Expandindo o Conteúdo da Educação Física Escolar

Classificado em Desporto e Educação Física

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Mais do que isto, somente algumas modalidades esportivas, tais como o futebol, basquetebol e voleibol, fazem parte do conteúdo das aulas de Educação Física. Outras modalidades como o atletismo e a ginástica artística raramente são difundidas entre os escolares desta faixa etária. Tendo em vista que os currículos que formam os professores incluem disciplinas como dança, capoeira, judô, atividades expressivas, ginástica, folclore e outras. Verifiquei que o conteúdo desenvolvido raramente ultrapassa a esfera esportiva; mais do que isto, restringe-se ao voleibol, basquetebol e futebol. Fato ainda mais alarmante foram as respostas dos alunos que, na maioria, afirmaram que gostariam de aprender outros conteúdos. Há necessidade de mudanças tanto da "Ação" prática quanto da "Reflexão" teórica. "A transformação didática dos esportes visa, especialmente, a que a totalidade dos alunos possa participar, em igualdade de condições, com prazer e com sucesso, na realização destes esportes." Várias sugestões de mudanças, tanto na forma de se repensar o esporte na escola, quanto na introdução de outras formas de atividades, têm sido proclamadas por diversos autores, inclusive apontando as dificuldades inerentes a este processo. Uma solução, na visão de KUNZ (1989), seria basear-se na "ação comunicativa" do processo de ensino, onde há uma formação especial de interação entre Educador e Educando, com uma práxis social. Por exemplo, propõe que os alunos aprendam: ... a ginástica em todas as suas formas historicamente determinadas e culturalmente construídas; o fantástico acervo de jogos que eles conhecem confrontados com os que não conhecem; a dança enquanto uma linguagem social que permite a transmissão de sentimentos e emoções da afetividade vivida nas esferas da religiosidade, do trabalho, dos costumes etc; o esporte como prática social que institucionaliza temas lúdicos da cultura corporal universal, e que se projeta numa dimensão complexa que envolve códigos, sentidos e significados da sociedade que o cria e pratica.

Muitos podem ser os motivos. Talvez o receio de mudar ocorra pela insegurança dos professores em relação a conteúdos que não dominam, e desta forma trabalham com o que possuem mais afinidade. Ou por acreditarem que a escola não possui nem espaço, nem material apropriado, ou ainda por acharem que os alunos não gostariam de aprender outros conteúdos. Os livros que descrevem os fundamentos esportivos, de ginástica, jogos ou danças precisam, sim, ser utilizados. Tais livros foram, de certa forma, deixados em segundo plano, quando se iniciou um novo tipo de discussão a respeito da Educação Física como disciplina acadêmica. Creio que o maior erro da Educação Física foi abandonar o que sabia fazer bem. Partiu-se para uma nova forma de compreensão do movimento humano, renegando, de certa forma, o conhecimento que já possuía. Precisamos encontrar um meio termo, que é o que já vêm tentando alguns autores.

Isto ocorre justamente pela associação Educação Física/Esporte, ou seja, o professor sempre imagina uma aula na quadra, com bolas oficiais, etc. Quando isto não existe na escola, ou quando a quadra não pode ser utilizada, a aula termina. Mesmo que o conteúdo a ser desenvolvido seja a ginástica, por exemplo, ou a dança, a aula é, via de regra, realizada na quadra. A escola acaba preocupando-se com a organização do espaço físico voltado aos padrões esportivos vigentes e adapta este espaço apenas com fins de competições esportivas. Assim, em escolas temos quadras, mas não salões de dança, por exemplo; os próprios professores acabam não sabendo fazer outra coisa a não ser utilizar as instalações esportivas (KUNZ, 1991). Espaços naturais e materiais não convencionais são esquecidos. É impossível, atualmente, negar aos alunos, nas aulas de Educação Física de 1º e 2º graus, o aprendizado de esportes. Mais do que isto, temos que aceitar que este é um fenômeno da cultura corporal de movimento e trabalhar adequadamente com ele. O que não podemos aceitar é que a forma como este conteúdo é transmitido não passe pela compreensão e transformação do aluno. Falta, portanto, construir uma nova forma didática de utilização dos esportes na escola que consiga delegar a este fenômeno a tão almejada educação pelo/através do esporte.

Apesar da importância deste tema, tentei empreender neste artigo uma outra discussão no sentido de questionar a pouca utilização de outras modalidades esportivas e outros conteúdos da Educação Física para que a mesma não continue sendo vista como o binômio Educação Física/Esporte e muito menos Educação Física/ "alguns esportes".

Vários motivos podem servir como explicação para o fato da não utilização de outros conteúdos. Tentei neste artigo discutir alguns deles sem, no entanto, entrar no mérito de condutas destas aulas, coisa que já vem sendo discutida, como já afirmei anteriormente. Certamente outros fatores, além dos que procurei discutir, podem estar intervindo na escolha dos conteúdos pelos professores de Educação Física. Cabe agora a estes professores tomar a decisão de questioná-las e mudar. Serão eles os atores reais que, efetivamente, dentro da escola, na quadra, no chão, permitirão tais mudanças. Suas condutas é que mudarão, ou não, os rumos da Educação Física, suas condutas é que proporcionarão, ou não, um crescimento contínuo da Educação Física.

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