Fabaceae e Mimosa: Características, Usos e Propriedades
Classificado em Medicina e Ciências da Saúde
Escrito em em português com um tamanho de 6,7 KB.
Família Fabaceae (Leguminosae)
É a terceira maior família de angiospermas, com 727 gêneros e cerca de 20.000 espécies. Apresenta ampla distribuição geográfica e encontra-se em todos os continentes, exceto a Antártida, com variação de pequenas ervas transitórias e anuais até árvores de grande porte. No Brasil, essa família se encontra amplamente representada, com cerca de 3200 espécies, distribuídas em 176 gêneros, sendo considerada uma das famílias de maior diversidade nos biomas brasileiros. Muitas dessas espécies são características de locais abertos e degradados, sendo, portanto, bem adaptadas a condições precárias. Fabaceae está constituída por três subfamílias (Caesalpinioideae, Mimosoideae e Papilionoideae ou Faboideae). Papilionoideae é a maior das três subfamílias, apresenta cerca de dois terços de todos os gêneros e espécies da família e encontra-se, preferencialmente, em regiões temperadas. A maior parte das espécies que a constitui é herbácea. Caesalpinioideae e Mimosoideae compõem-se, em sua maioria, por árvores e arbustos tropicais ou subtropicais. Na classificação de Cronquist (1981), essas três subfamílias são reconhecidas como três famílias distintas (Caesalpiniaceae, Mimosaceae e Fabaceae). A associação com bactérias fixadoras de nitrogênio, que vivem em nódulos de suas raízes, possibilita as leguminosas colonizarem ambientes carentes desse elemento e guardarem, em suas sementes, uma maior quantidade de compostos nitrogenados.
Fabaceae apresenta uma variedade de constituintes ativos, aos quais se atribuem relevantes atividades farmacológicas. Em pesquisas realizadas, alcalóides, flavonóides, taninos e terpenóides foram identificados em plantas dessa família (SOUTHON, 1994; SILVA; CECHINEL FILHO, 2002; RIJKE et al., 2004; VIEGAS JÚNIOR et al., 2006). Espécies de Fabaceae são utilizadas na alimentação humana, cujas sementes, ricas em proteínas, proporcionam ao homem um recurso alimentar altamente nutritivo. Entre elas citam-se o Cicer arietinum L. (grão-de-bico), Glycine Max L. (soja), Lens culinaris Medik (lentilha), Pisum sativum L. (ervilha) e Phaseolus vulgaris L. (feijão comum) (INTERNATIONAL LEGUME DATABASE & INFORMATION SERVICE, 2011); outras são usadas na alimentação animal, por exemplo, Amburana cearensis (Fr. Allem.) A. C. Smith (imburana-de-cheiro), Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan (angico), Mimosa ophthalmocentra Mart. Ex Benth. (jurema-branca), Senna obtusifolia (L.) H. S. Irwin & Barneby (mata-pasto-liso) e Senna spectabilis (DC.) H. S. Irwin & Barneby (canafístula). Algumas árvores leguminosas produzem resinas utilizadas em vernizes, tintas e lacas, por exemplo, Copaifera, outras são fonte de corantes, Indigofera (INTERNATIONAL LEGUME DATABASE & INFORMATION SERVICE, 2011; SMITH et al., 2004). Entre os diversos usos são citados, ainda, na medicina popular, como exemplos, Bauhinia forficata Link. (mororó, pata-de-vaca), Bowdichia virgilioides Kunth. (sucupira), Caesalpinia echinata Lam. (pau-brasil), Dioclea grandiflora Mart. ex Benth. (mucunã) e Erythrina velutina Willd. (mulungu), (AGRA; FREITAS; BARBOSA-FILHO, 2007; ALBUQUERQUE et al., 2007, AGRA et al., 2008). Pesquisas realizadas fazem referência a atividades analgésica (ALMEIDA et al., 2003; MELO et al., 2007; OLIVEIRA et al., 2009), antimicrobiana e antiinflamatória (SILVA; CECHINEL FILHO, 2002; VIEGAS JÚNIOR et al., 2006; SILVA et al., 2010) de plantas dessa família, o que contribui para ratificar o uso medicinal popular de espécies que compõem esse táxon.
Gênero Mimosa
Mimosa constitui um dos gêneros da subfamília Mimosoideae, com cerca de 490 a 510 espécies, distribuídas em regiões tropicais e subtropicais da América; encontra-se no Brasil, México, Paraguai, Uruguai e Argentina (BARNEBY, 1991; QUEIROZ, 2009). No Brasil, entre as leguminosas, esse gênero é o que apresenta maior variedade na Caatinga. A principal característica do gênero é o fruto do tipo craspédio, com valvas que se destacam inteiras do replo ou segmentadas em artículos monospérmicos. Suas flores são isostêmones ou diplostêmones, com anteras sem glândulas apicais. Apresentam ou não nectários foliares. Muitas de suas espécies são usadas na medicina popular, entre elas, Mimosa acutistipula (Mart.) Benth. (sedativa, antidiarréica), Mimosa arenosa (Willd.) Poir. (antiinflamatória), Mimosa caesalpiniifolia Benth. (expectorante), Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Benth. (contra bronquite e tosse) e Mimosa verrucosa Benth. (sedativa, narcótica) (AGRA; FREITAS; BARBOSA FILHO, 2007; ALBUQUERQUE et al., 2007; AGRA et al., 2008). Pesquisas fitoquímicas revelaram a presença de grupos de metabólitos secundários, de importância farmacológica, em representantes desse gênero, entre os quais, alcalóides, flavonóides, saponósidos e taninos em Mimosa pudica L. e Mimosa scabrella Bentham (FABROWISKI et al., 2002; GANDHIRAJA et al., 2009; PANDE; PATHAK, 2010); isolamento de alcalóides triptamínicos em Mimosa scabrella Bentham e Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Benth. (MORAES; ALVARENGA; FERREIRA, 1990; BATISTA et al., 1999); esteróides (β-sitosterol, estigmasterol), flavanona e ácido р-cumaríco em Mimosa paraibana Barneby (NUNES et al., 2008).
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.
Planta típica de áreas submetidas a secas periódicas, M. tenuiflora é um arbusto ou arvoreta com 2,5 a 5 m de altura, de copa aberta, de ramos novos com pelos viscosos, esparsamente aculeados; caule ereto ou levemente inclinado, revestido por casca de cor castanho-escuro, rugosa, fendida longitudinalmente; folhas compostas, alternas, bipinadas; flores reunidas em inflorescências com forma de espiga, de cor branca a creme; fruto vagem tardiamente deiscente, que quando maduro se parte em pequenos pedaços (fruto tipo craspédio); sementes ovóides, de cor castanha a marrom. (COSTA et al., 2002; LORENZI, 2002; QUEIROZ, 2009) Essa espécie é encontrada no Brasil, Venezuela, Colômbia, México, Honduras, El Salvador e Panamá (TROPICOS.ORG, 2011). É usada como forrageira; para pequenas construções; como lenha e obtenção de carvão (COSTA et al., 2002; LORENZI, 2002). Por sua riqueza em constituintes, que lhe conferem propriedades terapêuticas, M. tenuiflora é utilizada na medicina tradicional no tratamento de acne, queimaduras, inflamações, úlceras externas, entre outros (MAIA, 2004; ALMEIDA et al., 2006; AGRA; FREITAS; BARBOSAFILHO, 2007; AGRA et al., 2008).