Existencialismo: Sartre, Camus e Liberdade

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**Existencialismo de Sartre e Camus**

1. Origem

O existencialismo foi inspirado nas obras de Arthur Schopenhauer, Søren Kierkegaard, Fiódor Dostoiévski e nos filósofos alemães Friedrich Nietzsche, Edmund Husserl e Martin Heidegger. Foi particularmente popularizado em meados do século XX pelas obras do escritor e filósofo francês Jean-Paul Sartre e de sua companheira, a escritora e filósofa Simone de Beauvoir. Os princípios mais importantes do movimento são expostos no livro de Sartre "O Existencialismo é um Humanismo". O termo existencialismo foi adotado apesar de existência filosófica ter sido usado inicialmente por Karl Jaspers, da mesma tradição.

Em suas origens, o hegelianismo e o marxismo funcionaram como molas propulsoras para o surgimento do existencialismo.

2. História

O existencialismo é um movimento filosófico e literário distinto pertencente aos séculos XIX e XX, mas seus elementos podem ser encontrados no pensamento (e vida) de Sócrates, Aurélio Agostinho e no trabalho de muitos filósofos e escritores pré-modernos. Culturalmente, podemos identificar pelo menos duas linhas de pensamento existencialista: Alemã-Dinamarquesa e Anglo-Francesa. As culturas judaica e russa também contribuíram para esta filosofia. O movimento filosófico é agora conhecido como existencialismo de Beauvoir. Após ter experienciado vários distúrbios civis, guerras locais e duas guerras mundiais, algumas pessoas na Europa foram forçadas a concluir que a vida é inerentemente miserável e irracional. Para muitos autores, como Heidegger e Kierkegaard, também existencialistas, sendo que em torno das suas teses se constituíram correntes ainda hoje vivas. O existencialismo não morreu, pelo contrário, continua a produzir, quer na filosofia, quer na literatura, no cinema, ou até na ideologia de vida.

3. Os Existencialismos

O existencialismo como corrente filosófica, ficou famoso com Sartre e com a frase: “Estou condenado a ser livre”. Condenado porque não se criou a si próprio, e no entanto, livre porque, uma vez lançado ao mundo é responsável por tudo quanto fizer.

O existencialismo apresenta-se não como uma filosofia única, mas como uma pluralidade de tendências existencialistas, desde seus precursores, com matrizes diversas, com visões diversas, com consequências teóricas diversas.

Todas as tendências, porém, desde o existencialismo ateu (Sartre e Heidegger) até o cristão (Jaspers, Gabriel Marcel), partem de uma mesma premissa, qual seja, a de que a existência precede a essência, ou seja, significa que o homem primeiramente existe, surge no mundo e só depois é que se define.

Mais que isso, os existencialismos são a voz de uma sociedade que vive a derrelição, que vive o abandono, que procura saídas, mas se acotovela com o purgatório da existência e de seus dilemas.

Trata-se, em sua abordagem mais genérica, de uma filosofia do desespero, voltado menos para o conceito, a ideia, e mais para o singular e o vivido. O que isso quer dizer?

Quer dizer que o existencialismo é o fruto duma civilização que se transforma, insatisfeita, desiludida, que se sente esmagada pelo peso de suas contradições, vendo ruir assustadoramente a muralha onde se havia abrigado durante tanto tempo.

A vivência é um acontecimento que não se explica por si, mas que simplesmente é. E quando se procura o que se é, percebe-se que se está diante de uma situação tal que se pode dizer: Existir é ser livre. E essa liberdade consiste exatamente em poder optar entre ser isto e ser aquilo, entre fazer isto e fazer aquilo, dentro das possíveis aberturas que o mundo oferece, e, então, construir-se a si mesmo de acordo com essas escolhas existenciais. A existência, portanto, constitui a essência de cada qual.

O sentido do existencialismo atendendo à singularidade, à personalidade, é contra os valores universais da razão, que sufoca o indivíduo com suas aspirações, suas esperanças e suas angústias.

O existencialismo revelou-se como reação contra:

  • O racionalismo, ele apregoou a existência;
  • O Sistema Hegeliano, apregoou a liberdade humana;
  • Os Totalitarismos, apregoou as ideologias da libertação;
  • O domínio tecnológico sobre o indivíduo e a funcionarização, apregoou a inapagável individualidade;
  • A massificação das consciências, apregoou a existência plenária do indivíduo.

Há um existencialismo cristão e um existencialismo ateu. Para os existencialistas cristãos, a fé defende o indivíduo e guia as decisões com um conjunto rigoroso de regras em algumas vertentes cristãs e em outras como o espiritismo, as decisões são guiadas pelo pensamento, pela alma. Para os ateus, a "ironia" é a de que não importa o quanto você faça para melhorar a si ou aos outros, você sempre vai se deteriorar e morrer. Muitos existencialistas acreditam que a grande vitória do indivíduo é perceber o absurdo da vida e aceitá-la. Resumindo, você vive uma vida miserável, pela qual você pode ou não ser recompensado por uma força maior. Se essa força existe, por que os homens sofrem? Se não existe e a vida é absurda em si mesma, por que não cometer suicídio e encurtar seu sofrimento? Essas questões apenas insinuam a complexidade do pensamento existencialista.

Tanto Camus como Sartre possuem uma perspectiva em comum, pois veem na liberdade a grande chave para a compreensão do que é humano.

Vejamos a frase:

"... se Deus não existe, há pelo menos um ser, no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito, e que este ser é o homem ou, como diz Heidegger, a realidade humana. Que significa então que a existência precede a essência? Significa que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define. O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente é nada. Só depois será, e será tal como a si próprio se fizer."

Com essa afirmação vemos o peso da responsabilidade por sermos totalmente livres. E, frente a essa liberdade de eleição, o ser humano se angústia, pois a liberdade implica fazer escolhas, as quais só o próprio indivíduo pode fazer. Muitos de nós ficamos paralisados e, dessa forma, nos abstemos de fazer as escolhas necessárias. Porém, a "não ação", o "nada fazer", por si só, já é uma escolha; a escolha de não agir. A escolha de adiar a existência, evitando os riscos, a fim de não errar e gerar culpa, é uma tônica na sociedade contemporânea. Arriscar-se, procurar a autenticidade, é uma tarefa árdua, uma jornada pessoal que o ser deve empreender em busca de si mesmo.

Os existencialistas perguntaram-se se havia um Criador. Se sim, qual é a relação entre a espécie humana e esse criador? As leis da natureza já foram pré-definidas e os homens têm que se adaptar a elas? Esses homens estiveram tão dedicados aos seus estudos que tornaram-se antissociais, enquanto se preocupavam com a humanidade.

4. Existencialismo Camusiano

Os inimigos da liberdade são a vontade absoluta de liberdade, a inconsciência, o sentimento do absurdo em face da conciliação das forças que lideram a batalha interior do livre-arbítrio, as hesitações.

Os inimigos externos da liberdade são: a violência da guerra, os sofrimentos, a violência do poder.

Em obras como O Estrangeiro e A Peste, sua preocupação em explorar o absurdo, decorre de um sentimento de vazio pela arbitrariedade das coisas, como o certo e o errado, bom e mau, justo e injusto, preguiça e ócio, desmando e força de caráter, irresponsabilidade e o desprezo dos interesses materiais humanos.

A obra de Camus é uma proposta de denúncia da existência do homem vista de dentro da existência.

O homem é arquiteto de si, que está na liberdade humana a grande chave para a solução dos próprios dilemas humanos.

A tomada de consciência do absurdo é o primeiro passo no sentido do existencialismo, ou seja, do existir.

O existencialismo camusiano resulta não na proposta de eliminação da vida, pelo suicídio, mas no viver mais. Em viver mais, em uma interação com o mundo, aumentando as possibilidades de transformação da realidade, e isso porque aquele que convive com o mundo sente uma revolta diária no sentido de modificá-lo, de reconstruí-lo.

Viver mais pode significar, libertar-se de toda a presilha moral e ou metafísica e deixar acontecer, deixar passar, deixar existir. Esse deixar existir faculta abertura, liberdade de interação, ser para o outro, o que importa aceitação e tolerância, que representam elementos importantes para o pensamento camusiano.

Do choque do homem com a realidade contextual, surge o absurdo, pois o mundo é estrangeiro ao homem e seu dono é Deus. No entanto o homem não é deus e vive a impossibilidade de compreendê-lo, em sua totalidade, estando escravo das ocorrências contingentes que presencia.

Quanto as noções de justiça e patriotismo são de complicada identificação prática, o que deseja Camus tornar claro aos olhos é o fato de que o mundo não pode ser inteiramente conceitualizado, pois está para além da vã racionalidade humana. Será a revolta que haverá de pôr em questão o mundo a todo segundo, e é essa mesma revolta que permite a reavaliação das condutas humanas.

A conclusão Camusiana é a de que o homem é uma força, capaz de mover e promover tiranos; é nisso que consiste a humanidade existencial de Camus.

5. Existencialismo Sartreano

É interessante notar que as mesmas preocupações de Camus também são a de Sartre, ou seja, um pensamento voltado para a liberdade.

Apesar das diferenças entre os tipos de existencialismo, possuem elas em comum a noção de que a subjetividade é o ponto de partida, ou seja, a existência precede a essência.

O existencialismo sartriano afirma que o homem é o que se faz, ou seja, no processo de autodefinição, a subjetividade constrói-se por escolhas de liberdade, para tornar-se produto do futuro.

O homem a princípio não é nada, mas passa a ser conforme existe, vivencia e determina a partir de seu presente o seu futuro.

É de erros, desacertos e ajustes que se pode construir a história humana. Fazer e, ao fazer, fazer-se e não ser nada senão o que se faz. Em outras palavras o erro é essencial à verdade.

O erro é necessário à verdade porque a torna possível. Sem a possibilidade do erro, a verdade seria desnecessária. É a possibilidade do erro que faz da verdade uma possibilidade. O erro vem de fora à realidade humana como consequência de uma decisão de parar ou de não recomeçar o processo de verificação; mas o que pertence à realidade humana é não parar o processo verificante.

É possível considerar a história do homem, como a história de seus erros, se se toma o ponto de vista das interrupções de verificação devidas à morte, à sucessão das gerações, à violência etc.

A filosofia existencialista sartriana é uma proposta humanista, mas não no sentido de enaltecer os caracteres humanos, mas sim na determinação do futuro do homem nas próprias mãos do homem.

O homem está condenado a ser livre, bem como a humanidade está condenada a fazer conviverem com essas liberdades.

Mora no homem o peso da liberdade, pois é também no homem que mora a angústia de deliberar acerca do certo e errado, acerca das possíveis alternativas a seguir.

A dúvida é a dona do desespero existencial. É essa dúvida que martiriza o homem, e é dela que se vive, e é nela que mora a chave da responsabilidade existencialista; entre múltiplas escolhas de liberdade, a que mais convenha àquele sujeito.

O existencialismo incomoda, por não fazer o futuro repousar em base sólidas e certas, evolutivas ou involutivas. Sua proposta exige do sujeito consciência de que é na ação que reside todo propósito de mudança do futuro.

Não há no futuro um destino certo pois ele é construído dia a dia, por todos os sujeitos em interação. Assim a proposta filosófica reside no ativismo, numa espécie de movimento em direção à construção do futuro pelo próprio poder do homem de ser livre.

O conhecimento prático muda o conhecido ele transforma necessariamente seu objeto, que é o homem.

O homem é a um só tempo matéria-prima e mão de obra para confecção de si, nesse sentido, constitui-se em um somatório do que é e do que fez, mas de um é e fez que sempre se movem pelo somatório cada vez mais crescente em torno do que pode ser no futuro.

A verdade começa e é uma história do ser, já que é desvelamento progressivo do ser, a verdade desaparece com o homem e o ser cai novamente na noite sem data. A verdade é total porque o absoluto-sujeito lhe confere um desvelamento progressivo como nova dimensão de ser.

Entretanto, a verdade não poderia ser para um só absoluto-sujeito, se eu comunico-a com meu comportamento desvelador, com traçado e a seleção que operei sobre ela, eu entrego ao outro um em-si-para-si. Ex: Se digo: essa mesa é redonda, comunico ao outro um já desvelado, já recortado no conjunto dos objetos, exatamente como se eu lhe passasse um porta lápis (madeira trabalhada), ou seja, já lhe estou dando um coisa definida e assim lhe passando a minha verdade.

Nesse momento, o Em-si aparece ao recém chegado Para-si, subjetividade. Ele é em-si e é também o que uma subjetividade desvela do Em-si (julgo meu companheiro pelo o que ele mostra da paisagem).

Cada subjetividade é uma história, e é essa história o somatório do que essa subjetividade pôde escolher dentro de seu âmbito de liberdade. Existir e fazer arte possuem os mesmos elementos fundamentais, a saber: invenção e criação e aí está a liberdade como fundamento de todos os valores.

6. Proposta ou Moral Existencialista

Na proposta existencialista que não deixa de ser humanista o homem é colocado em evidência, não há imagem de um homem universal, abstrato, de essência e substâncias definidas de modo metafísico ou natural.

O que existe é um homem que se manifesta por meios de indivíduos, estes todos livres no uso e na escolha de seu caminhos existenciais.

Então a proposta existencialista consiste fundamentalmente no estudo e observação da liberdade. Em outra palavras a moral existencialista é uma moral da responsabilidade no exercício medido da liberdade.

Nessa moral, está inscrito o poder da subjetividade na constituição de si, na confecção do próprio percurso existencial.

A moral ou proposta existencialista se preocupa também com o sujeito enquanto ser relacional, ou seja, enquanto ser que se engaja socialmente e vive em humanidade, isto porque a liberdade é o ingrediente-chave de sua proposta, e a liberdade de um indivíduo não pode conviver sozinha, mas emparelhada com as demais liberdades individuais. O objetivo geral da moral existencialista consiste no estudo e na observação da liberdade.

A liberdade é vista como um valor característico do homem. Essa liberdade é tão grande que o homem historicamente, inclusive, é presa de si mesmo.

A escravidão do homem possui uma causa: o homem.

“A libertação do homem se dará de uma forma: pelo próprio homem”. Tal frase representa o otimismo existencial sartriano.

É o homem o princípio e o fim de toda conjuntura e de toda a responsabilidade que se liga a essa conjuntura.

Então o homem é liberdade, é vivência livre, é escolha-de-si, é mais um fazer-de-si, do que um predefinido, ontologicamente destinado a ser ou a deixar de ser algo.

Os valores estão aí, encontram-se e se partilham, e seu confronto podem-se retirar evidências e julgamentos acerca do que é produtivo ou não para o existir.

Nesse pensamento existencial, luta-se pelas sutilezas que diferenciam o sacrifício da mística, a energia da violência, a força da crueldade, o falso do verdadeiro, evidencia-se, sem dúvida nenhuma, a noção de limite, a noção de fronteira entre isto e aquilo, que é onde o homem normalmente perece, adoece, destrói.

Existe uma única proposta existencial ligada à transcendência, a saber, a transcendência do dia a dia e das mazelas humanas por meio da liberdade.

O existencialismo ao contrário do que se pensa não sustenta o suicídio e nem o uso da força como forma de libertação. Suicidar-se é extinguir a liberdade, usar da violência é oprimir pela força, e isso representa um ato de constrição de liberdade.

Por isso pode-se demonstrar num sujeito que tira a própria vida, a responsabilidade que é administrar a própria liberdade, para que se perceba que a chave do humano reside exatamente na valorização da liberdade, e não na depreciação da vida; neste estar-em-vivência das situações é que se percebe que o suicídio não é a saída para os males existenciais.

7. Existencialismo Jurídico

O que se disse com relação ao existencialismo é igualmente cabível ao existencialismo jurídico.

Após as Guerras Mundiais, o conceito de Estado passa a ser questionado: que estado é esse que elegemos como sendo algo interessante para nós, mas que provoca essa destruição da existência humana com altos índices de mortes, e grande destruição de valores (museus, igrejas, escolas, casas).

Após a segunda guerra mundial, tira-se parte da centralização das mãos do Estado através de seu enfraquecimento de sua autonomia e o tornando mais dependente dos indivíduos (exemplo: o Estado é dependente dos indivíduos no que diz respeito aos impostos). As pessoas (físicas e jurídicas) passam a exercer parte do poder do Estado.

É nesse campo que nasce o existencialismo jurídico quando a sociedade está caminhando para uma autonomia. Assim o sujeito não se pode fazer submisso ao Estado; o sujeito nasce antes dele autorizando-o bem como legitimando e atribuindo-lhe nascimento e morte. O sujeito é sempre o autor das instituições.

O Direito não é algo puramente definido e restringido pelo Estado, e sim fruto da manifestação da liberdade humana: é possível escolher determinados tipos e conteúdos normativos.

Ter a capacidade dentro desse sistema de escolha é imprescindível ao ser humano: o Direito e o Estado não podem ser escravizantes (ideia que se aproxima a Marx): o que impulsionou o Direito a um olhar humanístico. O Direito e o Estado existem em função do ser humano.

Mais ainda, o existencialismo não pode fazer do sujeito uma parcela submissa e passiva do Estado. O sujeito existe antes mesmo dele, e o autoriza, bem como o legitima, a ele atribuindo nascimento e morte, de modo que se pode afirmar que o sujeito é sempre o autor das instituições. A limitação dos poderes do Estado é decorrência lógica dessa reflexão. O Estado só se autoriza se sua busca perene não for outra senão a justiça. O existencialismo não pode aceitar uma ética de fins, que tudo autoriza, pois vive de uma ética de meios, que escolhe caminhos antes de operar.

Uma vez, em vez de se canonizarem verdades, eternizar normas, dogmatizar doutrinas jurídicas, deve-se deixar o homem viver a justiça, experimentar seus sentidos, testar suas dimensões, viver suas ambiguidades, enfim, provocar sua queda e sua ascensão.

É no saborear e testar a justiça que se poderão encontrar esperanças de ser no homem.

A experiência jurídica é na verdade, uma realização de sujeitos, em sua projeção coletiva, que deriva da autoconsciência. A lei, portanto, aparece como essa projeção da proteção do eu visto no outro, defesa da esfera de interação das liberdades. A discussão existencial, transposta e vivida nos caminhos do Direito, retoma a contraposição que se dá no interior do Direito entre prática impositiva (exterioridade, artificialidade, repressão) e uma prática protetiva (realização inata do sujeito, proteção da personalidade humana, garantia).

Em tal perspectiva, o existencialismo pode afirmar que, antes de se autorizar a crítica a dizer que o Direito é a pura e desprezível restrição do Estado, é ele já uma manifestação da liberdade humana.

Para o existencialismo a justiça não é uma lição falaciosa, ou da qual se tenha que fugir, mas um valor pelo qual se tenha que lutar, e não que possa subsistir sem ele. É da vivência que se extrai a justiça, é na vivência que se pode perceber a presença da justiça, é na vivência que se poderá construir o que seja a justiça, e, acima de tudo, praticá-la.

8. Conclusão

O existencialismo é uma doutrina que se propõe a defender a liberdade contra as tiranias do dogma, contra as teorias absolutistas, contra os tiranos e déspotas, contra as maiorias sociais em face das minorias, contra os costumes e opressões dos hábitos comunitários, é ela em suma uma doutrina da liberdade absoluta.

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