A Evolução Histórica do Conceito de Trabalho
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Introdução à História do Trabalho
Pensar historicamente a questão do trabalho é pensar como essa atividade humana se desenvolveu e se organizou nas diferentes sociedades.
Genericamente, o trabalho existe para satisfazer as necessidades humanas, desde as mais simples, como alimento e abrigo, até as mais complexas, como lazer e crença; enfim, atende a necessidades físicas e espirituais. A satisfação dessas necessidades varia conforme as pessoas se organizam em sociedade e de acordo com seus valores em relação ao trabalho.
O Trabalho nas Sociedades Tribais
A ideia de trabalho como algo separado das outras atividades não existe nas sociedades tribais. Isso porque as atividades vinculadas à produção, nessas sociedades, estão associadas aos ritos e mitos, ao sistema de parentesco, às festas, às artes, enfim, a toda a vida social, econômica, política e religiosa. O trabalho não tem um valor em si (como na frase “O trabalho dignifica o homem”), separado das outras coisas. Ele só pode ser entendido se for encarado como parte do conjunto de atividades que constituem essas sociedades.
O fato de se dedicar menos tempo às tarefas vinculadas à produção não significa, portanto, que se tenha uma vida de privações. Ao contrário, essas sociedades viviam muito bem alimentadas e com seus membros em plena vitalidade, pelo menos antes do contato com o “mundo civilizado”.
O modo como se relacionavam com a natureza explica o fato de trabalharem muito menos que nós. A terra, além de lugar de moradia, tinha valor cultural, pois dela recebiam “aquilo de que necessitam”. Há também um profundo conhecimento do meio em que vivem: conhecem as plantas e os animais, como crescem e se reproduzem, em que épocas e o que pode ser utilizado como alimento, nos ritos ou para cura.
Nas sociedades tribais, o trabalho está relacionado a outros elementos e com todo o meio ambiente. Não se encontra presente a ideia de que se deve produzir mais para poupar ou acumular riqueza. A sua riqueza está na vida e na forma como passam os dias. As atividades vinculadas à produção limitam-se a conseguir os meios necessários à sobrevivência e, mesmo assim, são quase sempre desenvolvidas em conjunto com outras atividades. O tempo é utilizado para descansar, divertir-se, caçar, pescar, plantar, colher e para o cumprimento das obrigações rituais, que na maioria dos casos envolvem as outras atividades.
O Trabalho na Grécia Antiga
Os gregos faziam uma distinção clara entre o trabalho braçal de quem labuta na terra, o trabalho manual do artesão e a atividade do cidadão que discute e procura, através do debate, resolver os problemas da sociedade. Possuíam três concepções para a ideia de trabalho:
- Labor: esforço físico voltado para a sobrevivência do corpo. Atividade passiva e submissa ao ritmo da natureza. Designa o trabalho de parto e as atividades agrícolas.
- Poiesis: fazer, fabricar, criar alguma coisa ou produto através do uso de algum instrumento ou mesmo das próprias mãos. Subsiste à vida de quem o fabrica. Ex: artesão, escultor.
- Praxis: tem a palavra como seu principal instrumento. Utiliza o discurso como meio para encontrar soluções para o bem-estar dos cidadãos. Ex: vida pública, política. Dessa atividade não resulta nenhum produto material. É uma atividade totalmente livre, uma vez que só se utilizam os objetos e as coisas produzidos pelos outros.
Escravidão na Sociedade Greco-Romana
Na sociedade greco-romana, além de senhores e escravos, havia os meeiros, diaristas assalariados, artesãos e um imenso campesinato. Ainda assim, a escravidão caracteriza tais sociedades, pois, de alguma forma, todos os trabalhadores viviam oprimidos pelos seus senhores.
O escravo era propriedade de seu senhor e, portanto, podia ser vendido, doado, trocado ou alugado; não só ele, mas todos os seus filhos e todos os bens que porventura tivesse. Para a maioria, a finalidade de suas vidas era tornar-se livre, mesmo que isso não lhes desse a condição de cidadãos, já que só o seriam se tivessem bens e propriedades.
Servidão na Sociedade Feudal
A decadência da escravidão, as constantes rebeliões de escravos, a presença constante de colonos e as invasões bárbaras transformam as relações de trabalho, resultando na estruturação da sociedade feudal.
- Corveia: o servo trabalha nas suas terras e, compulsoriamente, nas do senhor, bem como na construção e manutenção de estradas e pontes.
- Talha: taxa paga sobre tudo o que era produzido.
- Banalidades: taxas pagas pelo uso do moinho, forno ou simplesmente por residirem na aldeia.
O Trabalho no Capitalismo
O que define as sociedades capitalistas é a propriedade privada, o trabalho assalariado, o sistema de troca e uma determinada divisão social do trabalho.
O trabalho se transforma em força de trabalho quando se torna uma mercadoria que pode ser comprada e vendida. E, para que se transforme em mercadoria, é necessário que o trabalhador seja desvinculado de seus meios de produção, ficando apenas com a sua força de trabalho para vender.