A Evolução da Psicologia: De Wundt a Pavlov e o Behaviorismo
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A psicologia, como ciência do comportamento mental, teve as suas origens na Alemanha. No século XVIII, o Iluminismo promoveu a autonomia da ciência, separando a mente da alma e abrindo caminho para a ciência moderna e a psicologia experimental, que se consolidou como ciência no final do século XIX.
O pragmatismo, filosofia associada a William James, influenciou o experimentalismo, testando a realidade em laboratório e medindo a correspondência entre a realidade e as leis da natureza através de métodos científicos. Wundt e William James, fundadores da psicologia moderna, demarcaram a psicologia como um novo domínio científico, distinto da filosofia e da teologia.
Wundt alinhou a psicologia com as ciências naturais, chamando a psicologia experimental de psicologia fisiológica. Ele via a mente como parte do funcionamento do corpo humano, com processos como sensação e perceção sendo cruciais. No final do século XIX, a psicologia adotou uma visão psicofísica, considerando a mente como um produtor de comportamento em resposta a estímulos físicos.
A psicologia adquiriu uma dimensão científica com continuidade e mudança. Os primeiros psicólogos, como Wundt e James, eram médicos fisiológicos que estudavam a mente e o corpo, com a mente vista como um estímulo de reflexos, ligada às ciências sociais.
Pavlov, um psicólogo experimentalista e pragmatista, focou-se em experiências comportamentais com estímulos externos. Ele observou como as pessoas reagem a estímulos, como a luz nos olhos, que podem evocar respostas emocionais.
O modelo estímulo-resposta (E-R) foi central na primeira era da psicologia, onde se considerava que toda reação física é psíquica e vice-versa. A visão psicofísica sugere que a emoção segue a reação a um estímulo, em vez de precedê-la.
A sensação é a expressão ao nível dos sentidos, sem expressar emoção. O estímulo é a base do processo psicológico humano, suscitando a mente para criar a sua realidade.
William James e Wundt, na segunda metade do século XIX, procuraram as causas e fisiologias das emoções. James, mais teórico, destacou-se com o livro “Princípios de Psicologia”, uma referência ao pragmatismo. Ele via a religião como útil e pragmática, independentemente da crença em Deus, se cumprisse objetivos para as pessoas.
O pragmatismo julga um pensamento pela sua utilidade. A ideia E-R é psicossomática, ligando reações fisiológicas ao comportamento mental. A mente reage ao meio, e um pensamento é útil se refletir necessidades ambientais. A religião, por exemplo, responde a estímulos contextuais.
William James acreditava que a religiosidade das pessoas se devia à sua utilidade e sentido. O pragmatismo, embora não inventado por James, ganhou uma perspetiva psicológica. Tanto James quanto Wundt focaram-se nas causas e consequências fisiológicas das emoções como funções da vida mental que respondem a estímulos. James usou o estudo da religião para explorar a perspetiva pragmatista da vida psicológica, valorizando a razão de viver e melhorando a qualidade de vida, independentemente da sua veracidade.
A sistematização da psicologia como ciência por Wundt, no século XIX, foi um marco, não por tê-la fundado, mas por ter organizado o seu campo de estudo.
Ivan Pavlov, contemporâneo, avançou a psicologia comportamental com o reflexo condicionado, demonstrando como os reflexos podem ser condicionados e transformados. O seu trabalho foi fundamental para o behaviorismo, influenciando John Watson com a sua perspetiva fisiológica. O behaviorismo evoluiu significativamente, especialmente na psicologia da infância e adolescência.
Pavlov, médico laureado com o Prémio Nobel da Medicina em 1904 pela sua obra em fisiologia digestiva, foi uma referência incontornável no início do século XX.
As teorias de Pavlov basearam-se em experiências com cães, onde observou que a salivação perante alimentos era um reflexo incondicionado. Associando um estímulo condicionado (luz, som) à apresentação de carne, os cães passaram a salivar apenas com o estímulo condicionado. Desenvolveu a ideia do condicionamento de reflexos, onde o comportamento pode ser condicionado através do conhecimento fisiológico. Embora reconhecesse a importância da personalidade, a sua ênfase era fisiológica, considerando a mente a funcionar como o corpo.
Os estudos pavlovianos tiveram um impacto significativo na psicologia cognitiva, com processos como a estimulação cognitiva em casos de Alzheimer ainda a serem herdeiros dessa descoberta.
O behaviorismo, perspetiva focada no comportamento, tem origem no termo inglês"behavio". John Watson, fundador do behaviorismo, estudou ratos, macacos e crianças, definindo a psicologia como a ciência do comportamento.
Watson não negava a consciência, mas considerava que a análise dos estados de espírito era pessoal. Para constituir a psicologia como ciência objetiva e experimental, defendia o corte com o passado. O behaviorismo define a psicologia como a ciência do comportamento.
Para Watson, o comportamento é o conjunto de respostas observáveis a estímulos do meio (situação). As respostas podem ser explícitas (observáveis) ou implícitas (não observáveis, como emoções). A fórmula R=F(S) representa o comportamento (R) como função (F) da situação (S).
As leis do comportamento resultam do estudo das variações das respostas em função da situação. O psicólogo, conhecendo o estímulo, pode prever a resposta, e conhecendo a resposta, identificar a situação.
Embora o behaviorismo clássico tenha evoluído, os seus métodos para intervir e transformar o comportamento de forma positiva continuam a ter impacto. A psicologia moderna integra aspetos fisiológicos, sociais e subjetivos, reconhecendo a importância de múltiplos fatores, embora a relevância de cada um possa variar consoante o contexto.