Expansão Marítima Portuguesa: Novos Saberes e Experiencialismo

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Contribuições da Expansão Marítima Portuguesa para o Conhecimento

A expansão marítima proporcionou aos Portugueses uma atenta observação da Natureza.

Nos Roteiros e noutras obras sobre geografia física, humana e económica, os Portugueses descreveram com notável cuidado as informações da realidade observada. É o caso de D. João de Castro, cujos Roteiros contêm observações rigorosas sobre a hidrografia de baías e portos, a determinação de latitudes e o magnetismo terrestre.

A mesma análise realista e pormenorizada evidencia-se nas descrições de faunas e floras de África, Oriente e Brasil. Pela primeira vez, foram dados a conhecer animais como a girafa, o elefante e o rinoceronte, bem como frutos, alimentos e plantas como o ananás, a manga, o milho ou as drogas da Índia.

Na botânica e farmacopeia oriental, destaca-se Garcia da Orta, que escreveu os Colóquios. Nesta obra, ele critica os autores clássicos de farmacopeias, sobrepondo-lhes as suas opiniões baseadas na observação direta e na experiência, consideradas as únicas formas de se atingir a verdade.

O Caráter Experiencialista do Novo Saber

Ao negar ou corrigir os Antigos, os Portugueses ajudaram a construir um novo saber, um saber de experiência feito, que se designa por experiencialismo. Destaca-se o geógrafo e cosmógrafo Duarte Pacheco Pereira, autor da obra Esmeraldo de Situ Orbis, que nela conclui que “a experiência nos faz viver sem engano das abusões e fábulas.” Pedro Nunes, matemático e cosmógrafo, foi outro da mesma opinião e também prestou homenagem ao contributo das viagens transoceânicas dos Portugueses para o conhecimento da Terra, dos astros e dos povos.

Todavia, os novos conhecimentos derivados do experiencialismo resumiram-se a observações e descrições empíricas da Natureza.

Mas se o saber português dos séculos XV e XVI ainda não foi ciência, a verdade é que ele contribuiu para o exercício do espírito crítico que se encontra nas raízes do pensamento moderno.

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