Farmacocinética: Absorção, Distribuição e Barreiras Biológicas

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Farmacocinética: Movimento e Ação dos Medicamentos

  • Estudo do movimento do medicamento no interior do organismo.
  • Processos chave: Absorção, Distribuição, Biotransformação e Excreção.
  • Para ter efeito farmacológico, o medicamento deve passar por:
    • Dissolução da forma farmacêutica →
    • Atravessar as barreiras celulares →
    • Atingir o local de ação (biofase).

Absorção de Medicamentos: pH e Ionização

A entrada de uma substância externa, sem lesão, até chegar ao sangue é crucial para a sua ação.

  • Medicamentos são ácidos ou bases fracas, e em solução aquosa, são parcialmente ionizados.
  • Uma parte possui carga (dissociada), e outra parte não possui carga (não ionizada).
  • A proporção entre a porção ionizada e a porção não ionizada depende do pH do meio e da constante de dissociação (pKa) do medicamento.
  • Essa relação é definida pela equação de Henderson-Hasselbalch, que também define o pKa de um medicamento.
  • Quando [Ionizado] = [Não Ionizado], então pKa = pH.
  • Alterações no pH do meio resultam em alterações na concentração das formas ionizada e não ionizada.

A parte não ionizada (apolar) é lipossolúvel e, portanto, mais facilmente absorvida. A carga da molécula influencia diretamente a velocidade de absorção.

  • Ácido fraco:
    • pH < pKa = [Não Ionizado] > [Ionizado]
    • pH > pKa = [Não Ionizado] < [Ionizado]
  • Base fraca:
    • pH < pKa = [Não Ionizado] < [Ionizado]
    • pH > pKa = [Não Ionizado] > [Ionizado]

Passagem de Medicamentos por Membranas Biológicas

Transporte Passivo: Difusão e Filtração

  • A passagem por processo passivo é a mais comum.
  • Difusão simples ou passiva:
    • Ocorre a favor do gradiente de concentração (do mais concentrado para o menos concentrado).
    • Ideal para moléculas apolares e com tamanho compatível com a membrana celular.
  • Filtração:
    • Passagem de pequenas moléculas hidrossolúveis (polares ou apolares) através de canais na membrana celular.
    • Exemplos incluem a passagem em endotélios vasculares e intestinais.

Transporte Mediado por Carreador

  • Envolve componentes da membrana celular que transportam moléculas ou íons para o interior celular.
  • Características:
    • São saturáveis.
    • Possuem especificidade pelo medicamento.
    • Podem ser inibidos por hormônios.
    • Podem ocorrer com ou sem gasto de energia.
Difusão Facilitada
  • Não há gasto de energia.
  • Respeita o gradiente de concentração.
  • É mais rápida que a difusão simples.
  • Exemplo: Entrada da glicose nas células.
Transporte Ativo
  • Movido contra o gradiente de concentração, exigindo gasto de energia.
  • A energia é proveniente da hidrólise do ATP ou de outras ligações ricas em energia.
  • Possui alto grau de especificidade química.
Pinocitose e Fagocitose
  • A membrana celular faz uma invaginação, formando vesículas no interior celular.
  • Há gasto de energia.
  • Não possuem especificidade pelo medicamento.

Barreiras Biológicas e Absorção de Medicamentos

Mucosa Gastrointestinal e Outras Barreiras Epiteliais

  • As células são justapostas, exigindo que a substância química se difunda pelo interior celular.
  • Favorece a absorção de substâncias solúveis na membrana (lipossolúveis).
  • Outras barreiras epiteliais incluem a pele, córnea e bexiga.

Barreira Hematoencefálica (BHE)

  • No Sistema Nervoso Central (SNC), as paredes dos capilares são contínuas, com poucas vesículas de pinocitose e células endoteliais justapostas.
  • Impede a entrada de macromoléculas e substâncias polares no cérebro.

Barreira Hematotesticular

  • Formada pelas células de Sertoli, que são altamente justapostas.
  • Funções: Nutrição das células germinativas, liberação de espermatozoides nos túbulos seminíferos.
  • Mantém alta a concentração de testosterona nos túbulos.
  • Impede a chegada do sistema imune aos túbulos seminíferos.
  • Moléculas apolares podem passar por difusão ou transporte ativo.

Barreira Placentária e Transferência de Medicamentos

A barreira placentária permite uma intensa troca materno-fetal.

Tipos de Placenta e Permeabilidade

A placenta difere pela intensidade de penetração dos vilos coriônicos, variando entre as espécies:

  • Placenta Epicorial:
    • Presente em ruminantes, suínos e equinos.
    • O vilo penetra o endométrio sem destruição uterina.
    • O epitélio coriônico e a mucosa uterina estão lado a lado.
    • Possui uma espessa camada tissular que impede a passagem de anticorpos maternos.
  • Placenta Endoteliocorial:
    • Encontrada em carnívoros.
    • A penetração dos vilos ocorre com ampla dissolução da mucosa uterina.
    • O epitélio coriônico está junto com os vasos da mucosa uterina.
  • Placenta Hemocorial:
    • Característica de primatas e roedores.
    • Há intensa destruição da mucosa uterina para a penetração dos vilos.

Passagem de Medicamentos pela Placenta

  • Medicamentos apolares e de baixo peso molecular geralmente passam por difusão simples.
  • Moléculas maiores podem utilizar difusão facilitada, transporte ativo ou pinocitose.
  • Fetos são mais sensíveis a medicamentos, necessitando de menores doses tóxicas.
  • É fundamental avaliar o risco/benefício do uso de qualquer medicamento durante a gravidez.

Barreiras Capilares e Permeabilidade

Tipos de Capilares

  • Capilar Contínuo (com junções intercelulares):
    • A grande maioria dos capilares no organismo.
    • Possuem zonas frouxas (fendas intercelulares) entre as células, permitindo que substâncias não ligadas a proteínas plasmáticas saiam facilmente para o meio extracelular.
  • Capilares Fenestrados:
    • Presentes em órgãos excretores (ex: rins) e endócrinos.
    • Possuem"janela" (fenestrações) entre as células, facilitando a passagem de substâncias não ligadas a proteínas plasmáticas.
  • Capilar Sinusoide (com bloqueio completo/descontínuo):
    • Caracterizados por células justapostas com grandes lacunas ou descontinuidades.
    • A passagem de substâncias ocorre principalmente pelo interior celular ou através das grandes lacunas.
    • Encontrados em órgãos como fígado, baço e medula óssea.

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