Evolução da Localização Industrial e Residencial nas Cidades
Classificado em Geografia
Escrito em em português com um tamanho de 6,05 KB
AS ÁREAS INDUSTRIAIS
Com o desenvolvimento industrial do século XIX, a cidade viu aumentar a presença da atividade industrial dentro do seu espaço mais central. Para esta fixação das atividades industriais no meio urbano, contribuíram os seguintes fatores:
- Abundante e diversificada mão de obra;
- Forte concentração de população, representando um amplo mercado para as indústrias;
- Proximidade dos locais de consumo;
- Desenvolvimento dos transportes;
- Existência de melhores infraestruturas de transportes, alojamento, saúde e educação;
- Fácil acesso a diversificados serviços de apoio (bancos, seguros);
- Vantagens resultantes das economias de aglomeração proporcionadas pela grande concentração de diversas atividades industriais, comerciais e de serviços.
O crescimento urbano veio, no entanto, transformar grande parte dos benefícios da instalação da indústria nas cidades em fortes inconvenientes. Entre eles destacam-se:
- Grande necessidade de vastos espaços por parte das indústrias modernas;
- Elevado preço do solo e dificuldades de ampliação das instalações;
- Crescente intensidade de trânsito e consequente congestionamento do tráfego no interior da cidade, dificultando a deslocação de matérias-primas e produtos;
- Dificuldades de estacionamento;
- Salários mais altos e mão-de-obra com maior poder reivindicativo;
- Restrições ambientais impostas pelo governo e, sobretudo, pelas autarquias, que limitam a produção de certos ramos mais poluentes;
- Elevada poluição sonora e atmosférica.
Além destes fatores, surgem aspetos que favorecem outra localização, nomeadamente na periferia das cidades, nas áreas rurais ou até noutros países:
- Maior disponibilidade de espaço e a um preço mais baixo;
- Progressiva existência de infraestruturas no espaço rural;
- Políticas de ordenamento com a criação de parques industriais (zonas de acolhimento industrial) que beneficiam de infraestruturas, excelente acessibilidade e preço do solo mais barato;
- Facilidades de acesso e estacionamento;
- Impostos mais baixos pagos pela atividade.
Estes fatores têm contribuído para uma redefinição da localização industrial nos centros urbanos e justificam a deslocalização industrial, traduzida pelo abandono das áreas centrais da cidade.
Com a evolução do próprio tecido urbano, muitas indústrias, sobretudo as de maior porte, foram obrigadas a deixar o centro e a instalar-se na periferia. Gera-se assim uma dinâmica de abandono das unidades industriais que pode assumir duas vertentes:
- Desconcentração industrial – as unidades de produção industrial que se localizavam no interior das cidades tendem hoje a transferir-se para áreas mais afastadas, na sua periferia, ficando na cidade apenas a sua sede;
- Descentralização industrial – existe um total abandono do espaço urbano, pelo que até os seus escritórios saem da cidade, acompanhando a componente produtiva da empresa.
- A indústria, através desta relocalização, tem vindo a permitir operações de renovação urbana.
Nas últimas décadas, como resposta à deslocalização industrial, o planeamento urbanístico tem delimitado espaços destinados à implantação da indústria nos limites da cidade ou nos seus arredores – parques industriais – que surgem como uma resposta à necessidade de relocalização das atividades industriais.
Parques industriais – aglomeração planeada de atividades industriais, cujo estabelecimento visa a prossecução de objetivos de desenvolvimento industrial e ordenamento do território.
As áreas residenciais
A função residencial desempenha um papel importante nas cidades, distinguindo-se áreas com características próprias, cuja localização está diretamente relacionada com o custo do solo e, por isso, reflete as características sociais da população.
É possível verificarmos que as cidades definem um claro processo de segregação social.
Diferenciação social – é um processo de delimitação de áreas da cidade de acordo com as características sociais da população que nelas reside.
Fatores importantes no processo de diferenciação social:
- Custos do solo (a distância ao centro é um fator crucial);
- Qualidade ambiental (afastamento de locais poluídos por fumos industriais);
- Enquadramento paisagístico (vista de mar ou de rio);
- Acessibilidade ao centro;
- Proximidade de equipamentos (infraestruturas de ensino, saúde, comércio);
- Segurança e tranquilidade do espaço (tem sido, nos últimos anos, outro aspeto muito valorizado).
A localização das áreas residenciais no espaço urbano foi determinada essencialmente em função da proximidade do centro, que influencia toda a organização da cidade. Com as transformações decorrentes da apropriação do centro da cidade pelas atividades económicas, facto que está na base do aumento do preço do solo neste setor da cidade e da especulação fundiária, consequentemente as áreas residenciais foram-se distribuindo pelo espaço intraurbano e organizando-se de acordo com as características do mesmo em termos de acessibilidade, qualidade ambiental e infraestruturas de apoio.
Nos centros urbanos, é normal conseguir-se diferenciar três áreas residenciais bem distintas:
* As áreas residenciais das classes com rendimentos elevados (áreas residenciais de classe alta);
* As áreas residenciais de classe média;
* As áreas residenciais de classe baixa (áreas residenciais da população de fracos recursos económicos).