O Exílio dos Anjos Caídos e a Vida Moderna
Classificado em História
Escrito em em
português com um tamanho de 3,59 KB
O Exílio
– Nada que fizer será válido. Você permanecerá sem direitos enquanto viver aqui, pois sua prole é digna apenas de nojo e nada mais.
Um homem alto e respeitavelmente grande falava a um ser rodeado por pessoas do vilarejo e autoridades maiores. Enquanto isso, o pequeno, que recebia a atenção, olhava para cima, atento às palavras daquele homem. Encarava seus olhos com um semblante triste e manhoso, quase formando um bico com seus lábios. Era uma criança.
– Não enganarás mais os humanos. Serás exilado, expulso de nossas terras, e a caridade com tua espécie será estritamente proibida.
O pronunciamento foi dado, e os presentes aprovaram com gritarias e zombarias. O pequeno ser, então, abandonou a aparência inocente e se mostrou feroz. A imagem de criança desapareceu. Seu corpo desenvolveu-se até parecer o de um jovem humano de vinte anos. As mulheres presentes se admiraram, enquanto os homens enlouqueceram de fúria.
Os anjos caídos não eram mais considerados anjos; não mereciam essa nomenclatura. Os humanos, então, passaram a chamá-los oficialmente de íncubos, para os que tinham características masculinas, e súcubos, para os que se apresentavam como femininos.
Os anjos, arcanjos e querubins sentiram desgosto por seus ex-companheiros. O Senhor deles, então, decidiu tirar as asas dos caídos, arrancando-as e deixando apenas duas cicatrizes lineares nas costas de cada um. Mesmo depois de tanta caça, essa raça sobrevive até hoje, escondida por sua aparência humana.
E&D
A Rotina
Um jovem levantava-se da cama. Logo, passou as mãos por entre os fios negros de cabelo, deixando-os menos bagunçados. Olhou para trás com o canto do olho, vendo uma garota coberta apenas por um fino lençol. Ela abria os olhos lentamente, logo o percebendo.
– Bom dia... – ela murmurou para ele, em voz baixa, porém audível, com um sorriso bobo no rosto.
O jovem pegou o maço de cigarros e um isqueiro que estavam no criado-mudo e acendeu um. Deu uma tragada e, em seguida, olhou para a mulher.
– Saia – disse ele, curto e claro, com a voz um pouco rouca.
Sua expressão tornou-se uma mistura de surpresa e tristeza. As lágrimas teimaram em brotar em seu rosto, deixando sua pele lentamente avermelhada. Levantou-se, quase hesitando, cobrindo o corpo com o lençol seguro por uma mão, enquanto a outra recolhia as roupas espalhadas pelo chão.
– P-pensei que... – as palavras estavam entaladas em sua garganta. – Você foi tão carinhoso comigo ontem... – sussurrou, quase inaudivelmente.
O homem não deu importância; apenas virou a cabeça, observando a vista da janela enquanto fumava. Quando a mulher terminou de se vestir, pegou a bolsa e lançou-lhe um olhar choroso antes de sair.
Quando ouviu o som da porta se fechando, ele foi até a janela, apoiou-se nela e observou o trânsito caótico. Buzinas podiam ser ouvidas, juntamente com o barulho de construções e de pessoas falando. Se era assim numa manhã de domingo, imagine nas manhãs de segunda-feira...
O cigarro acabou. O homem o jogou pela janela, divertindo-se com as asneiras que o pedestre atingido lhe gritava. Voltou sua atenção para o quarto e andou até o guarda-roupa. Durante todo esse tempo, vestia apenas uma boxer preta.
Vestiu uma roupa social casual. Estava bem-disposto, e provavelmente essa energia duraria uma ou duas semanas, no máximo. Porém, o que poderia fazer? O mundo hoje parece tão... chato.