Farmácia Magistral: Da Prescrição à Formulação e Controle de Qualidade

Classificado em Química

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Avaliação Farmacêutica, Dispensação e Rótulos

Receita Médica

Passo 1: Leitura e Interpretação do Receituário

  • Ler, interpretar e processar o receituário.

Dificuldades no Recebimento da Receita

  • Letra do prescritor.
  • Matéria-prima e dosagem.
  • Substâncias sujeitas a controle especial (Portaria 344/98: Lista A, Lista B, Lista C).
  • Forma da substância.
  • Tamanho da cápsula.
  • Validade das preparações.

Orientações ao Paciente

Como tomar os medicamentos? Ex: Cápsulas de alendronato sódico. Tomar com água ou leite? Por que alguns líquidos devem ser agitados antes de tomar?

Técnica de Dispensação Farmacêutica

Passo 2: Processos Essenciais

  • Ficha de Pesagem.
  • Envio da receita e da ficha de pesagem ao laboratório.
  • Conferência.
  • Registro das formulações.
  • Registro de produtos da Portaria 344/98.

Modelo de Rótulo

Informações essenciais:

  • Dados do paciente.
  • Composição.
  • Posologia.
  • Dados do médico.
  • Quantidade de medicamento.
  • Endereço da farmácia.
  • Cadastro do paciente.
  • Tipo de uso.
  • CNPJ da farmácia.
  • Data de fabricação e validade.
  • Dados do farmacêutico.
  • Nome e telefone da farmácia.

Benefícios do Medicamento Manipulado

  • Facilidade posológica.
  • Possibilidade de escolha da forma farmacêutica.
  • Possibilidade de resgate de medicamentos.
  • Economia.
  • Personalização da terapêutica.
  • A Tríade da Saúde.

Biofarmácia: Biodisponibilidade e Farmacocinética

Estudo dos fatores físico-químicos que influenciam a biodisponibilidade de um fármaco no homem e o emprego desta informação para otimizar a atividade farmacológica ou terapêutica das formas farmacêuticas.

Fases da Administração e Ação do Fármaco

  • Fase Farmacêutica: Fármaco disponível para absorção.
  • Fase Farmacotécnica: Fármaco disponível para ação.
  • Fase Farmacodinâmica: Efeito farmacológico (terapêutico/tóxico).

Conceitos Chave em Biofarmácia

  • Biodisponibilidade.
  • Bioequivalência.
  • Medicamentos Genéricos (Brasil).
  • Equivalentes Farmacêuticos.
  • Equivalentes Terapêuticos.
  • Alternativas Farmacêuticas.

Fatores que Afetam a Biodisponibilidade

  • Universais.
  • Relacionados ao Fármaco e à Forma Farmacêutica (Biofarmacêuticos):
    • Vias de administração.
    • Forma farmacêutica.
  • Relacionados ao Paciente (Farmacocinéticos):
    • Fatores genéticos.
    • Sexo.
    • Idade.
    • Perfil individual.

Vias de Administração

  • Enteral: Oral, Sublingual, Retal.
  • Parenteral:
    • Diretas: Endovenosa, Intramuscular, Subcutânea, Intradérmica, etc.
    • Indiretas: Cutânea, Respiratória, Conjuntival, Geniturinária, Intracanal.

Forma Farmacêutica e Absorção

A velocidade de absorção no Trato Gastrointestinal (TGI) varia:

  • Soluções.
  • Suspensões.
  • Cápsulas.
  • Comprimidos.
  • Drágeas.

Etapa Biofarmacêutica

Forma Farmacêutica (F.F.) → Desintegração → Dissolução → Fármaco em solução → Absorção → Fármaco na corrente sanguínea.

Fatores que Influenciam a Velocidade de Dissolução

  • Propriedades do solvente (meio de dissolução).
  • Propriedades do fármaco.
  • Liberação a partir da forma farmacêutica (Fatores fisiológicos, Características FQ dos fármacos, Forma farmacêutica).

Propriedades Físico-Químicas dos Fármacos

  • pKa e o perfil de pH.
  • Estado de ionização da molécula.
  • Tamanho da partícula.
  • Polimorfismo.
  • Coeficiente de partição.
  • Interação com excipiente.

Fatores Farmacocinéticos

Os principais processos farmacocinéticos são:

  • Absorção.
  • Distribuição.
  • Biotransformação.
  • Eliminação.

Absorção

Diversos fatores podem influenciar a velocidade e a extensão da absorção:

  • Barreira gastrintestinal.
  • pH gastrintestinal.
  • Mobilidade e esvaziamento gastrintestinal.
  • Biotransformação pré-sistêmica.
  • Fluxo sanguíneo.
  • Instabilidade do fármaco no trato gastrintestinal.
  • Interações e complexação do fármaco.
  • Má absorção.

Distribuição

A distribuição do fármaco no organismo depende de:

  • Ligação às proteínas plasmáticas.
  • Distribuição na gordura corpórea.

Biotransformação

Ocorre principalmente no fígado e pode ser influenciada por:

  • Lipossolubilidade.
  • Co-administração de fármacos.
  • Fluxo sanguíneo hepático.
  • Indução enzimática.
  • Ingestão de álcool.

Excreção

A maioria dos fármacos é excretada por via renal ou biliar:

  • Circulação entero-hepática.
  • Lipossolubilidade.
  • pH urinário.

Parâmetros Farmacocinéticos e Biodisponibilidade

  • Cmax: Concentração plasmática máxima que o fármaco atinge após a administração; relaciona-se à velocidade de absorção.
  • Tmax: Tempo de pico de concentração máxima; relaciona-se à velocidade de absorção.
  • ASC: Área sob a curva concentração x tempo; relaciona-se à extensão da absorção.

Água para Uso Farmacêutico

Formas Farmacêuticas que Utilizam Água

  • Injetáveis.
  • Colírios.
  • Soluções otológicas.
  • Soluções nasais.
  • Xaropes.
  • Suspensões.
  • Elixir.
  • Emulsão.
  • Gel.

Qualidades Físico-Químicas e Microbiológicas

Seleção, instalação, validação e operação de sistemas de purificação.

Armazenagem e Distribuição

Água In Natura

Características e impurezas:

  • Natureza.
  • Sais.
  • Microrganismos.
  • Gases.
  • Partículas de pó e outras impurezas.
  • Sais de cálcio = dureza da água.
  • Água dura: 10 mg CaCO3 / litro.
  • Íons ferro: complexação e inativação de fármacos.

RDC 67 e Tipos de Água

Água Potável

  • Água da rede pública.
  • Imprópria para uso farmacêutico.
  • Caixa d'água própria: evitar a entrada de animais e outros contaminantes, procedimentos escritos para a limpeza, registros que comprovem sua realização.

Água Purificada

  • Obtida a partir da água potável.
  • Limpeza e manutenção do sistema de purificação da água (com registros).
  • Testes físico-químicos e microbiológicos.
  • POP (Procedimento Operacional Padrão) para coleta e amostragem da água.
  • Armazenagem (24 horas).
  • Sanitização dos recipientes.
  • Destilação remove microrganismos.
  • Deionização remove íons.

Água Deionizada

  • Processo de troca iônica (H+ e OH-).
  • Coluna de resinas sintéticas.
  • Água quimicamente pura.
  • Menor custo que a destilação (a frio).
  • Problemas: Controle rigoroso da saturação da resina, contaminação microbiana da resina.

Sistema de Osmose Reversa

  • Retenção de macromoléculas até pequenos íons (85%), como sódio, cloreto, vírus, bactérias.

Características da Água Purificada

  • Líquido límpido e transparente, inodoro.
  • Obtida por destilação, troca iônica ou osmose reversa.
  • Não deve ser utilizada em preparações parenterais.

Soluções Farmacêuticas

Vantagens das Soluções

  • Perfeita homogeneidade.
  • Facilidade de administração.
  • Flexibilidade de dosagem.
  • Rápida absorção.
  • Menor efeito irritante dos fármacos.

Desvantagens das Soluções

  • Elevada instabilidade.
  • Dificuldade de mascarar odor e sabor.
  • Maior possibilidade de contaminação.
  • Maior cuidado com o acondicionamento e transporte.

Tipos de Soluções

Soluções Simples ou Verdadeiras

Dissolução completa de composição homogênea em um solvente.

Soluções Extrativas

Dissolução parcial de uma droga de composição heterogênea. Dissolução somente de alguns constituintes, a maior parte da droga não se dissolve. Exemplos: Tinturas, extratos.

Requisitos e Qualidades dos Solventes

  • Desprovidos de toxicidade.
  • Baixo potencial de irritação nas mucosas.
  • Inertes fisiologicamente.
  • Compatíveis com fármacos e adjuvantes.
  • Permitir completa dissolução dos fármacos e adjuvantes.

Principais Solventes Utilizados

Água

  • Vantagens: Solvente mais usado, grande capacidade de dissolução, constituinte natural dos tecidos, inerte fisiologicamente, custo relativamente baixo.
  • Desvantagens: Facilidade de contaminação microbiana, instabilidade química (hidrólise, oxidação).

Acetona

  • Raramente utilizada.
  • Preparações de uso externo.

Álcoois

  • Monoálcoois:
    • Álcool Benzílico: Bacteriostático, uso limitado, ação anestésica local (usado em soluções injetáveis oleosas).
    • Álcool Etílico: (Álcool de cereais, mais suave) Mais usado depois da água, bactericida, estabilidade química e biológica.
    • Álcool Isopropílico: Pouco usado no Brasil, custo mais elevado, maior poder antimicrobiano, uso externo.
  • Poliálcoois: Excelentes solventes de muitos fármacos, uso interno e externo.

Propilenoglicol

  • Líquido viscoso, miscível com etanol e água.
  • Substituição da glicerina.
  • Fisiologicamente inativo.
  • Dissolução de compostos hidrolisáveis (AAS, fenobarbital).

Glicerina

  • Líquido viscoso, transparente e doce.
  • Edulcorante e solvente.
  • Miscível em etanol.
  • Dificuldade de dissolução pela viscosidade.
  • Uso interno e externo.

Óleos

  • Uso interno e externo.
  • Dissolução de fármacos apolares (óleos essenciais, iodo, vitaminas).
  • Rancificação.

Sistemas de Miscibilidade

Sistemas Completamente Miscíveis

Natureza dos líquidos. Ex: Água e glicerina, água e álcool, glicerina e álcool, álcool com acetona.

Sistemas Parcialmente Miscíveis

Duas camadas distintas. Ex: Água e éter.

Solubilidade de Substâncias em Misturas

  • Substância solúvel em apenas um dos componentes ou mais solúvel em um deles: Diminui a solubilidade mútua.
  • Substância solúvel nos dois líquidos: Maior solubilidade mútua.

Agentes Corretivos ou Adjuvantes

Agentes Corretivos de pH

Qualquer substância que permite a máxima solubilidade em uma faixa de pH definida. Ex: Cetoconazol.

Tampões

  • Mantêm o pH da solução.
  • Compatíveis com os componentes.
  • Baixa toxicidade.
  • Ex: Carbonatos, citratos, fosfatos.

Agentes Anti-Hidrolíticos

Redução do potencial de hidrólise, substituição parcial de água por solvente aquoso (glicerina, propilenoglicol).

Agentes Solubilizantes

Permitem a dissolução de substâncias pouco solúveis em água.

Mecanismos de Solubilização:
  1. Formação de complexos moleculares hidrossolúveis. Ex: Dissolução da cafeína pelo benzoato ou salicilato de sódio.

Agentes Quelantes

  • Complexação de íons metálicos.
  • Catálise das reações de oxidação.
  • Potencializam a ação dos conservantes antimicrobianos.
  • Ex: EDTA Na2.

Agentes Corretivos de Cor (Corantes)

  • Sem relação com as propriedades terapêuticas.
  • Boa aceitação do produto.
  • Soluções incolores não são bem aceitas pelos pacientes.
  • Ex: Menta = verde; Laranja = alaranjado; Morango = vermelho.

Acondicionamento

  • Frascos de vidro âmbar.
  • PET âmbar.
  • Frascos plásticos.

Controle de Qualidade de Soluções

  • Aspectos Organolépticos: Volume, Viscosidade, pH, Densidade, Limpidez.
  • Teor de Ativos: (UV, Cromatógrafo gasoso, CLAE, Titulação).

Tipos de Preparação de Soluções

  • Colírios.
  • Enemas.
  • Produtos parenterais.
  • Soluções otológicas, auriculares, oftálmicas, cavitárias, nasais.
  • Colutórios.
  • Xaropes.
  • Elixires.

Manipulação de Soluções

Técnicas de Preparação

  • Dissolução Simples.
  • Dispersão.
  • Surfactantes.

Formas do Fármaco e Solubilidade

  • Fármaco hidrossolúvel.
  • Fármaco solúvel em mistura de solventes.
  • Fármaco insolúvel.
  • Fármaco oleoso.

Diretrizes para a Seleção do Solvente

  • Compostos com constante dielétrica solúveis em água. Ex: Álcoois.
  • Álcoois monohidroxilados (+ 5 carbonos), polaridade insolúveis em água.
  • Álcoois polihidroxilados (PM solúveis).
  • Açúcares solúveis em água.

Corretivos e Corantes

Considerações sobre o uso de agentes corretivos e corantes na manipulação de soluções.

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