Evolução da Gestão Ambiental: Do Fim de Tubo à Prevenção
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A Evolução da Gestão Ambiental Empresarial: Do Fim de Tubo à Prevenção
Inicialmente, a gestão ambiental nas empresas possuía um caráter notadamente corretivo. Para se adequar aos instrumentos legais de comando e controle, as empresas passaram a adotar, a partir das décadas de 1960 e 1970, soluções tecnológicas conhecidas como “fim de tubo”. Isso significava que buscavam controlar e tratar suas emissões atmosféricas, efluentes líquidos e resíduos sólidos por meio de sistemas de tratamento, sem alterar os processos de produção ou os produtos. As ações eram focadas, por exemplo, no tratamento e disposição de resíduos, na instalação de filtros em chaminés e na construção de estações de tratamento de efluentes líquidos. Além disso, algumas ações de remediação, como a de solo contaminado, também complementavam as iniciativas da época. Essas ações reativas não traziam retorno econômico à empresa, gerando apenas custos, pois os gastos estavam relacionados aos resíduos, emissões e efluentes, e não se caracterizavam como um investimento no processo produtivo ou no produto. A empresa realizava tais ações apenas por obrigação legal.
A Mudança de Paradigma na Década de 1980
A década de 1980 marcou o aumento, em escala planetária, da consciência ambiental e, também, da mudança no comportamento das empresas no tocante à gestão ambiental. Essa transformação teve alguns motivadores que despertaram o valor ambiental nas pessoas, a partir da ocorrência de episódios de grandes impactos ambientais, como o de Chernobyl. Além disso, a postura empresarial com relação à área ambiental começou a mudar, visto que os gastos com proteção ambiental passaram a ser vistos pelas empresas líderes não apenas como custos, mas sim como investimentos no futuro e, paradoxalmente, como vantagem competitiva. A atitude passou de defensiva e reativa para ativa e criativa.
Essa mudança de atitude deveu-se, em grande parte, à constatação dos reais custos associados ao tradicional gerenciamento de resíduos. Além dos custos contabilizados com o tratamento e disposição, havia outros custos relacionados que, usualmente, não eram contabilizados. Exemplos incluem:
- Perda de matérias-primas;
- Gastos com água e energia;
- Não conformidades legais e normativas;
- Custos relacionados à imagem da empresa (custos intangíveis).
Estratégias Proativas e a Visão Sistêmica
Foi nesse contexto que algumas indústrias passaram a adotar estratégias que visavam a reduzir a quantidade de resíduos gerados por meio de técnicas de reutilização, reciclagem (interna ou externa ao processo) e recuperação de materiais. Mediante essas constatações, a partir do final da década de 1980, as empresas passaram a tratar a questão da poluição causada pelos resíduos de seus processos de modo mais sistêmico, o que as levou a rever suas estratégias de gerenciamento ambiental, passando de uma postura reativa para uma proativa (preventiva), cujo princípio norteador foi a prevenção da geração ou, ao menos, a minimização dos impactos ambientais na fonte.
Essa visão sistêmica do ciclo de vida proporciona uma gestão mais integrada entre as causas e as consequências de todas as etapas da vida útil do produto, resultando em soluções ambientais mais eficazes. No entanto, isso não significa que, atualmente, todas as empresas adotem a gestão do ciclo de vida.