Explorando a Ética: Felicidade, Prazer e o Conceito de Dever

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Felicidade e a Ética de Aristóteles

Considera que ser feliz é ser um homem no sentido mais pleno da palavra. Se há uma atividade que nos define como homens, ser feliz é o seu exercício.

O Objetivo Final

Toda atividade humana tem como objetivo um fim. Para Aristóteles, todas as atividades humanas tendem para um fim, e todos os fins, por sua vez, para um Fim Último. Segundo Aristóteles, a felicidade é o fim natural. A felicidade é: "Um bem perfeito, procurado por si e por mais ninguém." "Um bem suficiente, por si só, que já não se quer mais nada." O bem é alcançado com o exercício da atividade mais típica dos seres humanos. "O bem que é conseguido com uma atividade contínua."

A Vida Teórica

É aquela em que todos na comunidade têm um papel. As obrigações morais são realizá-lo bem e tentar adquirir as virtudes necessárias para ter sucesso. Aristóteles questiona se existe uma função do ser humano como tal, e se a felicidade e a virtude não seriam o mais perfeito. A inteligência teórica, que é a mais adequada para o homem, é desejada por si mesma e não o contrário, e pode ser exercida com continuidade, pois a satisfação é proporcionada no mesmo período. Por isso, Aristóteles considera que o exercício da atividade teórica e contemplativa é a felicidade.

Sabedoria Prática

Aquele que vive pelo seu intelecto prático, ou seja, que domina as suas paixões para alcançar a felicidade, é ajudado nesta tarefa pelas virtudes, que podem ser de dois tipos:

  1. Virtudes Dianoéticas (intelectuais) ou da inteligência.
  2. Virtudes Éticas ou do caráter (que requerem a política).

Aristotelismo

Tomás de Aquino sustenta a ética de Aristóteles. É essencial descobrir o objetivo final das ações humanas, que foi encontrado na vida contemplativa. No Tomismo, o fim do homem é procurado na teologia.

A Felicidade e o Prazer

Hedonismo

Epicuro de Samos é o fundador do epicurismo. Segundo ele, o que move os homens a agir para alcançar a felicidade é o prazer. A visão hedonista é moral, porque os homens buscam o prazer e fogem da dor. O intelecto moral é visto como uma calculadora.

Hedonismo Individualista: O Epicurismo

Busca do prazer, eliminação da dor, encontrar o nível máximo de prazer e a eliminação da dor. Funciona como uma inteligência calculista. Receita de felicidade: não ter medo da morte, dos deuses ou do destino; não ter qualquer desejo e dedicar tempo a filosofar.

Hedonismo Social: O Utilitarismo

Considera que os homens são dotados de sentimentos sociais, cuja satisfação é uma fonte de prazer. Estes sentimentos de simpatia contam. A simpatia leva-nos a estender os nossos desejos de felicidade aos outros. O objetivo moral é alcançar a maior felicidade (o maior prazer) para o maior número de seres vivos. Este princípio da moralidade é também um critério para a tomada de decisões racionais. Jeremy Bentham introduz uma aritmética dos prazeres que repousa sobre duas suposições:

  1. O prazer é suscetível de ser medido, porque todos os prazeres são iguais em qualidade.
  2. Os prazeres de indivíduos diferentes podem ser comparados uns com os outros para chegar a um total máximo de prazer.

John Stuart Mill rejeita estes pressupostos e afirma que os prazeres diferem não só em quantidade, mas também em qualidade.

Hedonismo Consumista

Acredita-se que ser feliz é consumir todos os produtos que proporcionam prazer sem limites ou cálculos. É imoral a partir da perspectiva do utilitarismo.

Duas Formas de Utilitarismo

  • Utilitarismo de Ato: A correção de todas as ações é avaliada pelas suas consequências.
  • Utilitarismo de Regra: Considera-se se a ação está sujeita a algumas regras e avalia-se a bondade moral das suas consequências.

O Dever: Uma Experiência Cotidiana

Tipos de Deveres

  • Legal ou Jurídico
  • Social
  • Religioso
  • Moral
  • Profissional

Deveres Positivos ou Imperfeitos

Ordenam que se execute uma determinada ação.

Deveres Negativos ou Perfeitos

São proibições. São claros e precisos.

O Dever na Tradição Kantiana

A Razão Prática

Estamos conscientes de que existem mandatos específicos que seguimos, e que nos fazem felizes ou não ao obedecer. A nossa própria razão é que nos dá leis sobre como nos comportar, e estas se expressam como comandos (imperativos). O que faz um homem agir de uma forma ou de outra é a sua vontade. Podemos distinguir três tipos de regras:

  • Máxima: Regras que são válidas para mim.
  • Imperativo Hipotético: Mandato condicionado ("Se queres X, deves fazer Y"). Está sujeito a não se estar disposto a atender ao fim. É a posteriori. É um interesse materialista do homem ético, utilizado como meio.
  • Imperativo Categórico: O dever. A moralidade deve ser um conjunto de regras obrigatórias para todos os indivíduos e todas as situações. É uma ética formal e altruísta. É a priori. Não usa o homem como meio para um fim.

Autonomia e Dignidade Humana

Autonomia significa ser guiado por critérios próprios, não se deixar levar pelos desejos, e não depender de outros critérios. É a priori e não egoísta. Os seres humanos não têm preço, têm dignidade. São merecedores de todo o respeito.

A Tradição Dialógica

Regras do Discurso

  1. Qualquer sujeito capaz de fala e ação pode participar no discurso.
  2. Qualquer um pode problematizar qualquer afirmação.
  3. Qualquer pessoa pode inserir qualquer informação no discurso.
  4. Qualquer um pode expressar suas posições, desejos e necessidades.
  5. Ninguém pode ser impedido de fazer valer os seus direitos, estabelecidos nas regras acima, por coação interna ou externa ao discurso.

Dignidade

Vem da capacidade de considerar que os outros podem e devem participar no discurso.

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