decisiva no Ocidente. O pensamento político, como cidadão, é definido e é uma função do sistema de cidade. Nem cada habitante da cidade tem a condição de cidadão; mulheres e escravos não. Tampouco a residência na cidade é o público, embora não sejam cidadãos. Residentes na cidade, com certos direitos, mas que não são cidadãos, e as crianças e os idosos são chamados cidadãos imperfeitos. Ser cidadão significa ter o direito de participar na função deliberativa ou judicial da cidade. Ocupar um cargo e participar nelas significa ter a virtude (areté).

Cidadania Cosmopolita: Estoicismo e Roma

3. Frente à cidadania entendida como uma pólis, cidade-estado grega, o estoicismo e Roma trouxeram a mais relevante e inovadora ideia de cidadania cosmopolita, cuja ideia fundamental afirma a existência de uma comunidade de natureza e da razão universal que envolve todos os homens. Sob esta ótica, Cícero afirma que, por ser um homem, não se é alheio a outros estados, para que a sociedade humana seja de gênero comum. O dever cívico fundamental é a dedicação integral ao serviço do bem da comunidade, colocando o valor de todos acima do próprio. Além disso, a cidadania cosmopolita poderia ser considerada republicana no sentido de que dá expressão pública à administração pública e aos assuntos de governo e negócios do povo.

O Estado de Natureza e a Necessidade do Estado

4. Em um estado de guerra de todos contra todos, em que os seres humanos usam a violência e a força para tomar a propriedade dos outros, estão faltando as condições para uma convivência pacífica. Por esta razão, os seres humanos sentem a necessidade de introduzir a sociedade e o Estado, nos quais a salvaguarda da propriedade, vida e liberdade de cada um é primordial. O Estado existe para salvar tudo o que importa e para que o homem não seja o lobo do homem.

O Pensamento Liberal de Locke e o Estado Moderno

5. O pensamento liberal de Locke é altamente relevante para o Estado moderno.

  • a) Locke acredita que, ao contrário de Hobbes e Rousseau, o homem é social por natureza, ou seja, a sociedade não impede a exploração, mas garante uma série de direitos inerentes.
  • b) O estado de natureza em que vive o homem é um estado de completa liberdade, igualdade e da lei natural que rege e obriga a todos.
  • c) Portanto, um cálculo racional, tendo em conta o autointeresse, constitui um corpo político ou Estado que garanta a vida e a propriedade dos seus membros.
  • d) O contrato ou acordo para o estabelecimento do Estado não é um acordo de transferência de direitos, nem de submissão a um poder absoluto.

Críticas de Rousseau a Hobbes e Locke

6. Rousseau aponta insuficiências fundamentais nas teorias de Hobbes e Locke:

  1. Em relação a Hobbes, Rousseau acredita que a sua forma de contrato nega a liberdade natural do homem e não proporciona ou permite as liberdades civis e políticas.
  2. Em relação a Locke, Rousseau propõe um contrato muito mais radical, no qual o homem pode ter a liberdade civil com todos os seus direitos. Segundo Rousseau, o homem natural não tem a verdadeira liberdade antes de sua associação com o Estado. Do estado natural, pode-se sair e ir para o estado civil de duas formas: por um contrato de venda ou por um contrato social.

Objetivos Fundamentais do Contrato Social

7.

  1. Estabelecimento da paz social, em oposição a um estado de guerra de todos contra todos. É uma paz construída não por meio do acordo racional, mas pela vitória sobre os outros.
  2. Relações de igualdade entre os membros da comunidade social.
  3. A segurança dos cidadãos, mesmo contra o Estado e seus possíveis abusos de poder.
  4. Proteger e garantir os direitos fundamentais do ser humano contra qualquer ataque a eles.
  5. A realização da liberdade e da justiça.

Jusnaturalismo: Direitos Inatos e Lei Natural

8. O Jusnaturalismo defende a existência de direitos inatos no homem, típicos da natureza racional humana, direitos independentes do direito positivo e direitos inalienáveis ao contrato social. Existem várias correntes dentro do Jusnaturalismo:

  1. O direito natural cosmológico apela à ordem existente no cosmos.
  2. O Jusnaturalismo teológico refere-se à ordem estabelecida por Deus.
  3. O direito natural racionalista afirma que essa ordem é fruto da razão humana.

Segundo o Jusnaturalismo, o direito positivo deve estar em conformidade com a lei natural; de outra forma, seria classificado como legal, mas não justo.

Positivismo Jurídico e a Teoria Pura do Direito

10. O Positivismo Jurídico encontra sua formulação mais paradigmática com a teoria pura do direito de Hans Kelsen. O direito é independente de qualquer princípio ético-político. É uma realidade fora de qualquer referência à realidade social e não tem nenhuma relação de agência ou qualquer outra classe com o direito natural.

A Democracia Representativa e o Papel do Eleitorado

11. A democracia representativa é aquela em que a vontade do eleitorado é representada pelo parlamento e por meio de diversos órgãos representativos. Os representantes são obrigados a executar a vontade dos representados. O corpo eleitoral pode retirar a sua confiança. No sistema de democracia representativa, o caráter eleitoral desempenha um papel fundamental.

Globalização: Definição, Impactos e Desafios

12. Uma definição precisa da globalização ligaria dois principais ingredientes: tecnologia e finanças. Nossas condições de vida e nossas escolhas parecem agora vir a nós dadas em um quadro que já não é o Estado a que pertencemos e que nos assegura nossos direitos e liberdades, mas sim um quadro mundial em que essas garantias se desvanecem. Os impactos negativos da globalização têm sido sentidos em algumas das áreas mais pobres do mundo, onde a população civil tem caído em um estado de barbárie, com saques e gangues extorquindo-a. Os efeitos benéficos da globalização têm sido a divulgação do conhecimento científico e o papel mediador da ONU.

A Razão Pública Kantiana e a Comunicação Democrática

13. A base teórica desta comunicação democrática reside na ideia kantiana de um uso público da razão, que é fundamental para as liberdades civis e para a possibilidade de usar a própria razão, sem tutores ou guias.

Democracia: Cidadãos Ativos e Pensamento Crítico

14. Ao contrário de outros regimes políticos, a democracia exige um corpo de cidadãos ativos e com habilidades de pensamento crítico, que não se limitam a meramente receber decisões políticas, mas que são seus autores.

Pluralismo e Tolerância na Democracia

15. Na democracia, é essencial que o pluralismo seja a convivência ordenada e pacífica de interesses e opiniões diferentes, mesmo que conflitantes. O pluralismo político não se limita ao reconhecimento das partes, mas também admite o princípio de que qualquer parte democrática tem o direito de dirigir a política. A tolerância não significa indiferença ou permissividade; a tolerância expressa a liberalidade de pensamento e ação e é baseada no respeito pela liberdade, autonomia e dignidade dos outros.

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