A Evolução da Linguagem e a Função Cerebral Humana
Classificado em Psicologia e Sociologia
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A Herança Genética Neandertal e a Função Cerebral
Cerca de 75% da população mundial possui uma variação genética que pode ter sido herdada dos Neandertais, resultando em uma melhora da função cerebral.
Há cerca de 40 mil anos, quando estas duas espécies se encontraram novamente, ocorreram casos de hibridação que permitiram a transferência desse gene que aprimora a nossa função cerebral.
II.3. Evolução e Linguagem
Nossa capacidade de gerar competências linguísticas está localizada no cérebro. O estudo de pessoas que sofreram lesões cerebrais nos fornece as informações necessárias para localizar as áreas do cérebro envolvidas no processamento da informação linguística.
Centros de Processamento da Linguagem
Áreas do córtex que controlam a atividade da fala estão localizadas no hemisfério esquerdo. Os dois principais centros de processamento de linguagem são:
- A área de Broca, responsável pela codificação de voz e produção da fala.
- A área de Wernicke, dedicada à compreensão da fala.
É importante notar que estas áreas não são exclusivas da nossa espécie, nem estão envolvidas apenas na produção de sons vocais ou gestos. O surgimento da linguagem humana específica envolveu uma reorganização dos circuitos cerebrais dos primatas, criando novas ligações que não desempenhavam um papel na comunicação anterior.
De acordo com Steven Pinker, é possível que o surgimento inicial da linguagem esteja relacionado ao fato de que certas áreas do córtex que lidam com cálculos abstratos acabaram se ligando a áreas que controlam o fluxo de informação.
Não se sabe em que estágio da evolução surgiu a proto-língua, nem a velocidade com que ela evoluiu. Pode haver uma ligação entre a fabricação de ferramentas complexas e o desenvolvimento da linguagem.
William Calvin desenvolve uma teoria interessante que liga o planejamento cerebral necessário para realizar movimentos balísticos à emergência da linguagem. Movimentos balísticos exigem planejamento, especialmente quando se trata de movimentos bruscos – correções longas (acima de um quinto de segundo) são altamente ineficientes, pois os tempos de reação são extremamente longos. A tese de Calvin é que as melhorias na capacidade de desenvolver movimentos balísticos resultaram em uma melhoria da nossa capacidade de linguagem.
II.3.1. Linguagem e Inteligência
Dennett chama seu modelo para explicar a evolução da inteligência de "Torre de Testes". Na construção dessa torre, cada andar representa um nível de desenvolvimento que permite ao organismo melhorar seu comportamento e torná-lo mais eficaz no processo de adaptação ao meio ambiente.
Os Níveis da Torre de Testes de Dennett
- Darwinista: Organismos simples sob pressão ambiental.
- Skinneriano: Com mecanismos de reforço de comportamento adequado.
- Popperiano: Com a capacidade de desenvolver cenários e conduzir o planejamento.
- Gregoriano: Uso de linguagem.
Andy Clark afirma que a incorporação da linguagem implica uma alteração dos circuitos e das estruturas computacionais de alto nível do cérebro.